Capítulo 12.

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07 de abril de 2002
Los Angeles, CA

Catalina Hernandez
20:45

Giro a chave na fechadura e abro a porta com cautela, é provável que Cléo nem esteja em casa. Wayne me trouxe até em aqui, ainda fiz questão de chamar um táxi mas Michael relutou e eu resolvi ceder. Entro e fecho a porta atrás de mim, caminho até o meu quarto e jogo minha bolsa no chão. Olho em volta, está tudo uma bagunça. Preciso arrumar isso, mas farei isso em outra hora. Me jogo em minha cama. Eu adoro Neverland, mas é bom estar em casa. Fecho os olhos e curto minha cama.

— Lembrou que você deixou uma irmã mais nova abandonada em casa? — ouço a voz de Cléo soar com muita ironia, dou risada. Abro os olhos e a vejo de braços cruzados parada na porta.

— Desculpe por ter te deixado sozinha. — sorrio torto para ela que empina o nariz.

— Não se preocupe eu não me senti nem um pouco sozinha. — sorri maliciosa e eu arregalo os olhos para ela que gargalha. — Mas o que quero saber agora é...— ela caminha e se aproxima da cama. — Por que não me contou que estava trepando com Michael Jackson, sua vadia! — praticamente grita e arremessa uma das almofadas em mim. Eu gargalho de sua reação.

— Não é nada sério. — dou de ombros e ela me encara indignada.

— E daí? É a porra do Michael Jackson, Catalina. — diz indignada com um tom óbvio. — Você se quer me disse que estava trabalhando para ele. — cruzou os braços fazendo um bico. Gargalhando eu me sento na cama.

— Eu não posso comentar com muitas pessoas que trabalho para ele. Pode ser arriscado para as crianças, você sabe. — explico mas ela continua me encarando de braços cruzados e cara fechada. — Senta aqui, vou te contar como tudo aconteceu. — dou tapinhas no colchão e ela senta revirando os olhos.

21:30

— Caramba, você é uma baita de uma sortuda, não é? — disse em tom de admiração após ouvir toda a história. Contei a ela a forma maluca como eu consegui meu emprego e como tudo começou. — Isso se parece até com as histórias dos livros que eu lia quando era mais nova. — debocha e eu dou risada.

— As crianças são incríveis, Cléo! E eu me apeguei tanto a elas. — suspiro.

— Você acha que está apaixonada? — ela indaga. Suspiro novamente, mas mais profundamente desta vez. Eu posso parecer precipitada mas já tenho total certeza da resposta.

— Sim. — respondo soltando o ar dos pulmões. — Pode ser somente um amor de pênis, mas sei que sinto algo quando estou com ele. — digo francamente e Cléo me faz um careta. — Hey, não me olhe assim. — reclamo.

— Desculpe, mas que é que vocês acabaram de se conhecer. — ela diz cautelosa. — E Cat... você sabe no que dão esses seus amores intensos, não é? — me alerta com um tom de preocupação. Suspiro mais uma vez e me jogo na cama.

— É, eu sei bem. Mas o que posso fazer? — pergunto. — Eu não consigo não pensar nele e não posso controlar o nervosismo quando ele está perto. O que devo fazer? — faço um bico.

— Você simplesmente não consegue transar com alguém sem envolver sentimentos nisso? — ela debocha.

— Olha, quer saber francamente? — me sento na cama outra vez. — Acho que não, meu coração é muito fácil de ser conquistado. — reviro os olhos e Cléo suspira.

— Espero que as coisas não terminem como terminaram com o...— ela começa a falar mais eu a interrompo.

— Cléo, por favor. Não diga esse nome aqui. — minha postura muda de melancólica para raivosa. — Eu vou arriscar mais uma vez, mesmo que eu corra esse risco não posso simplesmente jogar meus sentimentos no mar do esquecimento, como se eles não fossem nada. Meu coração não é frio assim. — digo firme.

— Bom, você é quem sabe. — bate a palma das mãos nas coxas.

— Mas me conte sobre o seu fim de semana. Trouxe ela para cá? — perguntei e Cléo imediatamente abriu um largo sorriso.

— Estamos namorando oficialmente agora. — ela mostra a mãos com uma aliança prateada. Logo começa a falar sobre como foi o pedido.

Eu gostaria muito de dar atenção ao que minha irmã diz sobre seu novo amor, mas minha mente ficou conturbada agora. E se realmente o que tenho com Michael acabar como o meu último relacionamento? Talvez eu esteja me precipitando e arriscando demais o meu coração... eu não sei, definitivamente. Mas isso somente o tempo dirá. O que sei é que quando estou com Michael, nenhuma indagação ou questionamento me tortura. Eu não tenho certeza do futuro ou do passado, apenas quero estar ali, com ele. Ele causa esse efeito em mim, não sei se devo me sentir aliviada ou me preocupar...

Continua...

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