A caminhada até em casa foi complicada porque as ruas estavam escorregadias do gelo e molhadas do derretimento da neve. O vento gelado no meu rosto trouxe alguma sobriedade para o meu cérebro. Agora que eu estava longe de Dimitri, eu não podia deixar de pensar sobre tudo o que tinha acontecido. Sobre como ele tinha cuidado de mim, sobre como ele tinha se esforçado para me deixar feliz com a surpresa de aniversário. Sobre o jeito delicado que ele tocava a minha bochecha ou como ele prendia meu cabelo atrás da orelha. Os arrepios e o calor que rondavam o meu corpo com a forma com que ele falava, olhava-me e tocava-me.
Entrei no meu quarto do hostel, eu estava sorrindo como boba. Feliz com o curso que a minha noite de sábado seguiu e como a manhã de domingo acabou. Eu estava grata por tudo o que ele tinha feito por mim, sobretudo, eu estava ansiosa para vê-lo e estar sozinha com ele de novo. Nós até podíamos trocar algumas mensagens durante a semana, mas estar com ele era totalmente diferente. Dimitri havia me pedido para informá-lo diariamente sobre a minha saúde e se eu, ocasionalmente, precisasse voltar ao médico, eu deveria ligar e não recorrer a universidade.
- Você estava tentando me matar do coração, Hathaway? Achei que teria que te procurar no necrotério! - Foi a primeira coisa que Mia falou. Eu dei uma pequena risada enquanto tentava desfazer o jeito que Dimitri havia me embrulhado entre o cachecol e minha blusa. - Você ainda ri? Eu estava preocupada aqui, onde você enfiou seu celular?
- Estou bem, Mia. E meu celular está sem bateria. - Suspirei quando consegui arrancar metade das minhas roupas. - Pense pelo lado bom, você ia poder ter uma aula maravilhosa de anatomia em um corpo mais novo e inteiro! Te garanto que tenho todos os nervos intactos. - Ri e me joguei na minha cama, lembrando do meu próprio exame de anatomia. Como eu poderia me esquecer da minha professora me pedindo para mostrar o nervo medial se os estudantes que fizeram o exame antes de mim haviam destruído tudo?
- Você é ridícula! - Ela me jogou seu travesseiro e eu ri, abraçando-o.
- Vai negar que seria um grande ganho pra nossa faculdade? - Engoli em seco quando vi a loira se aproximar e ajoelhar ao lado da minha cama. O interrogatório vai começar!
- Não vou negar e você está sorridente. - Mia sorriu para mim e arrancou o travesseiro de minhas mãos antes que eu pudesse enfia-lo em meu rosto. - Me diz como foi? Ele é grande? Tem cara de ter uma pegada magnífica na cama!
- O que? - Eu tossi, engasgando ao ouvir que merda Mia estava falando. Ela estava achando que eu tinha transado com Dimitri?
- Não precisa negar, a Vika nos contou que você dormir com o Dimitri. - Ela deu de ombro , acomodou-se no chão e se apoiou nas palmas das mãos para assistir a minha reação e a minha confissão.
- Vika contou para quem? - Sentei na cama, apavorada com tudo aquilo. Só podia ser um pesadelo!
- Ela colocou no grupo de manhã e como você não negou isso só confirma que ela está certa, me conta como foi! - Ela quase bateu palmas por saber em primeira mão algo que, definitivamente, não aconteceu. Eu pensei se eu poderia brincar um pouco com a imaginação dela. Se estavam pensando que eu dormi com Dimitri e estavam tão feliz por isso, eu poderia tirar alguma vantagem disso. O diabinho e anjinho da minha consciência disputaram essa pequena batalha.
- Foi incrível, ele fez o café da manhã. - O diabinho na minha orelha venceu a disputa sobre brincar um pouco com ela. Eu reconsiderei por um segundo, mas talvez fosse ser divertido.
- Sempre imaginei que ele fosse romântico! - Mia estavam tão empolgada que eu fiquei com dó por estar zoando com ela. - E como foi?
- Dolorido pra caramba! - Foi tudo o que eu disse e tentei controlar a risada descontrolada que estava tentando surgir. Não era uma mentira, meus glúteos estavam doendo como o inferno e isso nada tinha a ver com uma atividade prazerosa.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Love on the Brain
FanfictionRose era apenas uma imigrante misteriosa sentada, diariamente, na mesma mesa do café com sua bebida fumegante à esfriar. O único pedido do dia que durava, no mínimo, 6 horas. Seu rosto sereno enquanto digitava no computador e no final da tarde, abri...