O carro dela era uma picape Chevy velha e nem se comprava ao Volvo que ele tinha deixado em Nova York, ele concluiu. Ela era de um vermelho desbotado, com para-lamas grandes e arredondados e uma cabina bulbosa. Era grande e velha, mas tinha estilo, ele gostou.– Tem alguma coisa de quebrar nas malas? — ela perguntou e ele negou com a cabeça. — Ótimo. Seria horrível ter que pagar por perdas e danos a suas coisas.
Ele só entendeu a frase dela depois que ela agiu. Pegou a mala no chão com um poco de dificuldade e jogou na traseira, escoberta, da picape sem nenhum cuidado ou delicadeza. Ele a encarou completamente surpreso e depois que jogou as duas, ela sorriu Apontando para a porta do veículo, ambos entraram e ele foi levando no colo a mochila, não a deixaria nem se aproximar dela.
O silêncio era perturbador e constrangedor. Ele a via dirigindo com toda a atenção para a direção e pensava em como puxar assunto, mas o que falaria? "Parece que vai chover né?" seria patético já que naquela cidade todo dia parecia que iria chover.
— Chegamos! — ela anunciou em frente a uma casa de dois andares que parecia realmente grande. Era branca com várias janelas e uma aparência cuidada.
— Er, você sabe se é muito cara a diária?
— Que nada. A dona da casa é a Zoraida Gomes. Ela faz isso apenas pelo prazer da bagunça e de conhecer gente nova. A casa era pra ser só dela, mas é realmente grande e ela passou a receber turistas ou qualquer merda do tipo. Gente que precise de um lugar barato.
— Bom. E você, onde mora?
— É informação demais, nem te conheço direito.
— Sou Christopher Uckermann, prazer!
sorriu.
— Prazer!
Ela desceu do carro em um pulo e bateu a porta, andou até a traseira e pegou as malas pousando-as no chão. Christopher estava sentado confuso, ela nem tinha dito seu nome, só despertou do transe quando a ruiva bateu no capô do carro.
— Vai descer ou não? Tenho que voltar pro restaurante!
Ele desceu do carro e colocou uma das alças da mochila sobre um ombro e pegou as outras duas malas. Viu-a andar em direção a porta e entrar sem se preocupar em chamar ou com qualquer outra regra de educação, o que lhe lembrava Anahí. Ele foi a seguindo meio hesitante.
— Zora?! — ela gritou. E uma mulher
alta de cabelos loiros curtos, com um sorriso simpático, apareceu no alto da escada com um vestido rosa e sapatilha nos pés, era bonita. — Turista e novo morador, dê um quarto e diga o que tem que dizer bláblá. Tenho que voltar pro restaurante!— Não vai nem me dar oi Dul? Quanta simpatia e educação! — a menina disse sorrindo descendo os degraus.
— Essa é Zora. Ela é assustadoramente animada e pode te dar medo as vezes, mas é gente boa, se eu fosse você teria medo da morena maníaca e do moreno com cara de drogado. Espero que fique bem, boa sorte. Tchau! — sorriu tocando o ombro dele.
Ela saiu da casa rapidamente e ele escutou o motor rugindo quando voltou a ligar a antiga picape. Zora desceu as escadas correndo.
— Prazer, sou Zora Gomes! — esticou a mão.
— Prazer, Christopher Uckermann. — apertou-a sorrindo. — Então aqui é a pousada ou algo do tipo?
— Quase isso. Mas novos moradores são sempre bem vindos! — riu e Christopher percebeu que gostava daquela mulher de sorriso simpático. — Moram na casa atualmente três pessoas, mas a casa está sempre cheia com os amigos, eu espero que não se incomode.
— É. Tudo bem! — sorriu. Não era o que esperava, realmer queria tranquilidade, mas era o que tinha então não ia reclamar.
Zora o levou para o segundo andar pra mostrar o quarto em que ficaria, Enquanto subiram a primeira coisa que acertaram foi o preço, ficaria 175 dólares por semana, que dava 25 dólares por dia e como ficaria apenas quatro semanas não era um preço tão alto. Não era muito comparado ao preço da diária de um bom hotel.
O quarto que ficaria era bem amplo e iluminado. Uma cama de casal ao centro, uma janela que mais parecia uma porta pelo tamanho que dava direto a uma sacada linda com vista para a cidade quase toda e a floresta. Uma escrivaninha e banheiro privativo. Roupa de cama trocada e tudo impecavelmente limpo. Era perfeito. Zora lhe explicou as regras sem música alta depois das dez da noite e fazer festa tinha que avisar a todos antes, ele lhe garantiu que não faria nenhuma das duas. Ela entregou-lhe um chaveiro com duas chaves (uma cópia da porta da casa e outra a porta do quarto), pediu para que mantivesse tudo limpo porque não tinham faxineira e que ele era livre para andar pela casa. Christopher deixou a mala no meio do quarto e a mochila na cama.
— Espero que goste! — ela sorriu.
— Hum. Tudo parece perfeito, obrigado mesmo. Quando eu pago?
— Ah, você pode pagar no final de cada semana que ficar ou quando for embora, eu prefiro. Anotamos o dia que você entrou e quando você sair você paga tudo, fica melhor!
— Ótimo.
— Então vou lhe deixar sozinho para se ajeitar no quarto. Sinta-se em casa!
Ela sorriu animada, empolgada por ter morador novo na casa e já estava quase saindo quando Christopher tomou coragem para perguntar o que lhe atormentava:
— Zora, sabe aquela menina que me trouxe aqui? Qual o nome dela?
— Você veio de carona e nem sabe o nome?
— É. Eu a conheci almoçando e Ninel mandou ela me dar carona, então poderia me dizer? É que eu gostaria de agradecer depois, sei lá.
— Agradecer? Sei. — ela riu maliciosa. — É Dulce, mas ela prefere Dul.
— Hum. E a irmã gêmea?
— Irmã gêmea de quem?
— Dessa Dulce...
— Você encontrou com uma irmã gêmea da Dul?— Zora parecia não ter ideia do que ele estava falando.
— É que quando cheguei à cidade tombei com ela, mas não falava meu idioma e quando a reencontrei no restaurante ela disse ter sido a irmã gêmea. explicou-se.
— Oh, entendi. Dulce, sempre a Dulce! — riu a menina. — Ela te enganou, adora enganar turistas. Alguns turistas são bem inconvenientes com as moradoras bonitas da cidade, por mais que não fosse sua intenção ela sempre se defende se afastando dos turistas. Então se você encontrou com alguém deve ter sido a Dul mesma.
— Sério? — Christopher perguntou surpreso.
— Sério! — Zora garantiu e riu. — A Dul é filha única!
•••
VOCÊ ESTÁ LENDO
SURREAL DREAM
Fanfiction||CONCLUÍDA|| +16 Christopher Uckermann é um colunista free lance e escritor conhecido por sua fama de conquistador festeiro e por ter um dos livros mais esperados do ano. Mas em meio a tudo isso, o que podia ser uma coisa boa acaba se tornando um p...