XXXIV

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Castiel me deixou na portaria do meu prédio, o porteiro não estava na guarita, mas eu tinha a senha do portão. Quando saí do elevador me deparei com Nathaniel sentado no chão, encostado na porta da minha casa, ele se levantou rapidamente quando me viu. Ele dormiu na minha porta?

- Ária! - Ele veio até mim.

- Saia daqui ou vou chamar os seguranças. - Passei direto por ele e abri a porta da minha casa.

- Ária, por favor me ouça. - Ele segurou a porta e impediu que eu a fechasse.

- Sério, de novo isso?

- Por favor. - Ele me encarou com os olhos cheios de lágrimas. Estava acabado, cabelos sujos, olheiras, roupas amassadas e empoeiradas.

- Você tem cinco minutos. - Soltei a porta e andei para o meu quarto.

- Eu sei que não há desculpas para o que fiz e você tem total razão de não querer me ver nunca mais, eu só preciso te explicar o que aconteceu. - Ele entrou no quarto atrás de mim.

- Eu não quero, mas estou ouvindo. - Me estiquei e peguei uma mala em cima do meu guarda roupas.

- Eu te vi por acaso, você e o Castiel na loja de música e vi vocês tão próximos, tão íntimos. - Ele coçou a nuca.

- E por isso decidiu enfiar a língua na boca da Jess? - Perguntei sem olhar pra ele.

- Não! - Ele andou até meu lado. - Ela apareceu e começou a me falar coisas sobre você estar confusa entre Castiel e eu...

- E você acreditou? Me poupe, Nathaniel. - Peguei várias roupas e joguei na mala.

- Eu.. Eu fiquei com ciúmes Ária, eu sempre tive um pé atrás com o Castiel.

- Então você me traiu por que teve ciúmes de mim? Uma explicação muito plausível.

- Não, eu me deixei levar. - Ele desabou na minha cama. - Ela disse que você estava indecisa, falou que me amava e eu fui burro.

- Foi mesmo. - Joguei as últimas coisas na mala e a fechei.

- Você vai embora de novo? - Ele me olhou com medo.

- Vou passar um tempo com o Castiel. - Eu não devia satisfações a ele, mas respondi mesmo assim.

- Então você escolheu ele, finalmente. - Eu não pude acreditar no que ele havia dito.

- Você é maluco?! - Gritei com ele. - Eu estive disposta a aturar suas idiotices, suas grosserias, você me jogava fora e depois ia atrás de mim, e eu sempre voltava igual uma idiota.

- Eu sei, acha que não pensei em tudo isso? Eu me arrependi do que fiz a partir do momento que meus lábios encostaram nos dela.

- Devia ter pensado nisso antes de fazer. - Ele me encarou. - Eu aguentei bastante coisa por que tudo o que eu desejava era ter você de volta. E o que foi que eu ganhei com isso? Só mais tristeza.

- Ária, eu não sei o que te dizer além de pedir perdão, eu me arrependo tanto. - Ele começou a chorar.

- Não gaste suas lágrimas, isso não vai me comover. Só me diz por quê me fez acreditar que me amava, por quê fez tantas declarações se no final não iria manter sua palavra? - Eu também chorei.

- Tudo que eu te disse é verdade, eu te amo Ária, mais do que qualquer coisa nesse mundo.

- Quem ama não trai. Eu entendi que te fiz sofrer, entendi que precisava compensar muita coisa e eu estava fazendo isso todos os dias. Lutei contra você mesmo para ter nós dois de volta e tudo isso pra nada. Parece que corri atrás do meu próprio sofrimento.

- Não fala isso, por favor.

- Não te falar o quê? Que você pegou tudo que estávamos reconstruindo e jogou no lixo por uma qualquer? Que ficou tão cego por ciúmes que não foi capaz de pensar em tudo que tínhamos? Que não levou em conta toda merda que tive que ouvir e aguentar de você para termos o que nós tínhamos? Então o que quer que eu te diga, Nathaniel?

- Eu não sei. - Ele baixou a cabeça.

- Meu papel era te fazer feliz, e você limpou o cu com ele. - Ele não me olhava mais.

- Por favor, mesmo que nunca mais me veja, me perdoe.

- Eu não tenho o que perdoar, não guardo mágoas. - Ele me olhou. - Só peço que me deixe em paz, não faça como das outras vezes, que me tratou mal e depois veio atrás de mim. - Ele apenas assentia. - Você já fez sua escolha, arque com as consequências que vieram com ela.

- Eu nunca vou deixar de te amar. - Ele disse bem baixinho.

- Bem, mas vai ter que seguir a sua vida sem mim. - Ouvi ele soltar um longo suspiro. - Por quê eu com certeza vou seguir a minha.

- Eu te peço perdão mais uma vez. - Ele se levantou e veio até mim. - Quero que saiba que me arrependo, mas infelizmente não posso voltar no tempo e reparar o meu erro.

- Não pode mesmo. - Evitei o contato visual com ele. - Eu me cansei dessa sua brincadeira de vai e volta.

- Eu sei onde fica a porta. - Ele baixou a cabeça e saiu.

Quando ouvi a porta bater me permiti chorar, desabei em minha cama e deixei tudo sair. Eu não esperava encontra-lo na porta da minha casa logo de manhã, foi muito difícil olha-lo, pois só me lembrava do que vi ontem a noite. Embora eu visse verdade em seus olhos e pudesse ver que ele estava sofrendo, não conseguia aceitar o fato de que ele a beijou de novo, toda a dor que havia ido embora voltou em dobro, minha cabeça parecia prestes a explodir e meu coração estava tão pequeno que eu mal o sentia bater em meu peito.

Carreguei minha mala até a sala, depois voltei para lavar o rosto na pia do banheiro. Ao que parecia, minha história com Nathaniel acabou de ganhar um ponto final e eu não podia fazer nada a respeito. Eu o amo como nunca amei ninguém e sei que vou ama-lo ainda por muito tempo, mas tenho que me amar acima dele e de qualquer outra pessoa, não posso permitir que ele me traia e ache que pode voltar para mim como se nada tivesse acontecido, sou eu quem decido como as pessoas devem me tratar e todos me devem respeito.

Vai doer, mas vai passar.

Back to me - Nathaniel Onde histórias criam vida. Descubra agora