A nevasca parecia ter aumentado quando saímos do restaurante do hotel, o vento soprava forte e flocos de neve acertavam nossos rostos, meu nariz estava gelado e vermelho por conta do frio. Nathaniel me abraçava forte e andava rápido, tentando, em vão, fugir da neve.
- Minha nossa, esse frio ta de gelar a medula. - Nathaniel reclamou quando finalmente conseguimos entrar no chalé.
- Eu não conseguia nem abrir a boca. - Me abaixei para acender a lareira. - Acho que meu maxilar tinha congelado.
- Eu não sabia que estaria tão frio. - Ele se sentou ao meu lado e começou a tirar as botas.
- Bem, você ganhou uma viagem pra esquiar. - Me sentei e tirei minhas botas também.
- É verdade. - Ele sorriu pra mim e depois ficou me encarando.
- O que foi?
- Ainda não acredito que estamos juntos, que aceitou voltar a namorar comigo.
- Espero não me arrepender. - Dei um sorrisinho.
- Eu não posso te dar 100% de garantia sobre isso, mas posso dar de que dedicarei todas as minhas horas em te fazer feliz, do jeito que você merece.
- Isso basta, por enquanto. - Prendi meu cabelo para poder tirar o casaco.
- Quer ajuda?
- Seria bom. - Me virei de costas pra ele.
Nathaniel tirou meu casaco, mas não permitiu que eu me virasse de volta, seus lábios começaram a beijar minha nuca suavemente, lentamente suas mãos começaram a desabotoar minha blusa, o toque de seus dedos gelados em minha pele recém descoberta me causava arrepios.
- Nathaniel, acho que isso pode esperar mais um pouco. - Segurei suas mãos.
- Hum. - Ele se afastou um pouco. - Você tem razão, precisamos recomeçar do jeito certo.
- Sim. - Suspirei. Embora eu também quisesse muito, algo ainda me impedia.
- Estou muito feliz desse jeito. - Ele me puxou para si e me abraçou por trás. - É tudo que eu preciso.
Ficamos um bom tempo abraçados desse jeito, conversando sobre a vida e fazendo planos, quando nos demos conta de que era madrugada, fomos para o quarto. Amanhã iríamos voltar para casa, embora eu estivesse muito feliz por estar lá, nada é melhor do que o nosso lar.
Na manhã seguinte acordamos bem cedo e saímos logo, acho que nós dois estávamos ansiosos para voltar, tudo foi muito bom, mas o lugar era frio demais e não era bem nosso passeio preferido. A experiência de esquiar foi legal, mas eu não recomendo. O caminho inteiro eu senti aquela sensação de que pela primeira vez, em muito tempo, tudo estava em seu devido lugar, meu estômago estava estranhamente calmo e essa sensação sempre me dava um pouco de medo, sabe, de algo ruim acontecer logo em seguida. Como a calmaria antes da tempestade.
- Acha que nossos amigos já imaginam que estamos juntos? - Nathaniel desviou a atenção para mim.
- Rosa deve imaginar, ela me mandou muitas mensagens e eu não respondi.
- Tem várias ligações da Kim no meu celular. - Ele riu.
- Bom, eles precisam superar a curiosidade. - Apoiei minha cabeça no banco e senti a brisa.
- É. - Ele riu. - Aí, quer parar pra ver o pôr do sol?
- Claro.
Nathaniel fez uma curva e logo nos encontramos na orla, agora sim estávamos em um lugar que gostávamos de verdade. O céu já estava assumindo seu tom dourado quando nos sentamos na areia, as ondas acariciavam nossos pés e as gaivotas já se recolhiam. O vento que soprava do mar era mais quente e convidativo, quase um abraço de boas vindas. Ficamos sentados olhando para o horizonte até que as estrelas tomassem o lugar do sol, é incrível como tudo na praia é lindo, tudo nos acalma.
- Quer uma água de Coco? - Nathaniel levantou.
- Eu quero sim. - Me levantei e caminhei com ele até um quiosque.
