Capítulo 5

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Eu estava na minha quarta noite de sábado. Feliz que finalmente meus fones de ouvido especiais haviam chegado e eu estava completando um mês no restaurante.

Na segunda semana, Adrian havia conseguido a pequena mesa de monitoração para mim, mas ele não pensou que eu precisaria de fones de ouvido específicos para isso. Os meus fones padrão do celular deram conta do trabalho e a minha dor de cabeça no final da noite foi melhor já que isso também diminuía o barulho do restaurante e meu esforço em me ouvir cantar cada vez mais alto. Os fones especiais... Pareciam o paraíso!

Eu estava me adaptando melhor à rotina, meu estômago não fazia mais um show antes que eu tivesse que ir para o Vkus e Mia sempre me ajudava a me arrumar. Isso acabou nos aproximando mais. Eu estava ansiosa para o meu primeiro salário, porque eu poderia comprar roupas melhores para trabalhar lá e sofrer menos durante a escolha do "look da noite".

Minha relação com os funcionários do Vkus melhorou consideravelmente. Eu já me sentia parte da equipe, por mais que Christian e eu tínhamos alguns pequenos desentendimento. Principalmente quando ele adicionou temperos picantes em excesso no meu jantar. Ele havia jurado que não tinha feito de propósito e culpou a nova marca de temperos que ele estava testando. Ele achou melhor testar logo comigo e não com outro cliente.

A clientela do Vkus era algo que tinha me animado também. Eu havia percebido o aumento de pessoas conforme os sábados passavam. Por consequência, descobri muitos vídeos meus pelo Instagram. Eu não estava confortável com aquilo, mas quando Mark comentou feliz que os lucros aumentaram consideravelmente e naquela noite tínhamos até uma pequena fila de espera, eu fiquei feliz por eles, mas nervosa por mim. Um belo jeito de se comemorar um mês: com a casa cheia.

Isso também significava que eu teria mais semanas de trabalho, mais exposição, mais lembranças de Mason. Ao mesmo tempo que era bom, porque eu teria um emprego ainda, preocupava-me no dia que eu fosse embora. Esperava que a comida deliciosa fosse o suficiente para manter o restaurante funcionando. Ou Mark e Dimitri teriam que procurar, constantemente, por uma cantora.

Minha relação com o Dimitri, mesmo depois de seu momento ácido comigo em minha primeira semana de trabalho, havia melhorado também. No entanto, o assunto "piano" nunca mais foi pauta das nossas conversas. Eu, mais do que ninguém, entendia o significado de revirar memórias e reabrir feridas. Eu não queria ser a responsável por fazer isso com ele, por mais que ele fosse, inconscientemente, o responsável semanal por abrir as minhas.

Ainda que doesse muito pensar em Mason e sua constante falta, as coisas estavam começando a ficar menos difíceis. Por mais que eu soubesse que em breve, tudo voltaria a ficar pior, quando fizesse cinco anos de sua morte. Eu estava me preparando para esse momento, dali algumas semanas.

Agora, eu não estava exatamente tão sozinha. Eu tinha encontrado uma família em Baia. Vika e Lissa cumpriram o que prometeram, elas vieram todos os sábado me ver cantar e a partir do segundo sábado, Vika criou um grupo no WhatsApp com a Lissa, Mia e Nathalie, chamado "músicas que a Rose deveria cantar". Nós não falávamos apenas sobre isso, mas esse tinha sido o motivo maior que nos uniu.

Eu estava feliz, pela primeira vez em muito tempo, eu estava feliz e estava quase me sentindo em casa. Eu tinha conseguido alguns amigos, um trabalho e... Se as coisas continuassem como estavam, eu conseguiria uma família russa também já que Olena estava quase me adotando, afinal cuidava de mim e se preocupava comigo. Ela já chegou a me ligar durante a semana para jantar na casa da família. Na época, eu neguei educadamente, com a desculpa de ter que estudar para alguma prova.

A faculdade, no entanto, não havia mudado muita coisa. Eu ainda estava sendo constantemente massacrada pelos meus professores, por mais que eu ainda tentasse o meu melhor. Eles me respeitavam agora, depois de perceberem que eu realmente estava me esforçando, mas nada disso mudava o fato do quanto eles ainda cobravam tanto de mim.

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