Capítulo 49.

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25 de julho de 2004
Beverly Hills, Los Angeles, CA

Catalina Hernandez
21:45

As férias já estão chegando ao fim, estou tentando aproveitar o máximo que posso com Michael e as crianças. Quando eu estou trabalhando, só temos tempo para ficarmos juntos no final de semana e tenho que confessar que não é suficiente pra mim, eu sinto muito a falta delas.

As crianças também estão de férias das aulas particulares e Michael tem tentado mantê-las ocupadas com programações diferentes todos os dias. Segundo ele, ele não quer Prince e Paris presos a televisões e computadores e eu concordo plenamente, crianças precisam brincar e se divertir de verdade. Por isso, hoje fizemos uma festa do pijama com direito a colchão na sala de estar, guloseimas, refrigerantes e muito desenho animado! Foi divertido, mas nossos pequenos soldados foram abatidos e ainda no primeiro filme, caíram no sono, o primeiro foi Bigi, como de costume.

Eu estou cada vez mais apegada a esses pequenos, penso neles o tempo inteiro e os amo com todo o meu coração. Essa relação acabou gerando um pensamento que está rondando minha cabeça ultimamente: eu terei mais filhos? Eu realmente me sinto mãe de Prince, Paris e Bigi, eles são tudo para mim, mesmo que eu jamais tivesse pensado em ter filhos antes. Nossa relação não foi planejada, simplesmente aparecemos na vida um do outro e eu sou eternamente grata por isso.

Mas o quero dizer é, como deve ser gerar uma criança? Eu tenho pensado muito nisso e é algo que tem me assustado. E bem, tem sido um pensamento constante, afinal, Michael e eu iremos nos casar, eu não sei se ele quer ter mais filhos ou se eu quero gerar uma criança, talvez seja cedo para pensar nisso mas, eu sou um pouco ansiosa. Também tenho pensado em como deve ser a vida de casada, Michael e eu estamos juntos na maior parte do tempo mas eu tenho a minha casa e ele tem a dele, é bem diferente. Eu sei que estou sofrendo por antecipação mas o que posso fazer? Eu estou nervosa, jamais vivi algo assim antes.

— No que está pensando? Está séria e tão calada. — Michael perguntou enquanto descemos as escadarias que dão acesso à área da piscina. Nesta casa não há parque de diversões como em Neverland, é claro. Nós adorávamos passear no parque a noite. Agora, na nova casa, nós gostamos de vir até a área da piscina para a observar as estrelas e ficar juntinhos ao ar livre.

— Michael, você quer ter mais filhos? — perguntei o que estava em meus pensamentos. Nós temos muita liberdade um com o outro e quando tenho uma dúvida em mente, eu pergunto.

— Com certeza! — ele respondeu de imediato. Nós nos sentamos na borda da piscina e ele colocou os pés na água, enquanto eu cruzei as pernas em posição de yoga. — Eu adoraria que tivéssemos um bebê um dia. É claro que meus filhos também são seus filhos agora, mas eu gostaria de ter uma pequena Cat correndo pela casa. — ele riu balançando os pés na água e eu sorri por ver sua felicidade.

— A ideia de gerar uma criança parece assustadora. — disse sincera e ele me encarou. — Eu não sei se conseguiria.

— Você vai se sair muito bem. — ele afirmou com convicção. — Meu sonho é ver você com uma enorme barriga caminhando pela casa... você será a mais linda de todas. — seus dedos acariciaram meu rosto e eu sorri.

— Eu ainda estou pensando sobre isso, não crie tantas expectativas, está bem? — disse com seriedade. Eu realmente ainda não decidi sobre isso, preciso pensar e repensar essa ideia.

— Não me custa nada sonhar. — ele insiste como uma criança e eu reviro os olhos rindo de seu jeitinho, ele me acompanha, rindo também. — Cat, eu estive pensando... — ele retira os pés da água e imita a minha posição, mas de frente para mim. — Por que não vem morar aqui conosco? — sua pergunta me pegou de surpresa, eu confesso, nós nunca havíamos falado sobre isso.

— Morar aqui? — rebati a pergunta e ele confirmou com a cabeça. — Bem, eu tenho as minhas coisas no meu apartamento, o meu trabalho... você sabe, é a minha casa.

— Mas aqui também será a sua casa, nós vamos nos casar. — disse óbvio.

— Você tem planos de continuar morando nesta casa quando nos casarmos? — perguntei surpresa. Não é que eu não goste daqui, a casa é bem bonita mas nosso lar é Neverland, é lá que a crianças querem e devem estar.

— E por quê não? Você não gosta daqui? — questionou com as sobrancelhas franzidas.

— Eu gosto da casa mas o lar das crianças é em Neverland, você sabe. — afirmei e ouvi ele suspirar. Apesar de ter cedido em visitar o rancho com mais frequência, ele ainda está relutante quanto a ideia de voltar a viver lá.

— Se não quiser viver aqui, eu também pensei em sairmos dos Estados Unidos, a Irlanda é um ótimo lugar para viver e ... — arregalei os olhos ao ouvi-lo.

— Do que está falando? — perguntei o interrompendo, ele me encarou confuso. — Eu não posso sair dos Estados Unidos, eu tenho uma carreira aqui. — falei como se fosse óbvio, porque é! Eu não vou largar o meu emprego de forma alguma!

— Cat, você só irá trabalhar se quiser, sabe disso não é?

— Do que está falando? Eu não vou parar de trabalhar, Michael. — respondi relutante.

— Será melhor para nós se estivermos em outro país. As pessoas não nos assediariam tanto como aqui na América e quem sabe, as crianças poderiam frequentar uma escola normal, se quisessem. — ele deu de ombros e eu o encarei incrédulo.

— As coisas não funcionam assim. Você é Michael Jackson em qualquer lugar do planeta, isso não vai mudar.

— O assédio não acabaria, mas com certeza seria bem menor. — respondeu. — Preciso de um lugar de paz para as crianças, elas não podem viver nessa turbulência para sempre.

— Nós já temos um lugar de paz: Neverland! — respondi com indignação e ele bufou.

— Neverland está fora de cogitação, nós não voltaremos para lá nunca mais! — exclamou irritado e eu levantei imediatamente, essa conversa me deixou com raiva, ele está sendo tão egoísta agora!

— Você está sendo muito incompreensível! — exclamei irritada.

— Por que você está complicando isso? Você sabe que viveríamos bem com você trabalhando ou não, Catalina. — alterou seu tom de voz e levantou-se ficando frente a frente comigo, sua voz não era doce e sim firme e muito grosseira.

— Eu não vou largar o meu emprego simplesmente porque você julga correto sairmos do país sem sequer pedir a minha opinião. Me surpreende muito que possa ter passado na sua cabeça em algum momento que eu aceitaria isso. — eu respondi com indignação, como ele pode me propor algo assim? — Eu não vou ficar em casa e tampouco vou depender de você para fazer as minhas coisas, Michael, eu não me importo com o quanto você ganha, o meu trabalho é o meu trabalho e ponto final! É melhor repensar bem, porque eu não tiro os meus pés desse país nem amarrada! — ríspida eu encaro os seus olhos negros. Ele não me responde uma só palavra. Preciso sair daqui antes que ele diga algo que me irrite ainda mais. Caminho para fora da área da piscina e esbarrando em seu ombro ao passar por ele, eu caminho em passos fundos até a casa.

Continua...

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