Back to me - Nathaniel

XXXIII

Depois que Castiel escolheu as cordas da sua guitarra eu disse para ele que iria até a academia encontrar Nathaniel, ele se ofereceu para me levar, mas não era necessário, a academia ficava na esquina da mesma rua em que estávamos. Me arrependi amargamente quando virei a esquina e dei de cara com a cena mais decepcionante que já vi na vida, Nathaniel estava aos beijos com Jess e naquele momento minha mente não conseguia encontrar uma explicação para aquilo. Sai de lá correndo de volta para a loja de música, na esperança de ainda encontrar Castiel lá e para minha sorte eu encontrei.

- Castiel. - Ele estava de costas abrindo a porta do carro.

- Ária? - Ele se virou surpreso e sua expressão mudou para preocupação quando me viu chorando. - O que aconteceu?

- Eu.. - Não consegui falar, desabei a chorar e ele me abraçou com força.

- Ei, seja o que for, não merece que chore assim. - Ele apertou meu rosto contra seu peito.

- Me leva embora daqui, por favor. - Sem dizer mais nada, Castiel abriu a porta do carro e eu entrei, seguimos para a casa dele.

- Será que agora pode me dizer o que aconteceu? - Ele se agachou em minha frente, eu estava sentada no seu sofá.

- Quando estava indo para a academia, vi Nathaniel beijando a Jess. - Eu comecei a chorar novamente e o cachorrinho dele veio até meu colo, deitando a cabeça em minhas pernas.

- Ele o quê?! - Castiel quase gritou. - Eu sabia que esse merda ia te magoar de novo!

- Eu não sei o que fiz de errado dessa vez, Castiel. - Fechei os olhos para tentar conter as lágrimas.

- Você não fez nada errado, nunca. - Ele acariciou meu rosto. - Eu vou quebrar aquela cara de imbecil dele.

- Não! Eu só quero distância.

- Ele te disse algo? - Castiel sentou ao meu lado e me abraçou.

- Não, eu não dei tempo para que ele falasse algo, nem acho que ele poderia me dar alguma explicação plausível.

- Tudo bem. - Ele me apertou em seus braços. - Você vai ficar bem.

Eu sabia que Castiel não ficaria quieto, eu sentia isso, nossa conexão permitia que eu pudesse sentir o que ele pensava em fazer. Ele respirava fundo, tentando se acalmar, mas não me olhava, seus olhos estavam fixos na parede da sua sala e seu maxilar travado.

- Não faça nada, por favor. - Acaricei seu rosto.

- Não sei se posso atender a esse pedido. - Ele ainda não me olhava.

- O melhor castigo é o desprezo, Castiel.

- Entende como fico puto quando te vejo chorar por gente que não te merece? - Ele finalmente me encarou e eu assenti.

- Será que você pode ficar do meu lado, só mais essa vez?

- Ária, eu sempre vou estar do seu lado, independente de qualquer coisa.

- Obrigada. - Comecei a chorar novamente.

Eu não conseguia tirar aquela cena da minha cabeça, como Nathaniel pôde fazer uma coisa tão medonha? Ele realmente havia mudado bem mais do que eu imaginava.

- Você quer que eu te leve pra casa ou prefere dormir aqui? - Castiel perguntou.

- Eu quero ficar.

- Tá bom. - Ele beijou minha cabeça. - Vou pegar uma muda de roupas pra você.

Castiel levantou e eu fiquei acariciando a cabeça do filhotinho enquanto ele não voltava, meus pensamentos iam e voltavam para aquele momento terrível, a cara de surpresa dele quando me viu, o sorriso no rosto de Jess e o meu papel de otária. Castiel retornou com uma camisa sua para que eu vestisse, tirei cuidadosamente a cabeça do cachorrinho do meu colo e fui me trocar, aproveitei seu enorme banheiro e tomei um banho quente, sei que não é bom lavar os cabelos com água morna, mas mesmo assim o fiz, esfreguei minha pele como se a água e o sabão pudessem tirar de mim as lembranças horríveis daquele momento.

- Te fiz um chocolate quente. - Castiel entrou no quarto.

- Obrigada. - Peguei a xícara de sua mão e me ajeitei na cama.

- Já te falei que você fica muito bonita com minhas roupas? - Ele se deitou ao meu lado e ligou a televisão.

- Se continuar me dizendo isso, vou levar suas roupas pra mim. - Dei um gole em meu chocolate.

- Pode levar. - Ele me olhou atento. - Você tá bem?

- Bem, eu tenho saúde e amigos, eu vou ficar bem. - Acariciei seu rosto e ele fechou os olhos.

- Vai sim.

Pus meu copo em cima da escrivaninha de Castiel e me deitei ao seu lado, eu estava vivendo um dos piores momentos da minha vida e ele estava novamente ao meu lado, de onde ele nunca saiu. Me aconcheguei em seu peito e ele me abraçou com os dois braços, apoiou o rosto no topo da minha cabeça e assim ficamos até que eu peguei no sono. Tudo que eu mais queria na vida era acordar e perceber que tudo não passou de um pesadelo, que Nathaniel estaria do meu lado na cama e branca enroscada nos meus pés, mas a minha consciência não deixava meu coração me enganar, ele havia me traído e nada mais importa.

Acordei com os olhos inchados, os sentia pesados e bem pequenininhos. Percebi que Castiel não me abraçava mais então me sentei na cama e o vi deitado a dois palmos de distância de mim, abraçado com seu cachorrinho. Somente uma cena tão fofa quanto essa poderia me fazer sorrir diante de tudo que estou passando.

Levantei para fazer café da manhã, afinal, a vida precisava seguir em frente.

- Bom dia. - Ouvi a voz rouca de Castiel e me virei para a porta da cozinha, onde ele estava.

- Bom dia. - Esbocei um sorriso.

- Você ta melhor? - Ele andou até mim e me abraçou.

- Não sei, eu apenas levantei. - Suspirei.

- É assim que começa. - Fez carinho em meu cabelo.

- Eu fiz café da manhã. - Apontei para a mesa.

- Desse jeito vou te querer aqui todas as manhãs. - Ele se sentou.

- Se você me pagar, eu venho. - Sorri e me sentei.

- Por quê não passa um tempo aqui comigo? - Ele me olhou sério.

- Como assim?

- Só até eu precisar voltar a trabalhar, sabe, pra ter companhia. - Eu pensei bem na proposta e talvez não fosse tão ruim assim.

- Não me parece tão ruim. - Dei uma mordida em meu sanduíche.

- Então venha. - Ele sorriu animado. - Sabe que vou adorar te ter aqui, podemos pegar suas coisas depois de comermos.

- Tudo bem. - Dei um gole em meu café.

- Também preciso comprar mais ração para o Storm.

- Você me deixa no meu apartamento, eu arrumo a bolsa enquanto você compra o que precisa. - Ele assentiu.

- Vai ser bom te ter aqui, vamos superar isso juntos, mais uma vez. - Ele segurou minha mão por cima da mesa.