Capítulo 2.

783 73 36
                                    

26 de fevereiro de 2002 Neverland Valley Ranch
Los Olivos, Califórnia

Catalina Hernandez
15:15 

— Que não seja um sequestro, que não seja um sequestro...— rezo baixinho de olhos fechados, encolhida no banco do táxi. Resolvi vir ao encontro do emprego que me foi oferecido ontem, mesmo que com um pouco de medo, afinal, o que tenho perder? Somente alguns órgãos e a vida.

– Senhorita, nós chegamos. — o motorista diz. Abro meus olhos e observo um portão enorme e dourado. Pago o motorista e agradeço pela corrida.

Somente este portão deve custar o meu apartamento com a mobília toda dentro. Me aproximo e me identifico, precisei passar por uma espécie de identificação, bem estranho mas provavelmente deve ser necessário. Ando por alguns minutos até chegar a um enorme jardim em formato de relógio com o nome "Neverland" feito de arbustos. Chega a ser ridículo de tão bonito. Observo toda a propriedade, é imensa! Árvores por todos os lados, um lago gigantesco e uma música adorável toca sem parar. Caminho um pouco mais até uma casa onde vejo uma certa movimentação.

— Olá. — ouço uma voz familiar. Me viro para e olhar e é o mesmo homem que me abordou no restaurante para me oferecer o emprego.

— Olá. — estico a mão para ele que a pega sorrindo simpático.

— O senhor Jackson está a sua espera. — ele diz terno e passa por mim, anda na minha frente, eu apenas o sigo.
Adentramos a casa, é absurda de tão linda. Detalhes rústicos, pinturas e esculturas lindas. Com certeza as pessoas gostam bastante de arte por aqui. O acompanho até uma sala que provavelmente é uma das várias existentes nessa casa enorme. — Espere somente um minuto, ele logo virá. — sorri e sai me deixando ali, em uma espécie de escritório. Grandes estantes repletas de livros, mesas, alguns papéis bagunçados e mais quadros.

— Olá. — um voz suave soa repentinamente atrás de mim me fazendo sobressaltar. Me viro para observar e arqueio as sobrancelhas em espanto. O que o Michael Jackson está fazendo bem na minha frente de chinelos e meias de cores diferentes? Tento ser o mais profissional possível e fingir costume, se minha avó estivesse aqui ele estaria em colapso.

— Olá, sou Catalina Hernandez. — estico a mão para ele que a pega sem hesitar. Sentir sua pele macia e gélida na minha me trouxe sensações diferentes, sinto uma corrente elétrica passar por todo meu corpo me fazendo afastar nossas mãos bruscamente, porém, finjo que nada aconteceu e continuo a me apresentar. — Sou a professora. — digo e ele assente.

— Sou Michael. — ele diz simples. Oh, não me diga, ninguém o conhece Michael Jackson, você realmente precisa se apresentar. — Eu gostaria de começar aprendendo sobre os seus métodos de ensino, por favor. — ele posiciona as mãos a frente do corpo, tão elegante.

                      (...)

Iniciamos uma conversa bem profissional. Expliquei para ele como funcionam os meus métodos e que sempre valorizei o método construtivista de ensino. Modéstia à parte, mas os meus alunos sempre me gostaram muito da minha forma de trabalhar pois eu sempre dei liberdade à eles para que criassem, respeitando o tempo de cada um, não passando o meu conhecimento para eles, mas os auxiliando e estimulando a ativamente construírem o próprio conhecimento. Senhor Jackson parece ter gostado do que expliquei, já que concordava com cada palavra que eu dizia, ele parece bem empolgado, aliás.

— Acredito que já sei tudo que preciso. — ele se levanta e eu o acompanho. Me encara por alguns segundo em silêncio total me deixando ainda mais apreensiva do que já estou. — Está contrata, senhorita Hernandez. — estica a mão para mim e eu a pego, sentindo novamente aquela sensação boa me percorrer. Não consigo conter o meu sorriso, meus pais ficarão orgulhosos.

Catalina Onde histórias criam vida. Descubra agora