— Ei, o que você está fazendo?
A minha cunhada – imagina qual? – arranjou um novo emprego nas últimas quinze semanas de "fiscal do que a Rose não deve e nem pode fazer". Desde que eu contara sobre o início turbulento da gravidez, a chance do parto prematuro ainda não ser totalmente excluído e as crises intermináveis de vômito e nausea, Vika tinha incorporado esse papel. Ela conseguia ser mais chata que o Dimitri algumas vezes. Claro que quando ele vinha com o comentário de "você está grávida, não pode fazer isso", um olhar enfezado era mais do que suficiente para calá-lo. A minha cunhada? Não tinha briga nesse universo que fizesse ela desistir. Ela tinha puxado a velha maluca da avó dela.
Era inacreditável!
Quando eu achei que ia me livrar da velha, ganhei a Vika de bônus. Eu tenho certeza que elas fizeram um acordo secreto de rotatividade de quem ia me privar mais de fazer as coisas. Eu estava esperando pela Sônia e a Karol começarem também. Eu duvidava, no entanto. Elas já tinham sido mãe e sabiam que aquilo estava sendo um exagero. Bem, ao menos, Sonya ainda não havia falado nada quando o Eddie confirmou por nós todos que os shows anuais do dia do Trabalhador e o dia da Vitória ainda estavam de pé. Eu estaria entre trinta e quatro e trinta e cinco semanas. O evento todo estava confirmado até então com a minha presença, mas se o bebê decidisse vir antes, então eles seguiriam sem mim. E se caso o bebê decidisse vir depois, eu ia conseguir até fazer o primeiro show de férias.
— Eu já tentei. – Dimitri comentou com um falso ar de cansado. Não por causa do esforço, mas pela minha teimosia.
— Estou tentando ajudar, ok? – Bufei e puxei meus cabelos para trás para refazer meu rabo de cavalo.
— Seria muito mais rápido e seguro se você tirasse essa barriga enorme do caminho. – Ela riu e me deu uma mão para me ajudar a levantar. Era um exagero, eu tinha uma barriga discreta para quem estava nas vinte e oito semanas e seis dias de gestação. E se eu fosse esperta o suficiente, conseguia disfarçar a minha barriga com as roupas. — Além do mais, quem fala que não consegue lavar a louça não tem direito a tentar atrapalhar.
— Eu só queria fazer parte desse momento. – Murmurei e estiquei minha coluna. O bebê reclamou chutando tudo ao redor. Esses eram uns momentos que eu fazia questão de deixar a barriga aparecer. Eu faria qualquer coisa para me livrar da louça a ser lavada.
— Você pode fazer parte desse momento sentada ali no cantinho e dando pitaco em tudo o que Dimitri faz. – Ela me empurrou gentilmente para que eu saísse do caminho e, consequentemente, deixasse todo o trabalho para o meu Camarada. Eu tenho certeza de ter visto um aceno em agradecimento dele para a irmã. Eles são muito mole!
— O Nikolai nunca vai chegar com essas pizzas? – Dimitri reclamou.
Eu fiquei indecisa de qual olhar eu deveria lançar para ele. Se um irritado por subentender que eu estava incomodando ou um ansioso por saber que pizza estava prestes a chegar. Na verdade, eu ignorei os dois e fui ao banheiro. Já estava ficando cansativo fazer essa viagem a cada meia hora. Problemas de entrar no terceiro trimestre... Mais um, na verdade, porque dessa jornada toda, eu só tenho acumulado sintomas. As nauseas e vômitos eram meus amigos mais próximos, mesmo com o tratamento. O que me rendia exames quinzenais – e se fosse tudo bem, nada de internações para mim. Eu já tinha colecionado cinco delas até aqui. Desidratar e ficar anêmica é muito fácil quando você vomita praticamente tudo o que come – e idas periódicas ao dentista. Ao menos, a sensibilidade nos dentes estava controlada com as dicas de ouro da minha primeira consulta: bastante pasta para dentes sensíveis depois da escovação. Estava salvando a minha vida!
Uma coisa boa nisso tudo é que, depois que o montinho decidiu começar a crescer e fazer minha barriga crescer juntos, eu me esbaldei em cremes, loções corporais e óleos e estava livre das estrias. Bem, não vou dizer exatamente que eu me esbaldei, mas esse era o momento favorito da casa e nunca era procrastinado. Poderia estar acontecendo uma guerra lá fora, mas esse momento sempre existiria. Era uma rotina que fazia parte do nosso dia já e é simplesmente maravilhoso.
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Love on the Brain
FanfictionRose era apenas uma imigrante misteriosa sentada, diariamente, na mesma mesa do café com sua bebida fumegante à esfriar. O único pedido do dia que durava, no mínimo, 6 horas. Seu rosto sereno enquanto digitava no computador e no final da tarde, abri...