Love on the Brain

Capítulo 30

Quem diz ou pensava que eu sou teimosa, certamente, nunca morou com o Dimitri. Deus do céu, a palavra repouso não existe no vocabulário do homem. Não importava quantas vezes eu dissesse que a incisão da cirurgia dele ia abrir ou infeccionar, ele não parava quieto. O mais irritante era que, não adiantava eu colocar o despertador para acordar antes dele afim de fazer o café da manhã e levar seus remédios, ele ainda conseguia acordar antes de mim e fazer tudo isso sozinho. A ponto de eu quase madrugar para impedir o bonito de sair da cama para fazer algo que eu estava me dispondo a fazer com muito amor e carinho. Ele, no entanto, já dizia que eu fazer o almoço e o jantar já era trabalho demais e que ele tinha condições de passar o café durante a manhã. Isso porque ele, nem ao menos, podia tomar o café em si durante aqueles primeiros dias!

Eu tinha certeza que ele estava fazendo aquilo para não ficar sem a sua preciosa bebida, uma vez que, nos primeiros dias de repouso, eu levei um xícara de chá e um pedaço de bolo que eu havia tentado fazer. Não tinha sido meu melhor momento na cozinha, mas reconheço que teria sido pior sem a ajuda do Youtube. Claro que qualquer outra pessoa nesse universo seria infinitamente melhor que eu na cozinha, mas eu estava tentando loucamente conseguir me dar bem nela ou, pelo menos, não ser um fracasso tão grande. Dimitri é um Deus em tudo o que toca e ser alimentado com o que eu tento fazer, devia estar sendo um pesadelo para ele. Ao menos, a dieta indicada pelo doutor Mikhail tinha facilitado a minha vida, já que era repleto de legumes e carboidrato. Nada mais simples que isso para cozinhar.

— Eu não acredito que você fez isso de novo. – Esfreguei meus olhos por ainda estar cansada e ter me arrastado cama afora quando senti a falta da companhia do russo. Talvez, eu até ainda estivesse dormindo.

Por causa do inverno, ainda estava escuro lá fora e eu tinha ideia nenhuma de que horas poderia ser. Certamente, ainda nem era sete horas da manhã, quando o meu despertador estava programado para tocar. A não ser que ele tenha tocado e Dimitri desligou sem que eu tenha visto. De qualquer forma, ainda era cedo demais, porque eu sentia que não tinha dormido nem um par de horas. Eu ainda tinha muito do cansaço acumulado da semana anterior quando aconteceu a cirurgia e os meus exames da faculdade. E estar vigiando o russo não estava ajudando a diminuir em nada, por mais que ele dissesse que estava fazendo aquilo para me deixar descansar também.

— Volta para a cama, Roza. – Dimitri falou, sem nem precisar me olhar para saber que eu estava destruída.

— Volta você, eu termino isso. – Aproximei-me dele, quem esperava a água ferver na chaleira elétrica. Amarrei os meus cabelos, tentando desfazer o ninho que ele tinha se tornado durante a noite. Esperei que tirar o cabelo do meu rosto e do meu pescoço ajudaria a diminuir aquele sentimento de que eu ainda deveria estar dormindo.

— Você está cansada, Roza, vá dormir. – Ele desceu um pequeno beijo na minha testa e eu pensei em ceder. — Ficamos acordados até tarde ontem e eu tenho dormido o dobro que você tem.

— Não pense que por ser o aniversariante do dia, eu vá ceder fácil assim. – Gemi, frustrada. — Muito pelo contrário, eu deveria ter preparado o café e levado na cama para você. – Eu o olhei com um biquinho nos lábios. — Você destruiu a minha surpresa...

— Para mim, ter você ao meu lado já é surpresa e presente o suficiente. – Ele sorriu e me abraçou pela cintura, trazendo meu corpo mais para perto do seu.

— Isso não vai diminuir a minha chateação por você ter saído da cama e destruído a minha surpresa. – Murmurei como uma criança emburrada, mas não deixei de me encolher nos braços dele, aceitando a carícia de bom grado. — Por quê você tem acordado tão cedo de qualquer forma?

— Cansei de ficar na cama. – Ele suspirou e tirou a chaleira da base porque a água já estava fervendo e, provavelmente, para tentar me distrair com o cheirinho gostoso de café.