Capítulo 58.

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25 de junho de 2005
Manama, Bahrein
Michael Jackson
14:10

Chegamos em Bahrein por volta das 13:00. As crianças estavam exaustas e quando chegamos no quarto que foi preparado para nós, os três capotaram na cama. Ainda vai demorar alguns dias para que se acostumem com o fuso, são 11 horas de diferença para Los Angeles e isso me fez lembrar que lá já são por volta de 2 da manhã. Cat me pediu para que eu ligasse para ela quando chegássemos, mas eu realmente não sei se será uma boa ideia, ela já deve estar dormindo. De qualquer forma, ela ficaria preocupada sem notícias e isso seria pior do que a acordar com uma ligação no meio da noite, então decidi ligar, como ela pediu. Disquei o seu número, que eu já tenho gravado em minha cabeça e chamou algumas vezes antes que eu pudesse ouvir sua voz doce do outro lado da linha.

— Me desculpe pelo horário, eu só queria dizer que estamos bem.  — eu sussurrei caminhando para a sacada e fechando a enorme porta de vidro atrás de mim. Não quero que meus filhos despertem, eles precisam descansar.

— Não se preocupe com isso, eu não preciso dormir cedo de qualquer maneira. — resmungou com a sua voz matinal, levemente rouca e tão conhecida por mim, denunciando que eu a despertei. — Como foi a viagem?

— Ótima, mas as crianças estão exaustas e estão dormindo agora. — aumentei o tom de voz, sem me preocupar em os acordar, já que estávamos separados por uma porta de vidro bem grossa. Observei meus filhos dormindo juntos e tranquilos na cama e me voltei para o céu azul de Bahrein.

— Posso imaginar... — pude ouvi-la suspirar. — Quando eles acordarem, você pode me ligar? Eu realmente quero falar com eles. — ela me perguntou e a preocupação se tornou quase palpável no tom de sua voz.

— Não se preocupe, eu ligarei para que falem com você. — concordei de bom grado, eu jamais a privaria de ter contato com eles. — Eu sei que a situação é complicada e eu realmente espero que entenda os meus motivos um dia. — expliquei a ouvindo suspirar profundamente, sei que ela realmente não quer falar sobre isso agora. — Mas as crianças estão bem, estão seguros e vão se acostumar aos poucos. Por favor, fique tranquila, não quero que sacrifique as suas noites de sono por estar preocupada.

— Não me peça para não me preocupar, por favor, eles são meus filhos também. — respondeu firme. — Não tenho dúvidas de que estão completamente seguros com você, Michael. Você é um ótimo pai, eu jamais tiraria isso de você! Mas a minha maior preocupação é quanto a minha relação com eles, eu não quero que sintam que estou longe porque quero ou que não estou com eles agora porque não os amo. — sua voz embargou e eu senti meu coração apertar.

— Cat, eu prometo que farei o possível para que isso não aconteça. Eles perguntam de você o tempo todo e te amam tanto quanto você os ama. — eu disse francamente. — Está sendo difícil para todos nós... e eu também não parei de pensar em você um minuto sequer! Nós precisamos conversar sobre nós dois. — comentei honestamente e pude ouvir seu suspiro longo e pesado, então a conversa ficou muda, sendo possível ouvir somente o som de nossas respirações e por alguns segundos me contentei com esse momento. Sua respiração, mesmo que por ligação, ainda me fazia recordar as nossas manhãs preguiçosas, quando ficávamos somente ela e eu em silêncio, colados um ao outro na nossa cama. Ter ela tão próxima ao meu ouvido nas nossas manhãs me trazia uma sensação de segurança, de estar em casa. Eu sabia, eu tinha a plena certeza de que queria ficar em seus braços para sempre.

— Me ligue quando eles acordarem, por favor. —  ela repetiu, ignorando completamente o que eu havia proposto. A sua voz mesmo firme, ainda era doce e soava como música para os meus ouvidos. — Tenha uma bom dia, até depois. — se despediu. Então eu me apressei em interromper a vontade dela de desligar.

Catalina Onde histórias criam vida. Descubra agora