Capítulo 43.

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21 de novembro de 2003
Las Vegas, NV

Catalina Hernandez
07:30

Hoje retornaremos para a Califórnia. Michael está louco para ver as crianças e eu me encontro na mesma ansiedade. Eu também preciso ver os meus alunos e saber se estão se adaptando a Camille. Eu precisei sair repentinamente da Califórnia e para a minha sorte, Camille estava disponível no dia e pode ir ficar com os meus alunos. Decidi que vou aproveitar e tirar alguns dias para ficar mais tempo com Michael, não quero deixá-lo sozinho agora, ele está muito sensível e vulnerável. Retornarei para a escola após o feriado de ação de graças.

Michael parece bem, pelo menos melhor do que ontem. Ele chorou muito durante a noite e demorou para dormir, eu fiquei acordada ao lado dele, é claro, não o deixo nem por um segundo. Quando tomamos banho hoje pela manhã, pude ver os hematomas enormes em suas costas, braços, ombro e joelhos. Quando o questionei sobre isso ele me disse que não queria falar. Eu respeitei, é claro, o dia de ontem foi traumatizante demais para ele, ficar relembrando isso é tortura. Mas eu não engoli, estou com muita raiva e o que me deixa ainda pior é não poder fazer nada sobre isso.

Beverly Hills
Los Angeles, CA

13:10

Quando voltamos a Los Angeles, viemos para a casa dos Dowson. Michael não quis de forma alguma voltar para Neverland, então ele pediu para que Jeremie encontrasse uma casa para ele em Beverly Hills, onde toda a família Dowson mora atualmente.

Com Bigi no colo, eu desço as escadas e vou até o jardim, onde Michael observa Prince e Paris  brincarem de longe. Me sento ao seu lado no banco e coloco Bigi em seu colo, ele ainda está com dificuldade para mover o ombro.

— Como está se sentindo? — pergunto encostando as costas no banco.

— Revigorado. — ele suspira e beija os cabelos de Bigi, que encosta a cabecinha em seu peito. — É bom estar com os meus filhos e saber que eles estão em segurança. — ele levanta seu olhar para mim e sorri com ternura.

— O que acontecerá com Neverland? Você ama aquele lugar, seu coração está ali...— ele me disse mais cedo sobre não querer voltar a viver em Neverland, eu o compreendo perfeitamente, mas é uma propriedade muito grande, precisa de atenção e cuidado.

— Eu jamais venderei Neverland, eu amo aquele lugar. Mas ele foi contaminado por pessoas ruins, não é mais a minha casa e a dos meus filhos. Agora ficará aberta para crianças pobres, criança doentes e que precisam de diversão, para os meus amigos e meus filhos quando quiserem, mas aquele nunca mais será o nosso lar. — ele diz com tristeza na voz. Acaricio seu braço com cuidado para lhe dar conforto, eu sei o quanto tem sido extremamente difícil para ele.

12 de dezembro de 2003
Escola de Artes de Los Angeles
Los Angeles, CA

Catalina Hernandez
15:55

— As apresentações de natal serão um sucesso, os ensaios para o coral iniciaram desde o mês passado, mas vocês ainda podem participar de outras atividades, que estão aqui nessa lista. — colo a lista na porta da sala com uma fita e volto a olhar para os meus alunos que me encaram atentos. — Espero que estejam tão empolgados quanto eu estou! — bato palminhas e eles riem.

Libero os meus alunos após o toque do sinal e me arrumo para ir embora. Meu retorno após o feriado de ação de graças foi ótimo, eu já estava com saudades dos meus pestinhas. Eles adoraram Camille e eu com certeza a contratarei como professora substituta mais vezes.

Catalina Onde histórias criam vida. Descubra agora