XXVI

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Esperei ansiosa pelo dia seguinte, eu iria trabalhar normalmente mas recebi uma mensagem de Kim avisando que hoje não abriria, enquanto as férias de verão estivessem acontecendo, ela só abriria nas terças e quintas, então meu horário mudou, eu só trabalho nesses dias por enquanto. Passei o dia inteiro organizando algumas coisas para quando as aulas voltassem e depois fiquei vendo televisão até a hora de me arrumar.

Tentei não parecer muito desesperada quando o porteiro me avisou que Nathaniel já me esperava lá em baixo, por isso demorei uns dois minutos para descer. Meu coração pulou dentro do meu peito quando o vi, estava encostado em seu carro com as mãos no bolso e olhava distraído o movimento da rua, Nathaniel era lindo demais, e isso sempre foi muito aparente desde a época do ensino médio, mas agora ele estava tão mais bonito que eu nem sei como definir. Ele era um pacote completo, cabelos, corpo, rosto, olhos... até os brincos que usava na orelha o faziam ficar mais atraente, meus olhos se perdiam em tantos detalhes perfeitos.

Mas foi quando ele me olhou e sorriu que meu mundo parou de girar, Nathaniel sempre ostentou um sorriso angelical, agora ele havia acrescentado um tom meio cafajeste e aquilo se tornou a combinação perfeita entre céu e inferno. Eu poderia facilmente desistir do encontro e puxá-lo para dentro.

- Boa noite. - Parei em sua frente, parecia uma adolescente nervosa.

- Boa noite. - Ele me puxou para um beijo. - Você tá linda. - Disse quando me soltou.

- Obrigada. - Lhe dei um selinho. - Você também está.

- Vamos? - Ele beijou meu nariz.

- Pra onde?

- Boa tentativa. - Ele sorriu e abriu a porta do carro pra mim. - Talvez você não se surpreenda muito, mas é o que temos por aqui.

Nathaniel pôs uma música no rádio do carro e seguimos pela minha rua, quando menos esperei, dobramos na esquina do parque da cidade e ele estacionou. Ele não disse nada, apenas saiu do carro, abriu a porta para mim e segurou minha mão enquanto caminhávamos pelo caminho de tijolos amarelos. Atravessamos o parque quase todo e bem perto do lago havia uma toalha estendida sobre a grama, nela havia uma cesta de palha com comidas, uma garrafa de vinho e duas taças.

- Gostou? - Ele soltou minha mão e pôs as mãos no bolso.

- Tá tudo muito lindo. - Ele sorriu. - O parque foi onde tivemos nosso primeiro encontro.

- Eu achei que seria legal recomerçamos aqui. - Ele observava atentamente minhas reações.

- Eu adorei. - Lhe dei um selinho.

- Que bom que gostou.

- Você fez tudo isso sozinho?

- Sim. - Ele disse meio envergonhado.

- Então você ainda é romântico. - Beijei sua bochecha.

- Vem, vamos comer. - Ele me puxou pela cintura.

Nos sentamos sobre a toalha e ele abriu a cesta, dentro dela haviam queijos, algumas frutas, doces, torradas, patê e uma pizza. Sorri ao ver tanta comida sendo tirada da cesta, parecia a bolsa infinita da Hermione Granger.

- Está esperando mais alguém? - Ele me olhou confuso, mas logo entendeu.

- É que eu não sabia bem o que comprar para um piquenique noturno. - Coçou a nuca. - E pelo que me lembro, você comia pra caramba.

- Ei! - Protestei.

- Desculpa, mas é verdade. - Ele deu uma risada.

- Eu não vou reclamar, por que você trouxe comida pra mim. - Me ajeitei melhor na toalha.

- Aqui. - Ele me estendeu uma taça com vinho.

- Você não deveria estar bebendo.

- É? - Eu assenti. - Eu não ligo. - Ele deu um gole em seu vinho.

- Achei que você não bebia. - Também dei um gole no meu.

- Só em ocasiões especiais. - Ele piscou para mim.

- Sempre quis saber como era conhecer um fora da lei. - Comentei distraidamente.

- Ah, é mesmo? - Ele apoiou sua taça de vinho na tampa da cesta.

- Sim. - Sorri e me apoiei em meus cotovelos, ficando um pouco deitada.

- Bom, que tipo de homem eu seria se não realizasse o desejo de uma linda mulher? - Ele tirou a taça que estava na minha mão e se debruçou sobre mim e me beijou.

- Hum. - Me deitei completamente na grama. - Bom.

- Bom. - Ele sorriu durante o beijo e levou sua mão à minha cintura.

Passamos um tempo apenas assim, suas mãos acariciavam levemente minha cintura e coxas por cima do tecido da minha roupa, as minhas estavam em seus cabelos e ombros. Nathaniel tinha o dom de me deixar completamente esquecida do mundo a minha volta, em breves momentos ele tirava seus lábios dos meus e distribuía beijos por todo meu rosto e pescoço.

- Tô com fome. - Falei antes que ele pudesse me entreter com outro beijo.

- Hum. - Ele revirou os olhos. - Sua chata.

Ele saiu de cima de mim e começou a abrir as embalagens das comidas.

- Você precisa provar essa pizza. - Ele me estendeu um prato com uma fatia de pizza de mussarela e bacon.

- Hum. - Gemi com o sabor delicioso da pizza. - Muito bom!

- Não é? - Ele deu uma mordida na fatia dele. - É a melhor pizza da cidade.

- Da pra entender o por quê. - Dei outra mordida.

Ficamos comendo tudo que Nathaniel havia trazido e conversando sobre como nossa vida havia sido nos anos em que ficamos separados. Contei a ele sobre Rayan e nosso namoro, ele fez caras esquisitas enquanto eu falava desse assunto, mas não disse nada. Ele me explicou sua história com Jess, contou que a conheceu assim que entrou na Universidade e que achou que se envolvendo com ela poderia me esquecer, mas logo percebeu que havia cometido um grande erro e achou injusto estar com ela enquanto gostava de outra pessoa.
Contei para ele sobre como me senti quando o vi na noite em que voltei e ele me falou que tomou o maior susto de sua vida, pois não sabia que eu voltaria, não estava preparado, também me pediu desculpas novamente pelas vezes que me tratou mal, admitiu que estava com medo do que minha presença poderia representar e do que poderia trazer de volta para a vida dele.

- Eu achei que tinha superado você, até que te vi. - Confessei.

- Eu sabia que nunca chegaria a te superar, por isso tive tanto medo quanto te vi.

- Quando te vi naquela noite, percebi o grande erro que cometi ao ir embora. - Meus olhos se encheram de lágrimas. - Eu vi que tudo teria dado certo pra nós, que eu teria sido feliz.

- Não chora não. - Ele enxugou algumas lágrimas. - Precisávamos passar por tudo que passamos para sermos quem somos agora.

- Talvez. - Enxuguei meu rosto. - Mas, eu não quero mais chorar.

- É assim que eu gosto. - Ele encheu nossas taças. - Vamos brindar a nós e ao que estamos começando.

- Um brinde a nós. - Encostei minha taça na dele e nós dois sorrimos.

Eu não poderia estar mais feliz.

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Back to me - Nathaniel Onde histórias criam vida. Descubra agora