Capítulo 35.

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20 de agosto de 2003
Aeroporto internacional
de Los Angeles

Catalina Hernandez
05:15

Aperto mais o meu casaco ao meu corpo, o frio da manhã bate contra a minha roupa e atravessa o tecido fazendo meus pelos arrepiarem. Eu deveria ter usado uma roupa mais quente. Cléo fez questão de pegar o primeiro voo para Los Angeles, o que eu achei bom porque me permitiu vir buscá-la antes de ir para o trabalho. Eu não poderia estar mais feliz, minha irmã virá me visitar, e Michael e eu no reconciliamos. Depois de dias longe um do outro, tive medo de perdê-lo, mas agora que estamos bem novamente, o meu único desejo é permanecer com ele para sempre!

Alguns minutos se passam, olho a hora em meu relógio de pulso. Cléo já deve ter chegado. Não demora para que pessoas comecem a desembarcar. Estico o pescoço e procuro minha irmã com o olhar, logo avisto a mulher de pequena estatura, vestindo um casaco vermelho, arrastando uma pequena mala. Ando em passos largo até ela que abre um largo sorriso ao me ver.

— ¡Hola, hermanita! — exclama ao por os olhos em mim. Larga a mala e se aproxima para me abraçar, a envolvo em um abraço apertado e beijo seus cabelos.

— Como foi a viagem? — pergunto me afastando dela e puxando sua mala.

— Eu dormi a viagem inteira, não vi muita coisa. — dá de ombros enquanto caminhamos em direção ao estacionamento. — Finalmente você está usando o seu carro, o coitado já estava quase saindo sozinho. — ela zomba quando nos aproximamos do meu carro. Eu quase não o uso, sempre prefiro pedir táxi. E o motivo? Sou uma péssima motorista.

— Você sabe, prefiro não arriscar a minha vida e tampouco a de outras pessoas. — digo enquanto coloco sua mala no porta-malas ela gargalha.

— Você realmente é uma motorista horrível. — ri. — Me deixe dirigir. — ela estica a mão para mim.

— A chave é toda sua. — coloco a chave em sua mão. Ela comemora a jogando para cima e aparando depois. Entro no banco do passageiro e logo estamos na estrada.

07:10

— O que vai fazer hoje à noite? Poderíamos assistir alguma coisa. — proponho a Cléo que toma seu café calmamente. Eu entro no trabalho às 08:00, então decidimos tomar um café juntas em uma cafeteria próxima a escola.

— Stef e eu vamos sair para jantar. — responde e eu levo a mão ao peito, boquiaberta, fingindo estar ofendida.

— Então é assim? Você sequer chegou direito e já está me trocando pela sua namorada? — forço um drama fingindo enxugar lágrimas e ela gargalha.

— Você fez isso comigo o tempo inteiro na última vez em que eu estive aqui. — ela ri e da de ombros. — E por falar nisso, como vai o seu relacionamento com o rei do pop, Michael Jackson?— ela diz levando a colher com um pedaço de bolo até a boca. Eu arregalo os olhos para ela.

— Fale baixo! — eu a repreendo imediatamente. As paredes tem ouvidos e quando se trata do nome de Michael, elas tem olhos e boca também.

— O que foi? Parece até que você está cometendo um crime. — ela questiona em um sussurro fazendo uma careta.

— As pessoas não sabem sobre nós, eu nem sei se um dia saberão. — suspiro. — A vida dele é uma loucura por ser quem é, Cléo. Não queremos que minha vida se torne um evento também, eu jamais quis e jamais vou querer isso. — afirmo firmemente.

— Deve ser mesmo uma loucura. Aliás...— ela faz uma pausa, devolve a xícara para a mesa e suspira. — eu vi o documentário. — suspiro pesadamente ao ouvi-la. Desde que foi lançado, esse maldito documentário tem atormentado Michael noite e dia, e consequentemente tem atormentado a mim também.

— É tudo manipulação, Cléo! Uma completa mentira! — digo impaciente.

— Eu pensei o mesmo, eu conheço você, sei que se ele realmente tivesse esse tipo de conduta, você jamais estaria com ele.