Pegamos nossos cocos e saímos caminhando sem rumo pela faixa de areia, pouco tempo depois estávamos segurando nossos sapatos e caminhando de mãos dadas, o vento estava enchendo o meu cabelo de nós, mas isso não me importava nem um pouco, estava tão feliz e tão completa. Perdemos a noção do tempo na nossa caminhada, só notamos que estava um pouco tarde quando passamos em frente à um restaurante beira mar e o cheiro de lagostas na manteiga fez nossos estômagos roncarem.
- Vamos jantar. - Nathaniel saiu andando e segurando minha mão.
- O quê? - Tentei parar. - Nath, nós estamos descalços, eu estou descabelada e com os pés cheios de areia.
- É um restaurante a beira mar, amor, todo mundo tem areia em algum lugar.
Achei que ficaria morrendo de vergonha, mas o restaurante era bem rústico por dentro, bem praiano mesmo, as pessoas ainda estava com suas roupas de banho e as crianças com o cabelo duro de tanta areia, então nós estávamos no nível local. Fomos muito bem recebidos e o cheiro de frutos do mar imediatamente invadiu nossas narinas quando nos sentamos, um dos melhores cheiros do mundo.
- Esse cheiro tá tão bom. - Nathaniel inspirou.
- Está mesmo, to salivando. - Mordi um pedacinho do pão que estava sobre a mesa.
- Vamos pedir logo. - Nath chamou o garçom.
- Boa noite, como posso ajudá-los? - Um garçom bem simpático veio até nós.
- Você pode nos recomendar algo? - Sorri de volta.
- Bem, nós temos porções de caldeirada como entrada, nossa lagosta na manteiga com camarão a anéis de Lula e, como sobremesa, temos uma cocada mole de maracujá.
- Tudo isso parece uma delícia. - Nathaniel sorriu.
- São carros chefes da casa. - O garçom assentiu.
- Então vamos pedir todos. - Nathaniel sorriu e eu arregalei os olhos. Eu amo frutos do mar, mas pratos com eles custam muito caros.
- Nath. - Chutei o pé dele por baixo da mesa.
- Você pode nos recomendar alguma bebida sem álcool? - Ele ignorou meu chute.
- Claro. - O sorriso do garçom se alargou. - Temos muitas batidas de frutas tropicais.
- Escolhe, amor. - Ele me olhou sorrindo.
- Eu quero uma de abacaxi com gengibre.
- Eu quero uma de acerola. - O garçom anotou os pedidos e saiu.
- Você ta doido? Isso vai sair muito caro. - Briguei com ele.
- Mas é pra isso que eu trabalho, dinheiro foi feito pra gastar, quando eu morrer, não vou levar nem meu corpo.
- Vou te ajudar a pagar.
- Na próxima.
- Não, Nathaniel.
- Ária, esse é o final do fim de semana perfeito, eu tenho toda a riqueza do mundo de volta pra minha vida, qualquer dinheiro que eu gaste agora, não vai me deixar nem um pouco mais pobre. - Ele segurou minhas mãos e me olhou nos olhos.
- Da próxima vamos comer cachorro quente. - Tentei não sorrir.
- Desde que eu possa ver seu nariz sujo de mostarda, por mim tá tudo bem. - Ele tocou meu nariz com o dedo indicador.
- Você sempre fez bullying comigo, só por quê não consigo comer cachorro quente sem me sujar.
- É fofo.
Em pouco tempo a nossa entrada chegou e eu devo dizer que era a coisa mais gostosa que havia comido em muito tempo, a lagosta superou qualquer expectativa que eu tivesse, parecia que minha língua ia cair, paladar de pobre não é acostumado com coisas requintadas.
Devo dizer que realmente foi o final do fim de semana perfeito, naquela noite quando entrei em meu apartamento tudo parecia diferente. Eu não sei o que o futuro me reserva e espero não me arrepender da escolha que fiz, mas vou me permitir viver esse momento.
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Back to me - Nathaniel
FanfictionAfoguei no seu mar, quero ser o seu par, você é ímpar. Primeiro livro da série de Amor doce.