- Victor. - ele disse antes que ela ligasse o carro.
- Que?
- Você não queria saber sobre o meu pai? Ele se chamava Victor, morreu de ataque cardíaco, eu não gosto de falar dele porque nunca tivemos um relacionamento bom, e toda vez que penso nele lembro das nossas brigas e que eu... - sua boca secou e ele virou o rosto para concluir a frase olhando em seus olhos. - E eu causei sua morte.
- Christopher você não precisa...
- Falar? É, eu sei. Mas eu estranhamente confio em você como nunca confiei em ninguém, é como se eu precisasse te contar isso pra ter certeza que você conhece o verdadeiro Christopher Uckermann. E não a minha imagem. Só que é uma história longa, tem que estar disposta a ouvir.
- Eu estou. - ela quase sorriu. - Não acha melhor nos trocarmos primeiro? Entramos e colocamos uma roupa seca, então você me conta tudo.
- Pode ser!
Christopher pegou a carteira e celular em cima do painel do carro e desceu rapidamente indo para casa. Não sabia se contar era a melhor decisão, mas precisava realmente. Apenas estava seguindo sua consciência, o que lhe era realmente estranho. Maite estava sentada no sofá sozinha vendo televisão, riu ao vê-los entrando molhados.
- Nossa Dul, o Christopher te deixa literalmente molhadinha, hein? - brincou e gargalhou com o próprio trocadilho.
- Você devia ter uma série de humor, Maite. - Dul foi sarcástica.
Christopher subiu para o próprio quarto para tomar banho e se trocar, enquanto Dul carregava Maite para o quarto dela para se trocar e colocar uma roupa da prima. Ele desceu com outro jeans, camiseta e casaco, e Dul logo depois usando roupas da Maite - uma calça e por cima um moletom maior que ela preto. Foram para cozinha juntos e comeram algo antes de saírem novamente.
A noite estava caindo na cidade e estava quase totalmente escuro. O vento frio do fim de tarde e inicio da noite já soprava. Os dois andaram em silêncio até a praia, dessa vez Christopher levou consigo apenas o celular, Dul foi com as mãos no bolso do moletom. Foram para a areia, sentaram-se sem medo de se sujar. Apenas os dois, o barulho do mar e a lua cheia que banhava a praia. Dul não tinha idéia de como começar o assunto, já tinha desistido de perguntar sobre família dele, então como fora ele que começara não forçaria, deixaria tudo ao tempo dele.
Christopher engoliu seco. Sentia vergonha de si mesmo. Culpa. Ressentimento. Tristeza. Mas passaria por cima de tudo para contar o que tinha acontecido.
- Eu e meu pai nunca tivemos um relacionamento muito bom, na verdade nosso relacionamento era péssimo. - ele começou meio hesitante, olhando para o mar enquanto Dul lhe olhava. - Eu sempre fora mais apegado a minha mãe, Alexandra. Ela era uma mulher tão linda e amorosa, morreu faz anos, mas eu ainda me lembro da pureza e das covinhas do sorriso dela, era tranqüilizante. Anahí, minha irmã, era mais apegada com o meu pai. Victor não era um bom marido, mas não era dos piores. Ele ficava bastante tempo fora de casa e não era fiel, minha mãe sabia disso mas queria que fossemos uma família. Eu tinha 10 e Rose 12 anos, quando a mamãe adoeceu, descobriram que ela tinha Leucemia, foi um choque, e eu me lembro de correr até minha casa na árvore nos fundos da enorme casa em que morávamos e ficar chorando por horas, então ela foi lá e me abraçou, disse que tudo ia ficar bem. Mas não ficou. Ela foi piorando, nenhum tratamento resolvia, nenhuma quimioterapia, ela já estava muito debilitada e sem os cabelos, mas mantinha o sorriso nos lábios e palavras amorosas saindo por eles. Victor se manteve firme com ela nessa época, mas também estava destruído, ele fugia do hospital várias vezes e eu tinha quase certeza que ele ia se encontrar com a amante, mas eu era pequeno e o que podia falar? Quando eu tinha 12 anos, dois meses depois do meu aniversário, ela morreu. Eu fiquei revoltado com tudo, enquanto Anahi chorava nos braços de Victor, eu preferia ficar sozinho abraçado a uma foto dela.
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SURREAL DREAM
Fanfiction||CONCLUÍDA|| +16 Christopher Uckermann é um colunista free lance e escritor conhecido por sua fama de conquistador festeiro e por ter um dos livros mais esperados do ano. Mas em meio a tudo isso, o que podia ser uma coisa boa acaba se tornando um p...