Ela estava gostando do senso de humor dele. Ele era insistente e ela nem via um motivo para ele tentar tanto se aproximar, mas gostava do senso de humor. Além de achá-lo bonito. Ela parou sorrindo encarando-o. Aqueles dentes extremamente brancos, não exatamente enfileirados, mas não deixava de ser bonito. Lábios bonitos, olhos claros, mas o que lhe chamava atenção era o cabelo. Um castanho claro, bagunçados de um jeito estiloso.Usava uma camisa de flanela xadrez e jeans, simples e sexy. Era uma mistura perfeita de estilos, maldito forasteiro idiota.
— Tudo bem. Eu sugiro o filé de frango com legumes acompanhado de arroz branco e uma Coca-Cola gelada. É bom. — sorriu.
— Ótimo, vou seguir seu conselho. Quero um prato desses. Não quer me fazer companhia em um almoço agradável?
— Eu estou trabalhando. — ela anotou o pedido no bloquinho e ergueu o rosto para fitá-lo. — Já volto com seu pedido, alguns minutos.
Ele assentiu sorrindo e Dul se dirigiu até Ninel, entregou a ela o pedido e deixou que ela preparasse o pedido. Era um restaurante simples, mas extremamente organizado e limpo, um estabelecimento familiar. Dul foi até outra mesa e pegou o pedido, entregou a Ninel e pegou o prato de Christopher (que em menos de dez minutos estava pronto) e levou até ele. Colocou o prato na mesa, junto à garrafa long neck de coca-cola e um copo.
— Aqui está, senhor.
— Tem certeza que não quer me acompanhar? — perguntou erguendo o garfo.
— Bom apetite! — disse rindo e voltou para o balcão.
Voltou a trabalhar, anotou e entregou alguns pedidos, em alguns minutos pode se sentar junto ao balcão. Descansando. Quando os clientes fossem embora teria que recolher os pratos, limpar o salão e as mesas, muito trabalho. Ninel que estava na cozinha, saiu e começou a lavar louça na pia atrás do balcão. Dividia olhares entre a louça e Dul, que percebeu.
— Pode falar Ninel.
— O que? — se fez de desentendida.
— Fala logo. Você está me olhando de rabo de olho, está querendo dizer algo, mas não sabe como fazê-lo. Diz logo!
Ninel deu uma risada, lavou a mão que estava com sabão e deixou a louça ali mesmo. Enxugou-a em uma toalha e se aproximou de Dul. Ela tamborilou os dedos na mesa sorrindo divertida. Ninel além de sua chefe era sua madrasta. Ninel era jovem e ficara viúva cedo após seu primeiro marido morrer de ataque cardíaco, deixando-a sozinha com dois filhos. Então se aproximou de Fernando e assim começaram um romance, Dulce apoiava, eram felizes juntos e isso era fundamental. Por isso tinham mais do que uma relação de patrão e empregado, era amizade, companheirismo, amor de mãe e filha.
— Christopher não para de olhar para você! — Ninel disse com um sorriso divertido e malicioso.
— Tá, eu deveria entender isso? Quem é Christopher, Ninel?
— O turista. Qual é? Eu vi vocês conversando, trocando olhares, hein? — bateu com o braço no de Dul.
— Você está parecendo uma daquelas adolescentes idiotas quando vê o amor platônico, para com isso ok? Está me assustando. Eu não estou nem aí para o forasteiro.
— Como não? Ele é um gato, Dul.
— Francamente mulher, que comportamento é esse? Eu vou contar pro meu pai, Ninel! — disse fingindo indignação. — Controle-se, de o exemplo!
— Olhar e comentar não é traição. Não tecnicamente. — Ninel riu. — E então? Por que não aproveita? Se divertir, você está precisando disso desde...
— Pode parar por ai, é melhor. — ergueu a mão para que ela parasse e ficou em pé. — Ele é apenas mais um turista como todos os outros. Vem pra cidade fica alguns dias e adeus, nunca mais vou vê-lo. Não, obrigada. Eu já vi esse filme, já sei o final, é daqueles que tem um começo e meio legal, tem tudo para ser um filme perfeito mas o final é decepcionante, não vale à pena. Agora vou trabalhar e você devia fazer o mesmo. Tchau!
Christopher pagou o prato sorridente e se despediu de Ninel e Dul com sorrisos. Sabia que ela não voltaria a falar com ele, então era melhor parar e ir embora. (Por aquele dia, claro, ele não desistiria.) Voltou para casa e não encontrou ninguém, subiu direto para o quarto e sentou-se na escrivaninha em frente ao notebook. Lembrou-se do rosto de Dulce. Para sua surpresa era o que vinha em sua cabeça e o fazia sorrir como um bobo adolescente. Abriu um documento no editor de texto em que escrevia o livro com um ânimo novo, estranho, mas empolgante.
Capítulo 1 - Um mulherengo em crise? Tome uma decisão.
Dê adeus a suas festas, mulheres, bebidas e sexo. Agora? Se dedique.
Capítulo 2 - Cidade nova e Pequena.
Pessoas novas, legais e algumas estranhas. Fuja enquanto pode!
Seus dedos percorriam as teclas e as palavras apareciam na tela, era como mágica. Não a parte da tecnologia, mas sim a ideia estar vindo e sendo boa. O livro ainda não tinha nome, mas estava tomando forma. Tinha que escrever um romance ao estilo C. Uckermann, então escrevia sobre a sua própria vida, o que mais teria o seu estilo? Seria perfeito. Ou talvez não? No momento não importava, apenas escreveu várias páginas com empolgação.
Capítulo 3 - Não fugiu? Agora aguente, forasteiro.
Você é o forasteiro idiota, cuidado com as nativas inocentes.
Ele ficou na frente daquele computador por horas. Perdeu completamente a noção do tempo enquanto escrevia, ou na verdade descrevia como fora a noite anterior antes de de viajar, a escolha da cidade, sua chegada à cidade, primeiras impressões, as pessoas que conhecera e como encontrara Dulce, sua nativa inocente. Tudo detalhadamente.
Finalizou o capítulo com um enorme sorriso. Passou um mês inteiro e sem nenhum capítulo, agora em menos de 7 horas (seis horas e alguns minutos em frente daquele computador com pausas apenas para ir ao banheiro) tinha conseguido três capítulos inteiros. Estava tudo se encaixando. Abriu outro capítulo.
Capítulo 4 -
Mas não sabia o que escrever. Sua
imaginação (ou lembranças sobre o que vivera naquela cidade) tinha se esgotado, e agora? Os grilos voltaram a sua cabeça. Cri, cri, cri, cri. Era quase um diário de viajem, então precisava viver outras coisas. Mas não agora. Salvou o documento (ainda sem título) e fechou o notebook. Andou até a sacada, já era noite e isso o assustou um pouco, o tempo passara rápido enquanto escrevia. Pela sacada viu a picape de Dulce e ela conversando animadamente com Maite, a morena entrou na casa e Dul, por hábito, ergueu o rosto e o viu. Christopher acenou sorrindo animado e ela devolveu o aceno rindo, entrou no carro e partiu. Para ele era mais do que um desejo de boa noite, então foi para a cama bocejando. No dia seguinte teria mais um dia naquela interessante cidade.•••
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SURREAL DREAM
Fanfiction||CONCLUÍDA|| +16 Christopher Uckermann é um colunista free lance e escritor conhecido por sua fama de conquistador festeiro e por ter um dos livros mais esperados do ano. Mas em meio a tudo isso, o que podia ser uma coisa boa acaba se tornando um p...