ᴏ ǫᴜᴇ ᴇᴜ ǫᴜɪsᴇʀ

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— E foram minhas últimas palavras para o meu pai. — Christopher disse após contar toda a cena detalhadamente para Dul. Cada frase, os gritos, tudo. Ela escutava tudo com um aparto no peito. Não era fácil ver o seu turista idiota chorando. Colocou a mão sobre o joelho dele e apertou. — Depois da briga eu sai com muito ódio, peguei meu carro e fui para uma balada, onde passei a madrugada toda bebendo e dançando com umas garotas, de lá eu fui para uma apartamento de uma... Amiga e ficamos conversando.

— Sério? — Dul perguntou cética.

— Não. — ele riu com o quanto aquilo ficou patético. — Era uma amiga de longa data, Belinda, mas ficamos fazendo muito mais que conversar, se é que você me entende. Eu não estava com muita vontade de voltar pra casa e ter outra briga com o Victor, então dormi lá mesmo. Acordamos no dia seguinte por volta das onze da manhã, ela viu que tinha várias ligações perdidas e mensagens de voz da Anahí no meu celular, mas eu não dei a mínima. Disse foda-se e passamos a tarde juntos. Quando eu sai de lá eram cinco da tarde, por fim abri uma das mensagens da Anahí, vários palavrões e um tom muito agressivo dizendo pra eu ligar pra ela, mas quando tentei o celular estava desligado. Fui para casa e a empregada me disse que algo tinha acontecido com o meu pai e me deu o endereço do hospital. Eu ainda estava cheirando a balada e bebida, nem tomei banho, fui para o hospital. Anahí estava no corredor com o Poncho, que na época era apenas um melhor amigo, e chorando.

Flash back

Christopher não tinha idéia do que estava acontecendo, mas não estava gostando nenhum pouco. Anahí estava em pé com o peito no peito de Poncho que estava na sua frente lhe abraçando. Christopher se aproximou sem entender nada.

— Anahí, o que aconteceu? — perguntou hesitante. Annie lhe encarou com o rosto todo molhando e levemente inchado, saiu dos braços do Poncho e foi para o peito de Christopher, lhe dando vários socos com força.

— Seu desgraçado, o que você fez com o meu pai? Filho da puta, maldito, é o meu pai!!! — disse alto e com ódio, batendo ainda mais.

— Calma Annie, se acalme. — Poncho a puxou tentando a controlar, Annie virou o corpo e voltou a afundar o rosto no peito dele.

— Mas o que... Eu não fiz nada com o Victor, o que aconteceu? — perguntou confuso.

— Ele sofreu um ataque cardíaco — Poncho respondeu por Anahí, que chorou ainda mais alto lembrando do que tinha acontecido, e a apertou contra seu peito. — Ele está na UTI em estado grave.

O chão sob os pés de Christopher sumiu, ele não conseguiu dizer nada. Anahi enxugou o rosto e foi sozinha, deixando Christopher explicar toda a história ao irmão. Victor tinha sido encontrado por Anahi de manhã, desmaiado no chão com a mão no peito; não tinha empregados na casa na hora então ninguém pode o socorrer. Explicou que de acordo com os médicos o ataque tinha ocorrido a noite ou pela madrugada, e a demora ao resgate e atendimento tinha agravado ainda mais uma situação crítica e o caso era de vida ou morte. Christopher engoliu seco lembrando de Victor apertando o peito, tinha sido sua culpa. Não falou uma palavra, mas sabia que era sua culpa. Anahi não lhe encarava, apenas chorava junto ao peito de Poncho, Christopher sentou-se no banco esperando noticias junto com eles e se culpando pelo que acontecera.

Uma hora se passou e o médico saiu da UTI sem expressão alguma no rosto. E tudo que disse foi: Eu sinto muito, fizemos o possível. Anahi quase caiu de joelhos chorando, mas Poncho a segurou e a abraçou com força. Christopher mal acreditava, arregalou os olhos e pediu para que o médico explicasse. O coração fora muito prejudicado pelo infarto e um edema agudo no pulmão só piorou a situação, por mais que tentassem reanimá-lo Victor não resistira. O médico disse que uma funcionária do hospital ajudaria com os preparativos e foi embora. Anahi parou de chorar e virou-se para Christopher, estava séria e com raiva nos olhos, lhe apontou o dedo.

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