— Meu pai ficou normal, como se soubesse que aquilo iria acontecer, entende? Quando o carro estacionou, Felipe desceu e foi guardando as malas da Blanca no carro, ela me encarava com um sorriso nos lábios e eu estava na frente do meu pai. Eu tinha implorado pra ela me levar, chorei e gritei, fiz de tudo e ela disse que ia ficar a maior parte do tempo viajando e eu precisava de uma vida fixa, ela queria se livrar de mim e viver com o Felipe. Meu pai encarava Blanca com um misto de dor, ressentimento, mágoa, tudo. E para Felipe, eu ainda lembro, ele só olhou uma vez, quando Felipe esticou a mão e disse: "Eu sinto muito, sem ressentimentos e espero que fique tudo bem entre a gente", meu pai olhou a mão dele com desprezo e colocou as dele sobre o meu ombro, me virou e entramos juntos sem dizer nada. Pela janela vi minha mãe sorrir e acenar dizendo "Adeus" e eu chorei, eles entraram no carro e foram. Eu olhei rapidamente pro meu pai e vi lágrimas nos seus olhos, ai eu corri pro meu quarto e chorei muito. Desde aquele dia não vejo minha mãe, apenas por cartões, que com o tempo pararam de vim, é como se ela tivesse morrido. Se não fosse pelo meu pai... Acho que nem estaria aqui, sério. Ele me abraçava e dizia que ia tudo ficar bem, eu ia cuidar dele e ele cuidaria de mim, que ele me amava mais que tudo e ia ficar comigo pra sempre. — Dul estava com a voz trêmula e lágrimas escorriam molhando seu rosto, ela passou a mão nas maçãs do rosto, secando-as e olhou para Christopher— Ele desde então fez de tudo para suprir a ausência da Blanca e se tornou minha vida, o melhor pai do mundo! Presente, companheiro, engraçado, por mais que sofresse, na minha frente ele sempre estava forte e firme pra me pegar quando eu caísse, era meu porto seguro.
Christopher sorria ao ver a emoção de Dul ao falar do pai, não sabia o que era aquilo, mas achava um sentimento nobre. Esticou a mão e pegou a da Dul, entrelaçando seus dedos e fazendo carinho. Dul fungou e voltou a falar:
— Três anos depois, quando eu tinha 15 anos, o marido da Ninel morreu. Meu pai, como um antigo amigo da família ajudou muito porque entendia a dor de perder alguém que amava e eu tentava ajudar Leah, já que Seth era muito novo. E assim viramos uma só família. Dois anos depois, eu tinha 17, Fernando e Ninel começaram a se envolver, mas tinham medo das nossas reações. Eu tinha 18 quando, junto com Leah, avisamos que tudo bem se eles namorassem, íamos aceitar e apoiar, então agora eles estão juntos como você vê hoje. Um ajuda o outro, e os dois me ajudam. — sorriu.
— Um final feliz?
— É, um final feliz, ainda bem. Mais alguma coisa?
— Quem era o James? O outro forasteiro que te deixou assim?
— Tá, hoje é meu dia de falar pra caralho, certo? — deu uma risada seca.
Dul soltou o ar com força, olhando os dedos entrelaçados aos de Christopher, juntando tudo na cabeça e resumindo.
— É... James. Ele era um forasteiro, que não veio exatamente a turismo, veio a trabalho. Ele é um empresário do ramo imobiliário, na verdade a família dele e ele veio aqui no lugar do pai. Estava construindo um hotel da família em Port Angeles, ele teria que ficar um bom tempo lá por causa disso e como as vezes ficava sem ter o que fazer acabava passeando pela região, em um desses passeios acabou vindo em Forks. Nos conhecemos no restaurante da Ninel, me encantei a primeira vista. Eu tinha 16 anos, sabe aquela idade de se apaixonar fácil e ser boba? Eu estava nessa época. Ele era realmente muito bonito, musculoso, jovem, atraente, cabelos loiros meio compridos e mais velho, galanteador, deu em cima de mim dizendo algumas coisas bonitas sobre o quanto meus olhos castanhos brilhavam na luz do sol e eu era a mais linda flor do jardim da vida dele. — Dul riu ressentida. — Hoje em dia me sinto ridícula por ter caído nessa cantada barata, mas eu cai. Era a primeira vez que um homem me via daquela forma, como uma mulher, eu sempre fui o patinho feio da turma e sempre rodeada por homens que eu via como irmãos e que me viam assim também, então alguém gostando de mim era novidade, eu me deslumbrei com isso e me entreguei totalmente a essa paixão. Ele vinha pra Forks sempre pra me ver, dois dias depois estávamos ficando.
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SURREAL DREAM
Fanfiction||CONCLUÍDA|| +16 Christopher Uckermann é um colunista free lance e escritor conhecido por sua fama de conquistador festeiro e por ter um dos livros mais esperados do ano. Mas em meio a tudo isso, o que podia ser uma coisa boa acaba se tornando um p...