ᴜ́ʟᴛɪᴍᴏs

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(Sábado)

Dor. Física e mental.

Christopher acordou no sábado com uma dor de cabeça fodidamente forte. Era como a pior ressaca que já tivera em todos seus vinte e cinco anos de vida. E ele era experiente em beber e acordar de ressaca no dia seguinte, então com os anos foi se tornando mais resistente ao álcool. Podia ficar bêbado em uma noite e no dia seguinte acordar no máximo um pouco cansado, e agora, sem beber um gole nem da mais fraca Ice, estava de ressaca. Estava bêbado de amor. Mas agora estava sóbrio e de ressaca. E voltar a sobriedade emocional estava sendo uma merda.

Saiu da cama lentamente, com o quarto todo escuro, iluminando com a pouquíssima luz esverdeada entrando pela janela. Estava chovendo forte. O que era normal em Forks e combinava com seu humor. Foi para o banheiro e parou em frente ao espelho.

Os restos de Christopher Uckermann.

Só tinha se visto assim no espelho apenas uma vez – após Anahi lhe culpar pela morte de Victor. Era um assunto do passado e ambos já tinham superado isso, mas ele ainda se lembrava de ter passado a noite chorando, de ter ido dormir chorando e acordar no dia seguinte péssimo. E estava acontecendo de novo.

No espelho ele via um Christopher cansado. Seus cabelos totalmente bagunçados, rosto amassado e olhos levemente inchados e avermelhados.

Dulce... Dul... Nativa... Essas palavras gritavam em sua mente. E seu primeiro impulso do dia era pensar no que faria com ela o dia todo, mas então se lembrava: não faria nada. Tinha acabado.

Ligou a torneira e deixou a água gelada descer por ela. Colocou as duas mãos juntas em baixo da água corrente, juntou uma quantidade nela, se inclinou e jogou água no rosto.

"Vai embora e, por favor, me deixa sair inteira dessa, eu estou te implorando!" – Escutou a voz chorosa de Dul em sua mente enquanto estava com os olhos fechados. Uma facada em seu coração. Se apoiando na pia de mármore, respirava mais de forma rápida e pesadamente que o normal, não queria chorar, mas um nó se formava em sua garganta e aquela era a única maneira de expulsá-lo. Enquanto estava ali, percebeu que aquilo não estava dando certo. Piscou com força e começou a se despir.

Ligou o chuveiro com água morninha, bem agradável a pele e então entrou em baixo da ducha. A água molhando seus cabelos, ele ergueu o rosto e assim ficou. A água caia sobre seu rosto, então escorria por seu pescoço, lambendo seus ombros, então costas e barriga, passando por suas pernas até seus pés. Christopher chorou novamente.

O Christopher que tinha deixado em Nova York gritava em sua mente, o mandava parar de chorar e de ser marica, mas não conseguiu. Não sabia o quanto mais tinha de lágrimas. Nunca tinha se sentindo tão vulnerável. Mas ali, suas lágrimas não eram percebidas ao se misturar com a água do chuveiro.

Droga Dul! — socou a parede com ódio. — Droga!

Depois de um demorado banho, saiu e trocou de roupa. Não pretendia sair do quarto e estava sem apetite. Então colocou a calça do único pijama que tinha na mala e um casaco moletom. Pegou o netbook em cima da mesinha, deixou a luz do quarto apagada e sentou-se com as costas apoiadas no cabeceira da cama e com ele no colo, começou a digitar seu livro. Estava fazendo os capítulos finais e não iam sair como ele esperava.

E assim ele passou o seu último sábado em Forks: escrevendo trancado no quarto.

(Domingo)

O domingo foi tão ou pior que o sábado, dia anterior. Acordou bem tarde, pois na noite anterior tinha tomado tylenol e antialérgico (que usou apenas para dar sono).

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