Digamos que eu estava de férias do Vkus e eu estava morrendo de saudades de ir tocar e cantar. Eu tinha faltado uma semana por causa do repouso obrigatório. Na semana seguinte, Dimitri insistiu que eu ainda deveria continuar na cama por recomendações médicas. E no terceiro sábado, eu tinha condição nenhuma de colocar os pés no restaurante, nem se eu quisesse muito. Eu estava horrorizada de que eu poderia ser uma das raras grávidas a ter hiperêmese.
Eu não era a princesa Kate Middleton para ter isso. Sou apenas uma pobre estudante trabalhadora que precisa ser capaz de sair da cama para conquistar conhecimento e dinheiro. Não podia me dar ao luxo de ficar em casa vomitando o dia inteiro. Felizmente, minha médica tinha confiança de que assim que eu parasse de usar o remédio para ajudar com a questão do aborto, o mesmo que a minha professora tinha me passado, e o segundo trimestre chegasse muito dos meus sintomas melhorariam. Isso me fazia ansiosa para a próxima quarta-feira, quando a segunda caixa do remédio acabaria e estaríamos a pouco menos de duas semanas do segundo trimestre.
Estava me matando ser esse tipo de grávida chata, porque deixava Dimitri muito mais preocupado do que ele normalmente é. Até que era compreensivo já que eu estou enjoando por tudo, vomito por quase motivo nenhum, passo o dia todo na cama por estar cansada ou com dor de cabeça. Ao menos, eu ainda não tinha desmaiado e isso é um grande alívio. Eu tinha tirado a sorte grande de ter todos os malditos sintomas de uma vez só. Eu estava torcendo para que, ao parar o remédio, um pouco desse mal estar diminuiria até cessarem quando chegar na minha décima segunda semana. Isso no melhor dos cenários, a verdade é que existia uma grande chance de nada disso mudar, no entanto, eu estou torcendo para todos eles sumirem e eu poder curtir esse momento de desafio e evolução com o meu Camarada.
Eu percebi que eu estava me tornando o tipo de grávida a ir dia sim e dia não no hospital também. Eu me convenci de que estava tudo bem estar tão insegura já que eu tinha estado tão a beira de sofrer um aborto. Era natural que eu tivesse medo, certo? Eu nunca tinha engravidado, então não esperava que eu continuaria tendo cólicas bastante doloridas e escapes ao longo dos dias. O meu medo de abortar, fazia-me ligar quase todo dia para Dimitri, apavorada, de que o pior estivesse acontecendo. Isso fazia dois de nós aterrorizados e depois nos sentindo como idiotas quando os médicos da emergência diziam que estava tudo bem.
Meus surtos foram um pouco acalmados com a ajuda da dona Yeva. Ela e a Mia ainda eram as únicas a saberem do bebê e Dimitri estava cada vez mais ansioso para contar, principalmente por causa dos meus sumiços no Vkus e nas reuniões em família aos domingos. Era impossível ir para o almoço ou café da tarde se eu precisasse correr até o banheiro e ainda manter em segredo de todos. Vika era sempre a mais insistente e estava me cercando de todo lado, dizendo que eu estava escondendo algo dela e que ela iria descobrir. Foi bom ter a dona Yeva do meu lado, porque era sempre ela quem afastava os curiosos. Eu não sei porquê ela estava sendo tão protetora comigo, mas tinha evitado todo tipo de situação com as irmãs de Dimitri.
— Sabe... Eu ainda não entendo por que a senhora se importa tanto. – Suspirei, enfiando uma porção minúscula de legumes na boa. Eu ainda estava enjoada do café da manhã, mesmo que fossem as deliciosas panquecas do meu camarada. A dona Yeva fazia questão de vir todos os dias, durante a semana, para enfiar qualquer comida no meu estômago. Principalmente, na hora do almoço. Então eu não tinha como pular aquela refeição, por mais que meu estômago meio esfomeado e meio enjoado quisesse.
— Eu me importo com o meu neto e bisneto. – Ela falou, juntando uma quantidade triste de louça para eu lavar. — Você não está comendo. Continue!
— Sim, isso eu entendi. – Revirei os olhos. Como a velha poderia saber que eu não estava comendo se ela estava de costa para mim e acumulando aquele monte de louça? Nem eu, que sou péssima cozinheira, consigo usar todos os utensílios do armário. — Eu não entendo porque a senhora não contou para mais ninguém... A Vika tem feito da minha vida um inferno!
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Love on the Brain
FanfictionRose era apenas uma imigrante misteriosa sentada, diariamente, na mesma mesa do café com sua bebida fumegante à esfriar. O único pedido do dia que durava, no mínimo, 6 horas. Seu rosto sereno enquanto digitava no computador e no final da tarde, abri...