Férias é sempre aquela época do ano em que o céu é mais azul, a brisa quente tem cheiro de liberdade e diversão, as manhãs são sempre mais longas, cheia de compromissos não obrigatórios de escola ou faculdade e doces. Eu sempre senti as férias como o momento que eu poderia acordar e dormir mais tarde, sair para bagunçar ou passar o dia inteiro com o Mason. Depois que eu vim para a Rússia, férias era significado de tédio, calor extremo, nada para fazer e, ao mesmo tempo, passar todos os dias tentando escrever o máximo que eu pudesse para o jornal do Hans e rezar para conseguir um dinheiro extra no final do mês. Isso mudou quando eu conheci a família Belikov, afinal, foi Olena quem me ofereceu o emprego. E depois meu relacionamento com Dimitri, férias significava ter sexo todos os dias da semana. Religiosamente, toda manhã e noite. Acordar bem humorada, trabalhar alguns dias da semana, ir para a praia e descansar o máximo possível. Mesmo com a visita da minha mãe no meio tempo.
Esse ano, nós quem tínhamos ido visitá-la e o meu conceito de férias boas foram por água abaixo. As duas primeiras semanas foram duras e depois daquele voo maldito, Dimitri e eu estávamos quase em choque, tanto que passamos a noite em Omsk para nos recuperar e voltar para Baia. Nunca tinha estado em um voo tão difícil. Juro que por muitas vezes, achei que nós fôssemos morrer. Dimitri tentou ficar forte por mim, mas nós trocamos vários olhares de despedida e amor. Por Deus, eu acho que só não chorei o voo inteiro, porque eu estava apavorada demais para fazer qualquer coisa. Isso me fez ver a vida com outros olhos também e eu estava determinada em incomodar a minha mãe todos os dias até que ela cedesse em vir ficar conosco. Eu precisava dela por perto. Em partes também porque, eu não sabia se seria capaz de enfrentar mais um voo daqueles.
De tudo, eu queria muito aproveitar a vida, essa segunda chance que nós estávamos, provavelmente, recebendo. No entanto, eu precisava repor a minha reserva que tinha sido esvaziada para pagar a minha passagem aérea até Montana. Então, essas férias foi sinônimo de trabalhar, descansar quando era possível e namorar muito. Trabalhar estava atrapalhando todo o resto, no entanto. Ivan ter tirado férias do Brew's proporcionou que nós enchêssemos todos os dias da semana com compromissos. De domingos nós íamos para o bar da Sonya, às terças e quintas nós íamos para a Datcha, às sextas-feiras nós íamos para a piscina e segunda e quarta tínhamos ensaios. Sem mencionar o meu trabalho no Vkus aos sábados. Resumindo, agenda cheia e exaustão.
Quando chegamos na terceira semana nesse ritmo louco e quase às vésperas das férias acabarem, eu estava definitivamente morta, destruída, exausta. Por estar trabalhando tanto, eu precisei fazer um acompanhamento e tratamento semanal com uma fonoaudióloga e uma professora de canto do antigo conservatório do Eddie. Era isso ou ficar rouca no meio da semana e quem sabe o que pior poderia acontecer no futuro. Tinha sido uma indicação de um otorrinolaringologista que eu visitei quando a rouquidão começou a me atrapalhar e incomodar já no final da nossa primeira semana de trabalho. A merda é que isso tinha sacrificado o resto do tempo livre que eu tinha. Afinal, eu ia para as consultas com a fonoaudióloga nas segundas-feira de manhã e a aula de canto logo depois. Eu só tinha tempo de correr para almoçar no shopping e depois correr para a casa do Eddie para nós ensaiarmos.
O bom de toda a loucura, é que nós havíamos conseguido faturar um bom dinheiro. Praticamente, o triplo do que havíamos recebido no ano anterior. Eu prometi para os meninos que, se caso, o meu próximo semestre da faculdade não for tão louco, nós poderíamos continuar com os shows no bar da Sonya até meados de novembro quando o verão, definitivamente, acabaria. Eddie queria bolar algo para que nós pudéssemos fazer durante o inverno também, mas eu não tinha mais do que duas semanas de férias antes do semestre seguinte começar. Isso, no entanto, não me impediu que eu concordasse que, se ele tivesse um plano praticável, nós poderíamos considerar.
De toda essa história, a única pessoa que não deu conta de acompanhar a nossa loucura foi a Vika. Era claro que ela não conseguiria montar o meu guarda-roupa para os cinco dias de apresentações – mais para vinte dias, isso sim –, mas isso não impediu que ela, ao menos tentasse. Minha cunhada deveria trabalhar com isso. Ela estava perdendo tempo naquela faculdade de administração, enquanto poderia, muito bem, ser uma estilista super renomada. Ela devia estava praticando sua carreira ao administrar o meu armário e montar a combinação de roupas que eu deveria usar ao longo da semana. Tudo o que eu fiz foi me sentar e assistir o quão pálido Dimitri ficou em ver que sua irmã pretendia me colocar apenas de biquini para me apresentar nas datchas e na piscina. Seria o lógico – e confortável – pelo lugar. Quando eu não falei nada sobre, Dimitri parecia que ia desmaiar de horror. Não prolonguei muito o sofrimento dele, no entanto, e coloquei algum juízo na cabeça da minha cunhada, negando que aquele fosse o melhor plano para eu passar as próximas semanas vestida.
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Love on the Brain
FanfictionRose era apenas uma imigrante misteriosa sentada, diariamente, na mesma mesa do café com sua bebida fumegante à esfriar. O único pedido do dia que durava, no mínimo, 6 horas. Seu rosto sereno enquanto digitava no computador e no final da tarde, abri...