'ᴛᴀᴘᴀ ɴᴀ ᴄᴀʀᴀ'

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E mais uma vez lá estava ele acordando cedo por causa da campainha.

A mesma campainha que o acordara no dia anterior.

A campainha que tocava insistentemente. Irritantemente. Inconvenientemente. Malditamente. Puta que pariu... De novo!

— Por deus! Qual o prazer das pessoas de me acordarem? — se perguntou caminhando até a porta. Só tinha dado tempo de lavar o rosto e escovar os dentes, estava ainda de samba canção. — Pronto! — abriu a porta, irritado. — Annie?

— Bom dia, maninho! — sorriu. — Posso entrar?

— Claro, que pergunta idiota, você geralmente entra sem bater. — falou irônico e fechou a porta.

— É, eu esqueci a cópia da chave que você me deu. — tentou rir e colocou a bolsa em cima da poltrona.

— Annie, você aqui antes das dez? O que aconteceu? — perguntou preocupado e se aproximando da irmã. — Seu olho está meio vermelho, você estava chorando? Annie, o que aconteceu?

Anahi o encarava de um jeito meio estranho. Ele não entendia aquele olhar. E então ela sorriu de lado, ali havia tristeza e talvez orgulho? Era horrível quando não conseguia ler a irmã, desejava poder ler mentes nesses momentos.

— Terminei de ler seu livro.

Oh, agora está explicado, ela odiou! Pensou decepcionado. Respirou fundo e perguntou: — Ficou horrível?

— Eu estava lendo desde que você me mandou, ontem acabei dormindo assim que cheguei, acordei as cinco e retomei a leitura até acabar. Parei de chorar só quando cheguei aqui no seu prédio. — confessou. — Christopher, ficou... Lindo!

— Annie...

— Eu estou tão, tão orgulhosa de você! — disse sorrindo e os seus olhos marejaram. — Ficou... Incrível. Você sabe que mesmo quando eu te cobrava ou falava alguma merda pra você, eu acreditava em você. Eu sempre acreditei em você, eu sempre soube que você tinha potencial, maninho! Mas devo confessar, ficou melhor do que eu esperava ou imaginava, perfeito! — sorriu e piscou, deixando as lágrimas descerem lentamente por seu rosto. — E eu... Eu sinto muito!

Christopher sorriu com vontade de chorar. Anahi estava orgulhosa, o que era seu objetivo, mas agora sabia o que tinha acontecido com Dul e o fim.

— Eu também. — seus olhos marejaram e Anahi lhe abraçou com força.

Era a primeira vez em anos que Anahi via o irmão chorar. E isso lhe quebrava o coração. Nunca pensara no quão profundo o irmão conseguia ser, porque ele nunca fora do tipo romântico, sentimentalista ou qualquer merda do tipo. E então leu seu livro. Estava tão... Maduro e diferente. Sua vontade era chacoalhar Dul e gritar: Porra, meu irmão te ama! Só de ler aquele livro, era óbvio. Mas tudo que podia fazer era lhe abraçar.

Os dois foram para o sofá e Christopher ficou em seu lugar preferido de Anahi – ela sentou e ele deitou a cabeça em seu colo, recebendo carinho nos cabelos.

— Eu estava certa ontem, não estava? — Annie perguntou quase sorrindo.

— Acho que sim. Só pensei que não assumir fosse tornar esse fato mais fácil.

— Que fato, que você está apaixonado?

— É. Que eu a amo. E queria que isso fosse suficiente. — confessou e fechou os olhos, para segurar as lágrimas. Deus, como estava chorando nos últimos dias, como uma maldita mulherzinha.

— Por isso perguntou quando eu descobri que amava o Poncho? — ela ligou os fatos, ele assentiu sorrindo.

— Queria ver se talvez eu estivesse confundindo meus sentimentos e só tivesse um tesão fodido por ela, mas agora percebo que era, ou melhor, que é algo mais!

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