Capítulo 38

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POV Dimitri Belikov

Sabe qual é o problema em prometer cuidar de Rose Hathaway? É que ela, geralmente, não coopera e nem facilita. Não que ela não queira. Eu vejo a necessidade e desejo no olhar dela, em como seu corpo e mente se acalmam em me ter por perto, mas até chegar nesse ponto, ia muito esforço e tentativas. Até alguns olhares afiados de "eu não preciso disso, Camarada", embora ela nunca tenha verbalizado. E ainda que aquele olhar fizesse muitas pessoas tremerem, eu insistia. Valia a pena, no fim. Sempre valeria a pena o jeito com que ela deixa um beijo no meu rosto com um sorriso discreto e envergonhado, um sussurro em agradecimento. Como ela encaixa seu rosto no meu pescoço e se deixa ser cuidada pelo tempo que for necessário para acalmar os nossos corações.

Rose é o que eu digo ser "dura na queda". Ou talvez, ela só tenha receio de ser vulnerável. O que, para mim, é uma bobeira. Rose é a mulher mais forte, corajosa e guerreira que eu conheço. E não há vergonha nenhuma em se deixar abater. Eu assisti de perto a semana infernal que ela passou depois do acontecimento no bar da minha irmã e mesmo assim, ela não se deixou esmoecer tanto quanto esperávamos que aconteceria. Ela é incrível e vê-la, fazia-me querer enchê-la de beijos e também lutar ao seu lado. Rose transbordava força e segurança para todos, era lindo, mas os momentos que nós compartilhávamos... Em que podíamos ver a verdade no outro, que podíamos deixar aquela parte sensível emergir, era único.

Depois do que aconteceu no bar da minha irmã, Sonya, há algumas semanas atrás, eu prometi cuidar dela com toda a minha alma, não importava o quê. Eu não pensei duas vezes em concordar com o Abe em fazer o que ele quisesse com o filho da puta que tocou na minha pequena. Se existia alguém que saberia como fazer alguém se arrepender de ter nascido, esse alguém era o Abe. E eu queria que aquele escroto sofresse tudo o que ele tinha feito a Rose sofrer. Ela nunca soube exatamente o que tinha acontecido com o cara.

Nós tínhamos ido na delegacia na tarde seguinte do dia infeliz, não tinha como negar o que tinha acontecido com ela com as marcas roxas no pescoço. O problema era que, além das marcas no pescoço dela, também tinham as da nossa brincadeirinha de dias antes. Foi embaraçoso dizer à polícia e ao Abe o que tinha acontecido para ela ter ganhado as marcas nos pulsos e tornozelos. Rose me contara depois que, quando ela entrara para fazer os exames e fotos para anexar ao processo, além de uma policial, uma psicóloga foi chamada. Eles garantiram à ela que se eu a estivesse machucando, torturando, ou o que fosse, eles poderiam dar um jeito. Eles a protegeriam. Tudo o que ela precisava era pedir ajuda, dizer que queria que a polícia intervisse e eu seria preso no mesmo segundo.

Foi complicado, porque da mesma forma que queríamos ferrar com o filho da puta, aquilo poderia me ferrar também, mesmo que eu tivesse culpa nenhuma. Nós fizemos de tudo para garantir que um evento não estava conectado ao outro. Mesmo que eu tenha colocado minha mão no pescoço dela naquela noite, tinha tomado todo cuidado do mundo para não deixar marcas. Eu nem ao menos tinha apertado. Jamais machucaria a minha mulher e apenas a possibilidade disso, enojou-me. Minha consciência já pesava tanto pelos roxos nos pulsos e tornozelos dela que eu não me perdoaria se tivesse deixado em seu pescoço também. A merda era que a polícia não aceitou aquilo como eventos isolados. Nós estávamos em uma encruzilhada que só prejudicaria à mim e à ela. Ou porque eu tinha sido responsabilizado por todas as marcas, ou porque a minha morena era devassa. Eu nunca senti tanta raiva do sistema antes. Era injusto!

Eles alegaram que nós não conseguiríamos vencer o processo e corria um sério risco em eu acabar acusado e preso, já que nenhum dos dois "crimes" tinha testemunha. Não importava que o Pavel tivesse arrebentado a cara do filho da puta ou que a Mia tivesse visto o cara ser chutado para fora daquele banheiro. Ninguém tinha visto o ato em si acontecer, então qualquer um de nós dois poderia acabar sendo o culpado. Não importava nem que nós tivéssemos reunido testemunhas e várias fotos do show daquele dia, Rose estava com os cabelos soltos em todas elas e o microfone cobria a parte da frente de seu pescoço, logo, não era visível o suficiente. Na dúvida e com medo de que a decisão pelo culpado fosse eu, Rose escolhera não prestar queixa do filho da puta.

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