Capítulo 16.

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28 de abril de 2002
Neverland Valley Ranch
Los Olivos, CA

Catalina Hernandez
08:15

Abro os olhos lentamente, fito o teto por alguns segundos esperando que meu cérebro acorde e reconheça o ambiente. Estico os braços me espreguiçando na cama sentindo todo o meu corpo doer, faço uma careta. Mas logo me recordo o motivo de estar dolorida e sorrio, impossível esquecer.

Me viro para o meu lado direito, está vazio, ele não está mais aqui. Olho o relógio de parede que marca 08:15 da manhã, ainda é bem cedo. Me levanto somente com o lençol enrolado no corpo, estou completamente nua. A única coisa que tenho em meu corpo é a brilhante gargantilha de diamantes que Michael me presenteou. É a gargantilha mais linda que já vi.

Algo na cômoda me chama a atenção, é um papel com o meu nome escrito nele. Me estico para pega-lo e o abro. A letra parece mais um garrancho, é a caligrafia de Michael. Abro o pequeno bilhete e sorrio enquanto leio.

"Bom dia, Cat.

Me desculpe por deixar você sozinha ao acordar. Mas não consigo dormir longe de Bigi, ele ainda acorda no meio da noite e eu preciso estar lá para ele. A noite de ontem foi perfeita, você foi perfeita. Te vejo no café da manhã.

Com amor, Michael."

Dá para acreditar que o mesmo homem que fez tantas coisas comigo ontem a noite é o mesmo que escreveu esse bilhete fofo? Michael é tão precioso.

Deixo o bilhete sobre a cômoda novamente e levanto. Na beirada da cama estão algumas roupas perfeitamente dobradas. Com certeza foi ele que escolheu. Não tenho estruturas para este homem tão gentil e atencioso.

Caminho até o banheiro e me encaro no espelho. Suspiro. Eu adoro estar com Michael e amo seus filhos, mas sempre que paro para pensar em tudo que está acontecendo entre nós, eu me martirizo tanto. Me sinto tão antiprofissional, ele é pai dos meus alunos! E o que deve passar na cabecinha de Prince e Paris ao verem a professora na casa deles quase em todos os finais de semana? Por mais que nunca tenham nos visto juntos intimamente, eles são muito espertos, com certeza logo irão começar a se questionar.

E o pior, se me questionarem, eu não irei saber como responder. Afinal, o que Michael e eu somos? As vezes penso se devo ou não continuar com isso, preciso resolver toda essa situação antes que seja tarde.

Tomo um banho rápido e me troco. Michael escolheu um vestido branco com alguns detalhes em amarelo, as mangas vão até os cotovelos mas ele é bem fresco. Organizo a minha bagunça e saio do chalé. O dia está lindo. O sol está brilhante e o céu azul anil. Sorrio sentindo o vento fresco bater em meu rosto. Tudo aqui em Neverland é diferente, é melhor. Me sinto feliz o tempo inteiro, este lugar é o melhor do mundo.

Caminho para a casa principal, tudo está silencioso. Provavelmente as crianças ainda estão dormindo, hoje é domingo, Michael as deixa dormir até um pouco mais tarde. Entro tentando fazer o mínimo de barulho. Passo pela sala de estar que está vazia. Vou até o corredor do quarto de Michael, que ainda mantém as portas fechadas. Me resta esperar que alguém apareça. A casa é gigante, com certeza não será nada tedioso esperar por aqui.

Caminho até a enorme porta onde suponho que seja a biblioteca, empurro e ela se abre com facilidade, revelando milhares de livros. Meus olhos brilham! Minha boca se abre em um perfeito "o". Existem mais de 10 mil livros aqui, com certeza. A biblioteca é totalmente rústica, assim como o resto da casa. Há uma lareira no centro e duas poltronas de cor marrom, uma de cada lado. Uma mesa de centro de madeira escura e também um sofá vermelho. Algumas esculturas e pinturas, com certeza Michael escolheu todas elas.

Catalina Onde histórias criam vida. Descubra agora