— Ela está muito abalado, tudo isso está fazendo mal para ele. — suspiro ao me lembrar dos maus bocados que passamos no início, Michael ainda está se recuperando, está melhor que antes, mas ainda se recuperando.

— A família Dowson ficou furiosa! Você sabe como Michael é importante para eles. — ela diz e eu confirmo com a cabeça. Os Dowson's são muito importantes para Michael também, talvez sejam seus únicos verdadeiros amigos. — Stef me disse que Sr. Jeremie Dowson estava cogitando até mesmo processar a emissora e todos os envolvidos. — ela diz e eu arregalo os olhos.

— Seria um verdadeiro circo! — espremo os olhos. Minha cabeça dói só de imaginar. Michael não merece passar por isso, definitivamente não merece. sinto meu coração se apertar. Eu só queria poder protegê-lo desses vampiros asquerosos.

Escola de Artes de Los Angeles
Catalina Hernandez
12:10

Dou uma garfada em meu almoço e o deixo de lado. Estou corrigindo alguns exercícios, para não ter que corrigi-los durante o final de semana. Quero fazer algo divertido, é o primeiro final de semana de Cléo aqui comigo e eu quero que ela e Michael se conheçam. Já estamos namorando há quase 1 ano e eles dois não se conheceram ainda.

Marco todas as questões corretas com a caneta. Me sinto muito orgulhosa sabendo que todos os alunos acertaram mais da metade das questões, é um sinal de que estou conseguindo envolvê-los na aula e que eles estão aprendendo comigo, para mim não há nada mais gratificante que isso. Três batidas na porta me despertam, levanto o meu olhar e vejo senhor Spencer parado na porta. Sorrio pra ele.

— Olá, posso entrar? — ele pergunta com as sobrancelhas arqueadas. Confirmo sorrindo e balançando a cabeça. — Senti sua falta no refeitório hoje. — ele diz enquanto se aproxima, parando há pouquíssimos metros de distância da minha mesa.

— Sim, é que eu me concentrei em terminar de corrigir alguns exercícios. — solto uma risada nasalada.

— Eu entendo. — ele ri e baixa o olhar, mas não demora para que ele volte a me encarar. — Ouça, senhorita Hernandez, você tem planos para o final de semana? — ele pergunta e eu hesito imediatamente. Oh deus, ele não vai me convidar para um encontro, vai? De qualquer maneira, com certeza tenho planos para o final de semana.

— Na verdade eu tenho, sim, senhor Spencer...— sorrio sem jeito. Suas sobrancelhas caem e ele parece um pouco envergonhado.

— Ah... é uma pena, eu gostaria muito que pudéssemos jantar juntos. — ele gagueja e coça a nuca, claramente sem jeito. — Mas o que acha de sexta? Após o trabalho poderíamos sair, como colegas de trabalho. — ele dá de ombros e posiciona as mãos nos bolsos de trás da calça.

— Ah, claro, eu adoraria. — respondo rapidamente após hesitar por alguns segundos, vejo ele abrir um largo sorriso ao ouvir minha resposta. Eu nem o conheço e ele está me chamando para sair? Será que ele convida todos os novos funcionários para sair?

— Muito bem... então nos vemos na sexta. — confirmo lentamente com a cabeça. Sorrimos um pro outro e sem me dar as costas ele caminha para fora da sala mas é impedido ao se chocar contra a parede. Dou risada e ele também.

— A porta é um pouco mais para a direita, senhor Spencer...— brinco descontraída e ele ri.

— Obrigada, senhorita Hernandez. — ele responde no mesmo tom e acena para mim, saindo definitivamente em seguida.

A impressão que tenho é que ele acaba de me convidar para um encontro, se bem que ele deixou bem claro que é um jantar entre colegas de trabalho. E bem, eu ouvi dizer pelos corredores da escola que ele acaba de passar por um processo de divórcio. Com certeza ele não deve querer conhecer pessoas novas tão cedo. Nego com a cabeça e rio com meus pensamentos. Se o senhor Spencer estivesse interessado em mim, seria uma grande piada.

Continua...

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