27 de maio de 2004
Los Angeles, CACatalina Hernandez
11:301 semana se passou desde o e-mail que eu recebi. Eu não o respondi ainda e todos os dias eu abro a minha caixa de e-mails e fico encarando o pedido da NYU sem saber o que responder. É uma decisão difícil e eu não compartilhei isso com ninguém ainda, nem mesmo com Michael.
Eu não fui até a casa de Michael hoje, na verdade eu estou até o evitando um pouco. Ele me conhece bem e andou percebendo a minha mudança de humor por conta de toda a situação. Não quero esconder nada dele e não vou fazer isso, mas eu sei que, se Michael souber da possibilidade de ficarmos separados por tanto tempo, ele vai se sentir frustrado e eu não quero criar esse sentimento nele precipitadamente, quero tomar uma decisão primeiro e depois teremos essa conversa.
A proposta da NYU não saiu da minha mente nem por 1 segundo nessa última semana. Esse dilema está me deixando ansiosa, eu preciso decidir algo e preciso que seja logo, a NYU não vai esperar para sempre. Eu preciso de uma opinião que consiga ver pelo mesmo ponto de vista que eu, alguém que tenha uma família e também uma carreira parecida com a minha.
Na verdade, eu acho que conheço alguém... o Sr. Spencer! Ele já deve ter passado por isso, afinal, ele já foi casado. Apanho meu celular na mesa de centro e procuro por seu nome na lista de contatos. Talvez eu esteja sendo um pouco inconveniente, não é? Estamos de férias, talvez ele nem esteja na cidade. Sem contar que, bem... eu dei um fora no senhor Spencer há alguns meses atrás e o clima entre nós não ficou dos melhores, a princípio. Agora já estamos bem e até trabalhamos juntos nos projetos da escola, mas ainda assim, chamá-lo para fazer algo no meio das férias continua sendo estranho.
De qualquer forma, eu preciso muito de uma opinião agora e ele é o único que poderia me entender e me ajudar a sair dessa indecisão desesperadora. Aperto em ligar e aguardo, o telefone chama algumas vezes até que no terceiro toque, ele me atende.
Los Angeles Downtown
15:20— Eu fiquei feliz com o seu convite, não nos vemos há um tempo. — ele sorriu para mim e eu retribuí. Viemos á uma cafeteria no centro da cidade. Ele aceitou o meu convite de bom grado e eu fiquei feliz por isso. Eu resolvi falar com ele, apesar de achar a situação um pouco estranha, já que não somos próximos e tivemos algumas situações não tão agradáveis no passado.
— Obrigada por ter aceitado, Sr. Spencer. — o agradeci com sinceridade. Ele poderia ter me dito um "não" daqueles bem grandes, mas ele foi muito gentil.
— Por favor, me chame de Conrado. Estamos aqui como amigos, não é? Não precisamos de formalidades. — ele disse bem humorado e eu ri assentindo com a cabeça.
O garçom veio até nós e fizemos nossos pedidos. Engatamos em um assunto interessante, eu pensei que o clima pesaria e seria uma conversa constrangedora e até me arrependi quando cheguei ao estabelecimento. Mas não, as coisas estão fluindo bem e Sr. Spencer, ou melhor, Conrado, como ele prefere ser chamado, tem sido muito gentil e amigável, é realmente uma conversa de amigos.
— Conrado, na verdade, eu gostaria de conversar sobre algo. — receosamente eu decidi entrar no assunto após longos minutos conversando sobre coisas aleatórias de nossas vidas. Eu não quero que ele pense que só o convidei para me aproveitar de sua boa vontade. — Estou passando por uma situação uma pouco chata e acho que você poderia ajudar.
— Claro, se estiver ao meu alcance eu a ajudarei. O que houve? — ele perguntou dando um gole em seu capuccino.
— Eu recebi um convite de uma grande universidade em Nova Iorque, eles me querem como professora. — eu disse contendo um sorriso. Apesar de ter me colocado entre a cruz e a espada, o convite da NYU me deixou muito realizada e me fez ficar mais confiante com o meu desempenho na minha carreira, afinal, se eles me querem, é porque sou boa no que faço.
— Catalina, isso é ótimo, parabéns! — ele me felicitou alegremente e eu não pude deixar de sorrir.
— Bem, mas há algo que não é tão agradável. — eu suspirei enquanto ele me encarava atento, prestando atenção em cada palavra. — Eu tenho uma família aqui em Los Angeles, pessoas que precisam de mim, eu não posso deixá-los. — suspirei pesadamente. Esse assunto está me preocupando tanto. Conrado está sério, ele abaixou o olhar e respirou profundamente.
— Eu já estive no seu lugar, não é nada fácil fazer esta escolha. — ele disse soltando o ar dos pulmões.
— O que você acha que eu posso fazer? — perguntei apreensiva e ele suspirou e deu mais um gole em sua bebida.
— Fique com a sua família. — respondeu sem rodeios e com muita certeza. — Catalina, eu sei o quanto essa oportunidade deve ser importante para a sua carreira, mas nada deve tomar o lugar da família, são para eles que voltamos no final do dia e são eles as pessoas mais importantes das nossas vidas. — disse firmemente e com muita convicção. — Outras oportunidades virão, mas família só há uma. — ele está certo. Eu não posso simplesmente abandonar o meu noivo e três crianças que, apesar de não serem meus filhos biológicos, eu os amo como se fossem. As palavras de Conrado me fizeram ficar pensativa. Eu tenho a minha família agora, não estou mais sozinha e isso quer dizer que as minhas decisões não afetam somente a mim, afetam as pessoas que eu amo.
— A sua carreira é importante, com toda a certeza! Mas se aceitar esta proposta significa renunciar a sua família, então os escolha sempre, sem pensar duas vezes. — ele continuou. — Essas pessoas precisam tanto de você quanto os alunos de Nova Iorque, existem vários professores, mas somente uma Catalina. — sua última frase esclareceu tudo que precisava ser esclarecido e então eu sorri genuinamente.
— Obrigada, Conrado, você é um bom amigo. — sorri para ele de forma sincera e agradecida, esse momento ficará marcado em mim para sempre.
18:15
A minha conversa com Conrado foi esclarecedora, eu sabia que ele me ajudaria nessa decisão. Estou agora mesmo terminando de escrever o meu email de resposta para a NYU. Por incrível que pareça, não estou triste, pelo contrário, estou confiante com a minha decisão. Talvez eu pudesse aceitar em outro momento, mas definitivamente esse momento não é agora. Se for para ser eu, então eles me contatarão novamente no momento certo. Pode parecer loucura acreditar nisso de "se for para ser, será." mas faz muito sentido para mim e é nessa filosofia que irei me apegar agora. Termino de digitar e aperto a tecla para enviar. Suspiro aliviada, sinto que fiz a escolha certa.
Continua...
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Catalina
FanfictionCatalina Hernandez é uma jovem professora de 26 anos. Após perder o emprego, Catalina é contratada como professora de duas crianças adoráveis. O que ela não esperava é que sentiria algo a mais além de admiração pelo pai de seus alunos. Michael Jack...