ᴇɴᴛʀᴇᴠɪsᴛᴀ

356 35 12
                                    

Não demorou a chegar em casa e estava com as palavras de Mai martelando em sua cabeça. Como um rosto ardendo após um forte tapa. Fernando não estava em casa, devia estar na Ninel ou pescando, mas não lhe interessava muito naquele momento, jogou as chaves na mesinha de centro e correu para o quarto.

Acidentalmente.

Lá estava o livro, no mesmo lugar intocado. Soltou o ar com força e o pegou, parecia pesar ainda mais. Deixou-o na cama e se trocou, colocando um conjunto de moletom mais confortável e então desceu para sala. Sentou-se no sofá com o livro na mão, dobrou as pernas e lentamente tirou o livro do zip lock. Engoliu seco e abriu a primeira página, havia uma assinatura, um autógrafo de Christopher, quase sorriu.

"Nunca terei palavras para lhe agradecer, mas acho que nesse livro mostrei um pouco e só espero que goste ou que pelo menos não se ofenda. Passei tanto esperando que Anahi sentisse orgulho de mim e hoje espero que você tenha. Com todo o amor do meu coração, seu forasteiro idiota, Christopher Uckermann"

Ela não tirou os olhos daquela última frase...

Com todo o amor do meu coração, seu forasteiro idiota, Christopher Uckermann.

Com todo o amor do meu coração, seu forasteiro idiota, Christopher Uckermann.

Com todo o amor do meu coração, seu forasteiro idiota, Christopher Uckermann.

Seus olhos já estavam marejados. Fechou-os com força e deixou as lágrimas descessem por seu rosto, respirou fundo e voltou a abri-los. Passou mais páginas e tinha a dedicatória do livro, em uma página em branco, apenas duas linhas posicionadas a direita da folha:

Para a minha mais inocente nativa.

Você é a única que já tocou meu coração. Ele será sempre seu. Meu único amor.


Não conseguiu mais ler, apenas fechou o livro rapidamente e se deixou chorar.

Estava com medo do que iria ler... Era toda a história? Será que ele falara de cada detalhe? Do sexo ao James? Falou sobre o quanto ela era idiota e ele um pegador? Não, se fosse isso ninguém estaria insistindo para que ela lesse. O medo dela era outro, ver que tinha realmente feito uma idiotice. Porque por mais que negasse, Dul sabia isso, amava aquele idiota.

O barulho da porta assustou-a e então Fernando entrou na casa.

— Dul, você está bem? Eu passei na mansão para ver como você estava e Mai estava deitada no sofá toda vermelha e chorando como nunca a vi chorando, dizendo que você a odiava e então Derick me disse sobre a briga, mas vejo que você não está muito melhor que ela. — falou paternalmente.

Dul mordendo o lábio abafando os ruídos do choro, mas negou com a cabeça, de maneira nenhuma odiava Mai e iria falar isso para ela depois, mas não estava nenhum pouco melhor que ela. Fernando suspirou e se aproximou da filha, sentou ao seu lado e a puxou para seus braços, Dul afundou o rosto em seu peito e chorou, recebendo carinho nas costas e no cabelo.

Shhh... Vai passar Dul, eu sei que vai, mas agora não precisa se fazer de forte, eu estou aqui por você e vou te segurar. Chora Dul, chora... — sussurrava Fernando, enquanto a acalmava, mexendo o corpo para frente e para trás levemente, em um movimento semelhante ao de ninar um bebê.

Dul soluçava com o rosto no peito de Fernando, apertava seu braço com força como se não quisesse cair. Estava a um mês inteiro segurando aquele choro, agora não conseguia parar. Fernando sentia o coração partir ouvindo o choro de sua menininha, queria poder fazer mais. Mas aos poucos Dul foi se acalmando, até o choro que fazia seu corpo inteiro tremer, não passar de soluço com poucas lágrimas. Ela ia respirando fundo, tentando recuperar o controle.

SURREAL DREAM Onde histórias criam vida. Descubra agora