Capítulo 27

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Nós estávamos desanimados. Na verdade, eu estava cansada e desanimada. Eu tinha tirado três dias da semana para ensaiar com o Eddie antes do casamento da Lissa e algumas noites eu tive que ficar para o Ivan poder ensaiar conosco. Uma quarta pessoa tinha sido inserido no nosso grupo para tocar baixo, um rapaz chamado Jesse. Ele era um colega do conservatório do Eddie e, honestamente, ele me irritava com o flerte barato e a falta de noção, mas eu não podia negar que ele era bom no que fazia – que é tocar, os flertes eram horríveis –. Ele não precisou mais do que uma semana para ter as músicas que Eddie, Ivan e eu tínhamos prontas desde o show no bar da Sonya e as novas para o casamento. Embora o garoto fosse bom e mais um rosto bonito para o nosso grupo, eu não via muito futuro dele entre nós. Não se ele não parasse de ficar no meu pé.

Eu tinha acabado de voltar de mais um ensaio cansativo e a minha cabeça estava mais do que explodindo. Nem uma aspirina ia dar conta da dor latejante, no nível que estava, nem morfina faria efeito suficiente. Dimitri tinha aproveitado meus dias ausentes para dar um pouco mais de atenção para o restaurante. Nós tínhamos entrado na semana do casamento e todo segundo que podíamos ensaiar era para os arranjos finais das músicas, isso requeria bastante de mim também. Eu parei de cantar essa última semana para manter a minha voz até o casamento, não podia correr o risco de estar rouca no dia. Eu ainda tinha um problema para resolver: roupa. Os meninos tinham concordado em vestirem calças e camisas sociais e eu apenas disse que não sabia ainda. Obviamente, fui julgada por estarmos quase na véspera do casamento e eu não tinha um vestido para usar. Tínhamos nos planejado apenas para tocar durante a recepção, depois do casamento em si, um pouco mais de uma hora ininterrupta e apenas quinze músicas. Dessa vez, eu não ia conseguir fugir dos saltos alto. Agora, eu precisava de um vestido decente para eles.

Fui direto para o banho, Dimitri ainda não tinha voltado do Vkus e eu aproveitei os minutos mais cedo que cheguei em casa para relaxar. Ele já estava voltando para casa para trazer o jantar para nós dois. Horas antes eu havia enviado uma mensagem dizendo que tinha zero condições de ir para a cozinha. Dimitri garantiu que ia voltar no começo da noite com coisas que eu adorava. Uma grande porção de batatas fritas e o steak da Oksana. A minha dor de cabeça, no entanto, estava dando o aviso claro para o meu estômago: nem tente. Maldita enxaqueca!

Dimitri chegou em casa, eu estava deitada apenas com a luz do corredor ligada para que ele soubesse, além da mensagem que eu enviara, que eu estava em casa. Morta de cansaço e dor, mas estava lá. Essa deveria ser a sexta ou sétima noite daquelas últimas semanas que eu sentia que poderia morrer pela dor. O pior era acordar com a enxaqueca e ter que viver o resto do dia assim, nas primeiras vezes, eu me rendi à cama, mas agora eu tinha um cronograma apertadíssimo para cumprir. Fiz uma nota mental de que, se caso as minhas aulas recomeçassem e eu ainda as tivesse, eu iria em um neurologista para resolver esse problema. Por hora, eu realmente procrastinei. Trágico como a dor de cabeça adorava intercalar dias com a cólica.

— Enxaqueca de novo? – Dimitri sussurrou e sentou-se ao meu lado na cama.

— Para o meu pesadelo, sim. – Gemi e segurei na mão do meu Camarada.

— Você tem certeza que é uma boa ideia continuar com esse diu? – Dimitri acariciou meu rosto com a mão livre.

Depois do nosso pavor de ter quase sido pais há algumas semanas atrás, a primeira coisa que fizemos foi ir ao ginecologista. Meu fluxo tinha sido tão escasso e o período mal tinha durado dois dias que eu tive que voltar com a hipótese de estar grávida. Podia ter acontecido apenas um escape e cólicas são normais na gravidez, não uma tão forte, mas não era incomum. Então o medo de estar grávida continuava lá. Honestamente, eu não queria confiar em um exame de farmácia e se nossas contas estivessem certas, eu já estaria quase na sétima semana de gestação. Eu estava surtada e ansiosa, então meu Camarada implorou por um encaixe com o ginecologista de suas irmãs e no dia seguinte estávamos lá para sanar esse pavor ou surtar de vez.

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