Capítulo 7.

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Los Angeles, Califórnia
31 de março de 2002

Catalina Hernandez
17:30

Preencho o potinho de ração de Hugo. Encho também seus vasinhos de água e leite, para ter certeza de que ele ficará bem sem mim por essas horas, provavelmente voltarei tarde.

Volto para o meu quarto para terminar de me aprontar. Observo o meu reflexo no espelho, estou ótima... talvez um pouco chamativa? Eu não sei! Eu nunca fui a um encontro com Michael Jackson! Estou tão nervosa. Eu pensei já ter acalmado meu coração, mas hoje mais cedo quando ele me ligou para avisar que Wayne viria me buscar, senti meu coração dançar ao ouvir sua voz. Meu estômago gelou e meus lábios sorriam involuntariamente. Definitivamente ele mexe comigo.

Calço meus sapatos e faço uma maquiagem leve, nada muito extravagante, eu não gosto. Espirro perfume em meu pescoço, não muito, para não se tornar insuportável. E nem pouco, para que ela não se torne imperceptível. Tudo na medida certa. Pego minha bolsa e caminho para a sala de estar. Wayne é muito pontual e logo estará aqui.

Dito e feito. O relógio marcou 18:00h, poucos segundos depois ouço batidas na porta. Chega a ser cômica toda essa pontualidade. Cumprimentei Wayne e ele me guiou até o carro. Cavalheiro e educado, ele abriu a porta para mim. Entrei e me aconcheguei encostada na janela. Está começando a escurecer mas ainda posso ver resquícios da luz do sol que já se pôs. O pôr do sol de Los Angeles é lindo, encantador. Encosto a cabeça na vidro e observo os últimos raios do sol sumirem rapidamente.

20:15

Sinto meu estômago gelar ao observar os grandes e dourados portões de Neverland. Nos identificamos na portaria, como de costume. O carro entra e para próximo a casa principal. Wayne abre a porta para mim e eu saio. Na porta uma senhora sorri simpática para mim. Subo as escadas e me aproximo dela retribuindo o sorriso.

— Boa noite, senhorita Catalina. Eu sou Remi. — ela estica a mão para mim. Ignoro sua mão estendida e a abraço gentilmente, ela não hesita e me retribui. Eu não gosto de formalidades quando não estou em meu horário de trabalho, esta noite eu sou somente a Catalina.

— Boa noite, Remi. — sorrindo eu separo nosso abraço aconchegante.

— Senhor Jackson a espera em um dos terraços da casa, me permita levar a senhorita até lá. — com um sorriso no rosto ela estende a mão para mim, eu a pego. Juntas caminhamos, subimos algumas escadas e passamos por uma porta.

A vista é linda. É possível ver toda a propriedade daqui. O parque de diversões, a roda-gigante toda iluminada assim como todos os brinquedos. Uma música suave toca tornando o ambiente mais agradável do que já é. Dona Remi solta minha mão e sorri para mim, logo depois se retira. De longe posso vê-lo. Seus longos cabelos estão ondulados, se destacando no tecido vermelho vivo de sua camisa, devidamente passada, sem nenhum amarrotado sequer. A calça preta da mesma forma. Nos pés ele usa mocassins e meias brancas. Está virado de costas, ainda não notou a minha presença. Me aproximo dele e só então presto mais atenção a mesa. A mesa é redonda de madeira escura, rústica e elegante como tudo nesta casa. Dois pratos, duas taças e talheres perfeitamente posicionados. Os guardanapos brancos combinam com as pequenas velas colocadas no centro da mesa. Nada extravagante, mas lindamente elegante.

— Boa noite, Cat. — me cumprimenta sem se virar para me olhar.

— Como soube que eu estava aqui? Eu tentei não fazer barulho algum. — brinco enquanto me aproximo. Posso ouvir um risinho vindo dele.

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