Capítulo 59.

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16 de julho de 2005
Nicteel Hotel
Tulum, México
23:15

Foram mais ou menos 11 horas até o nosso destino final. Felizmente o aeroporto não é longe do hotel e conseguimos chegar bem rápido, mas chegamos exaustas! Nossos únicos desejos eram deitar e descansar, mas quando vimos o quão lindo é todo o lugar, o cansaço foi embora! Tudo é muito bonito e elegante, a decoração tem o estilo boho, que combina perfeitamente com a praia. As paredes são brancas e o chão é de uma madeira clara e brilhante, assim como a maioria dos móveis. A minha suíte é gigantesca e possui enormes janelas de vidro com a vista de frente para a praia de águas azuis. As praias do meu país são definitivamente as mais lindas.

Não pude deixar de parabenizar Stef pelo bom gosto, já que foi ela quem escolheu o hotel. Também agradeci as duas por me convidarem e me incluirem nos planos delas, elas realmente não tinham obrigação nenhuma comigo, foi muito gentil terem me chamado. Mais amigos das duas chegarão amanhã, o hotel está lotado! Felizmente e por um milagre, conseguimos uma reserva para mim de última hora. Graças a insistência de Stef, no final tudo deu certo.

Me acomodei na linda suíte, onde ficarei hospedada nos próximos 10 dias. Tirei tudo da mala e organizei nos armários, tomei um delicioso banho morno que estava desejando durante toda a viagem, depois de tantas horas sentada na poltrona do avião, era tudo o que eu precisava.

Após me acomodar muito bem, pensei em ligar paras as crianças. Na verdade, eu venho pensando nisso durante o dia todo, ainda não pude falar com eles. Me sentei na cadeira de palha, que aliás, é muito bem elaborada e peguei o celular, discando o número que é tão conhecido por mim. Chamou por longos segundos e quando eu estava quase desistindo, a voz mais doce que já ouvi na vida soou do outro lado da linha.

— Cat? — ele sempre pergunta, mesmo que meu nome seja exibido na tela.

— Sim, sou eu. — confirmo. — Tudo bem?

— Sim, estamos nos adaptando...—  suspirou. — E você? Como está?

— Bem! — menti descaradamente.— Estou no México, com Stef e Cléo. — informei relutante se deveria ou não. Eu não gostaria de parecer que estava dando satisfações a ele, mas ele é pai das crianças, caso algo aconteça, ele saberia onde me encontrar.

— Oh, isso é ótimo! O méxico é um lugar lindo! Gostaria de ter ido mais vezes. — ele comentou e eu pude ouvir algumas vozes infantis no fundo, são os meus pequenos.

— Como eles estão? — perguntei cortando o assunto. Eu não quero me aprofundar em assuntos que não sejam nossos filhos, pelo menos não por enquanto. Se começarmos a falar sobre nós, sei que uma coisa levaria a outra e logo estaríamos chorando, pendurados no celular. Eu definitivamente não quero isso.

— Estão ótimos. É claro, ainda é stão em processo de adaptação e as vezes até me pedem para voltarmos para casa. — suspira pesado e sinto meu coração se apertar ao saber, eles devem estar sentindo tantas saudades. — Mas as coisas estão indo bem. Começarão as aulas daqui algumas semanas e aos poucos vamos retomando à rotina que tínhamos na Califórnia. — ele explicou.

Apesar de ainda sentir muita raiva pela decisão que ele tomou, me sinto tranquila em saber que as crianças estão mais do que bem com ele, Michael é um pai incrível. Além disso, ele tem feito questão de me incluir em tudo que diz respeito a elas, inclusive me enviou o currículo da professora por e-mail. Nós conversamos ao telefone e juntos decidimos que seria uma boa decisão a contratar. Me surpreendeu a sua atitude de se importar com a minha opinião para uma decisão como essa, afinal, ele decidiu que seria uma boa ideia se mudar para outro continente sem me consultar antes, é um tanto contraditório.

— Isso é ótimo! Acho que vão se dar bem com a nova professora. — comentei. — Eles podem falar ao telefone agora? — perguntei e ele confirmou. Ouvi alguns ruídos e após alguns segundos, as vozes que acalmam o meu coração soaram em meu ouvido.

— Olá, Cat! — os três falam em coro. — Eu estou com muitas saudades, venha nos visitar! — a voz doce de Paris soou do outro lado e foi impossível não sorrir. A nossa conversa se estendeu por longos minutos. Os três falando ao mesmo tempo ao telefone e até tendo pequenas discussões, como de costume, me fazendo rir. O caos mais gostoso e que eu tanto sinto saudades. Bigi aprendeu diversas palavras novas, parece que a cada hora que se passa, ele aprende mais coisas, fico impressionada!

Eles estão empolgados para voltarem para a escola e não veem a hora de conhecerem a nova professora. Também estão adorando ir à praia, comer as comidas gostosas que tem no Bahrein, além de estarem conhecendo pessoas novas. Fico feliz de que a adaptação deles esteja sendo tranquila, isso é uma dor a menos para mim. Mesmo estando longe, tudo o que quero é que estejam felizes.

17 de julho de 2005
Nicteel Hotel
Tulum, México
10:15

O sol da manhã aquece meu corpo e a brisa do mar me trás a paz que eu estive procurando durante todas essas semanas. Com os óculos escuros e de olhos fechados, eu finalmente não penso em nada, apenas me mantenho presente nesse momento tão gostoso. Eu não sabia que estava precisando tanto disso! 

As últimas semanas foram um inferno na Terra. A saudade e a raiva que senti de Michael andaram lado a lado. Não vou mentir, ainda estou muito magoada com ele, mas não posso deixar que isso domine a minha vida. Tudo bem, o nosso casamento tão sonhado não aconteceu, mas eu posso lidar com isso e posso lidar com a distância entre mim e meus filhos, por mais difícil que seja.

Um falatório me tirou do meu transe e chamou a minha atenção. Com curiosidade n e levantei da espreguiçadeira e me virei em direção as vozes que estavam atrás de mim. Eu não esperava conhecer nenhum deles e realmente, eu jamais havia visto nenhum daqueles rostos antes, mas um eu tinha certeza que conhecia e muito bem: Pablo Guerrero.

Ele parecia tão surpreso quanto eu e seu sorriso desapareceu quando nossos olhares se cruzaram. Me virei imediatamente para a praia e encostei as costas novamente na espreguiçadeira, espremendo os olhos e desejando que o homem que eu havia acabado de ver fosse apenas uma pessoa muito parecida com ele.  Não nos víamos desde o casamento de Cléo e Stef, quando ele e Michael tiveram um mal-entendido feio. Definitivamente Pablo não seria a melhor pessoa para encontrar após o meu término.

Continua...

Catalina Onde histórias criam vida. Descubra agora