V

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Chegamos ao meu apartamento e Castiel foi logo tirando a camisa e se jogando na minha cama.

- Você nem é folgado. - Brinquei.

- Desculpe, estou tão cansado.

- Tudo bem, vou só tomar um banho. - Ele assentiu e eu entrei no banheiro.

Castiel e eu temos uma amizade muito forte desde o ensino médio, nós brigamos muito no começo e isso irritava a todos, uma hora acabamos virando amigos. Criamos algo como uma irmandade, já nos vimos sem roupa e em situações extremamente constrangedoras, somos o contato emergencial um do outro e podemos dormir na mesma cama como se fossemos um casal, sem ser, isso sempre confunde as pessoas. É claro que essa parte de dormir juntos só acontece quando ambos estamos solteiros, sabemos o limite do respeito. 
Saí do banho vestida com minha camisola e Castiel já dormia profundamente, nem dormindo ele passa uma aparência angelical, é possível olhar para ele e saber que ele vai arrasar com sua vida, como um furacão.
Me deitei ao lado dele e puxei um pouco da coberta, quase imediatamente fui puxada para perto de seu corpo e ele me abraçou, faz tempo que não durmo assim com ninguém, me senti segura.

Acordei cedo no outro dia, morta de cansada e de dor de cabeça, fiz comida e café, tomei remédio para dor e saí, o primeiro dia de aula me aguarda. Deixei tudo na mesa para Castiel e segui meu caminho, a faculdade já está a mais da metade do semestre, praticamente só terei um mês de aulas diárias e estarei de férias.

O dia de aula correu normalmente, não conversei com muita gente, não quis conversar, anotei o necessário e fui embora assim que pude. Chega um momento que mesmo que você ame o que está cursando, o cansaço tende a te vencer, geralmente isso acontece nos últimos períodos da faculdade, eu só quero terminar o curso e arranjar um emprego, dar um basta temporário em questões acadêmicas.

Segui direto para meu apartamento, achei que Castiel ainda estaria lá, mas só encontrei minha cama forrada, os pratos lavados e um bilhete.

" Estou no meu apartamento, tenho algumas coisas para organizar aqui, deixei um lanche na geladeira."

Sorri ao ler a mensagem  e abri a geladeira, havia uma vasilha cheia de sanduiches de atum e uma garrafa de suco de morango. Fechei a geladeira e fui tomar banho, pus uma roupa confortável e me sentei com minha vasilha de sanduiches e minha garrafa de suco para ver televisão, agradeci a Castiel pela comida e mandei uma selfie. Amanhã irei trabalhar, espero não dar de cara com o Nathaniel lá.

Meu celular tocou e eu corri até a cozinha para poder atender.

- Oi Rosa! - Sorri ao ouvir a voz dela do outro lado.

- Ei garota, como foi o primeiro dia de aula?

- Foi bem chato. - Ela riu do outro lado da linha. - Mas não foi difícil de acompanhar.

- Que ótimo! Castiel ainda está aí?

- Não, deixei ele dormindo e quando voltei ele já não estava mais aqui.

- Rolou algo entre vocês? - Pude sentir o espanto de Rosa do outro lado da linha.

- Claro que não Rosa. - Soltei uma risada. - Nós somos apenas amigos.

- Uma amizade com um pedaço de mal caminho daqueles.

- O Leigh tá por aí? - Brinquei e ela riu.

- Quer tomar um café mais tarde?

- Não sei Rosa, estou um pouco cansada.

- Medo de sair e encontrar Nath?

- Talvez..

- Vou te dar essa colher de chá, só hoje. - Ela suspirou. - Mas vamos sair no fim de semana.

- Tudo bem, obrigada Rosa.

Ela desligou o telefone e eu suspirei. Tudo que Nathaniel me disse ontem afetou bastante, eu não esperava que ele me recebesse com flores e chocolates, mas o modo como ele falou comigo doeu. Rayan não me mandou mensagens hoje, deve estar ocupado com suas aulas, não vou incomoda-lo.

Depois de um tempo vegetando em frente à televisão, ouvi a campainha tocar. Para alguém que acabou de se mudar, já tenho visitas demais.

- Oi minha gata. - Castiel falou assim que abri a porta.

- Oi gatinho. - O abracei quando ele entrou.

- Eai, o que vai fazer hoje a noite? - Ele sentou no meu sofá.

- Nada. - Sentei ao lado dele.

- Sabe.. - Ele me encarou. - Rosalya me contou o que houve entre você e Nathaniel  ontem.

- Eu não poderia esperar que ele me esperasse de braços abertos, não é?

- Você quer voltar com ele?

- Eu não sei Cast. - Suspirei. - Eu só não queria que as coisas estivessem desse modo.

- Imagino que isso tenha te deixado triste.

- Eu queria que não.

- BEM! - Ele quase gritou. - Vamos ver um filme.

- Você sempre me salva dos meus piores pesadelos não é, meu alebrije.

- Você me aturou na minha pior fase, foi a única que nunca nem pensou em me virar as costas. - Ele acariciou meu rosto. - Eu sempre vou estar disposto por você, pra você.

- Sabe que eu derrubo a terra da gravidade por você, não sabe? - Ele riu.

- É por isso que estou aqui agora. - Pisquei para ele que se levantou pra fazer pipoca.

Decidi desligar o telefone e curtir o momento com meu amigo, afinal, não sei quando ele terá tempo de passar dias comigo.

- Você é o cara mais lindo do mundo, sabia? - Abracei ele quando voltou a sentar do meu lado.

- Eu sei disso, amor. - Ele sorriu. - E ainda assim você prefere o cabelo de limão.

- Ora, pare com isso.

- Se for pra abrir mão desses momentos com você, talvez eu nunca namore. - Castiel disse pensativo.

- Nunca vou abrir mão de você. - Dei um beijo na bochecha dele.

- Eu corto seu cabelo quando estiver dormindo se fizer isso.

A noite inteira foi muito leve, assistimos alguns filmes, até mesmo algumas comédias românticas que Castiel ria como se estivesse em um stand-up. Conversamos bastante também e ele me fez botar pra fora tudo que eu estava sentindo e depois riu da minha cara, obviamente. A verdade é que, sem o Castiel, eu teria demorado muito mais tempo no fundo do poço, me lembro do dia em que ele bateu na porta da minha casa puto da vida, querendo derrubar o prédio.
Ele andava de um lado para outro na minha sala dizendo o quanto odiava o Nathaniel mesmo tendo sido eu que o deixei e nas duas semanas que se passaram ele estava lá, me obrigando a tomar banho, me fazendo comida, brigando comigo uma vez por dia, mas, no final do dia, ele se deitava do meu lado e me abraçava, cantarolava algo para me fazer dormir, sempre dizendo que tudo ia ficar bem, que eu ia ficar mais forte.
O nome é de um anjo..

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Back to me - Nathaniel Onde histórias criam vida. Descubra agora