XXXVIII

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A semana anda corrida com a preparação do festival, amanhã é o primeiro dia e eu ando tão nervosa que mal consigo me concentrar nas coisas que estou fazendo. Prometi a Rosalya que iria ao festival todos os dias, mesmo o Nathaniel estando lá também, eu não sei o que deu em mim para fazer uma promessa que não  posso e nem quero cumprir, eu sei que não posso vê-lo, por que tudo que sinto por ele ainda está em mim e me acho uma grande idiota por isso.

Tudo que eu tinha que fazer era organizar as mesas e garantir que tudo estivesse em seu devido lugar no palco, pensar que em um dia Nathaniel estaria aqui ao mesmo tempo que eu, me deixava nervosa, algo que tenho conseguido evitar a meses. Só preciso pensar que daqui a alguns meses não estarei mais aqui e não precisarei ter medo de encontrar com ele nunca mais, de certa forma, pensar nisso me pesava o estômago e me deixava triste, eu queria muito que tivéssemos dado certo, que essa cidade se tornasse meu lar novamente, mas parece que estou fadada a sair daqui com lágrimas nos olhos.

- Pronta para amanhã querida? - Emma sorriu para mim.

- Acho que sim. - Me esforcei para lhe dar um sorriso. - Tudo já está pronto.

- Que ótimo! - Ela bateu palmas. - Nesse caso, pode ir pra casa.

- Tão cedo?

- Sim meu bem, descanse, amanhã será uma noite agitada.

- Obrigada Emma. - Me despedi dela e fui embora.

Meu coração pesava dez quilos e minha mente dez toneladas, meu instinto me dizia pra fugir e passar essa semana escondida em uma cabana no meio do nada, mas minha consciência me dizia que já era hora de enfrentar de vez o que tivesse que enfrentar. Sempre fui conhecida por seguir meu coração acima de tudo, isso me levava por caminhos difíceis, mas o final era sempre feliz, bem, eu não estou feliz do jeito que está, então ainda não devo ter concluído meu trajeto. Pra tudo tem um jeito e se não teve jeito ainda, não chegou ao fim. Passei mais uma noite em claro, meus lençóis pareciam pinicar minha pele, o ar condicionado parecia não funcionar, tudo estava me incomodando, é incrível a ironia que se vive quando se está cansada demais pra dormir.

A primeira noite do festival chegou e Rosalya já está na minha casa decidindo qual roupa devo usar, isso por que eu estou completamente desanimada com isso, no fundo do poço da decadência, quase encontrando petróleo. Eu definitivamente não quero ir e me odeio quando me obrigo a fazer coisas que não quero, mas também sei que somente assim consigo dar rumos e tomar decisões definitivas na minha vida, o problema não se resolve quando ignorando, ele apenas cresce.

- Você vai ficar linda nessa roupa. - Rosa sorriu e me mostrou o look montado em cima da minha cama.

- É lindo. - Sorri pra ela.

- Não tenha medo de enfrentar seus dragões Ária, seu coração é a arma mais poderosa que você tem, siga-o.

- E se meu coração me disser para fazer o que minha mente diz que é errado?

- Siga seu coração se os mares pegarem fogo e viva pelo amor,  embora as estrelas brilhem ao contrário.

- Sério que você vai citar um filme pra mim?

- A morte e vida de Charlie não é só um filme, é uma história de amor em meio a uma das maiores dores do mundo.

- Então devo seguir meu coração, independentemente de tudo. - Dei um suspiro pesado.

- E eu sempre estarei aqui quando seu coração te levar por caminhos difíceis, como sempre estive. - Rosalya me abraçou.

- Obrigada. - A abracei mais forte.

Depois de prontas, nós seguimos para o restobar. Todos os nossos amigos já nos esperavam lá, Castiel seria basicamente o apresentador do evento e pensar nisso me fazia rir, um cara grandão todo sem jeito tentando ser simpático. Assim que chegamos pude ver que o lugar estava lotado de alunos, parecia que toda a Universidade estava abarrotada lá dentro.

- Imagino que teremos dificuldade de conseguir uma bebida. - Rosalya comentou assim que entramos.

- Tem tanta gente precisando de nota assim? - Olhei assustada pra ela.

- Na verdade não, mas todos precisamos urgentemente de uma festa.

- Claro. - Suspirei.

- Vem, vamos nos sentar. - Rosa me puxou para uma mesa.

Passamos um tempo conversando e esperando nosso amigos chegarem, até que as luzes do palco se acenderam e Castiel apareceu, todos começaram a gritar quando ele deu boa noite e sorriu. Definitivamente, os holofotes combinavam com ele.

- Boa noite pessoal! - Ele sorriu e acenou para todos. - Espero que todos estejam bem animados para essa semana. - Todos gritaram. - Antes do nosso primeiro participante subir ao palco, eu gostaria de anunciar uma novidade. - Olhei um pouco assustada para ele, pois eu sabia de todo o cronograma.

- O que você não me contou? - Rosa me encarou.

- Eu não sei nada sobre isso. - Me defendi.

- Decidimos deixar esse evento um pouco mais interessante. - As pessoas gritaram ainda mais. - Transformando -o em uma competição. - Devo admitir que isso era bem a cara do Castiel. - O melhor participante será votado pelo público e, quem for mais bem votado, ganhará uma viagem para esquiar com direito a acompanhante. - Tive vontade de furar meus tímpanos para não ouvir os gritos estéricos das meninas.

- Nossa! - Rosa sorriu. - Agora eu quero participar.

- Isso é bem a cara do Castiel, transformar tudo em uma disputa.

- Ele tornou tudo mais interessante amiga.

- Do jeito que ele gosta. - Revirei os olhos.

- Não seja tão chata, ele deu mais motivação às pessoas.

- Tanto faz.

- Ela tá mal humorada assim por que? - Alexy chegou em nossa mesa.

- Por quê vai ter que ver o Nathaniel cantar. - Rosa disse distraidamente.

- Talvez você se surpreenda, Ária. - Kim sentou em frente à mim.

- Como assim? - A encarei.

- Talvez você goste. - Kim deu de ombros.

- Você ta muito estranha. - Rosalya olhou pra ela, que sorriu.

- Curtam o show gente, pra ter outro evento desses aqui, só Deus sabe quando. - Alexy deu um gole em sua bebida.

As apresentações começaram e a cada nome que o Castiel apresentava eu sentia meu pulmão parar, não estava sendo em ordem alfabética, então a qualquer momento ele poderia subir no palco e eu não estava preparada para isso. Mas a primeira noite passou e ele não foi chamado, talvez amanhã ou depois, sinceramente, minha ansiedade não sabe lidar com esse tipo de situação. Pelo canto dos olhos o vi algumas vezes, estava acompanhado de seus amigos do curso e me olhava de vez em quando, essa tensão estava me deixando inquieta, mas enfim eu fui embora e ele não se aproximou de mim, a noite correu bem.

Back to me - Nathaniel Onde histórias criam vida. Descubra agora