LVI

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Janeiro chegou com tudo, as reformas na minha clínica já estavam quase terminadas e na próxima semana eu já poderia começar a trabalhar. Eu já podia imaginar como me sentiria quando meu primeiro paciente entrasse pela porta de vidro e me procurasse para lhe ajudar a lidar com suas dores, quando eu concluísse o primeiro tratamento, quando alguém me agradecesse por ter conseguido melhorar sua vida. Fiquei triste quando precisei pedir demissão do restobar da Emma, embora tenha trabalhado lá por poucos meses, fui muito bem acolhida e me sentia muito bem por estar lá, não que eu não gostasse de trabalhar com a Kim, eu só gostava mais de trabalhar com a Emma.

Ela não negou que ficou triste por eu estar saindo de lá, mas também falou que procuraria minha clínica para fazer terapia, pois ela compartilha o pensamento de que todos precisam fazer terapia. Emma se tornou muito mais do que somente minha chefe, ela foi minha amiga quando eu estava devastada pelo Nathaniel, ela me abraçou e me deu meio litro de caipirinha para afogar minhas mágoas, eu sabia que poderia contar com ela quando precisasse e é sempre bom saber que existem pessoas assim em nossas vidas.

Eu estava tão feliz que as pessoas podiam me ver saltitando enquanto andava pelas ruas. A faixada do meu lugar estava linda, meu nome estava lá, meu telefone profissional e meu diploma emoldurado na parede. Rosalya enlouqueceu e queria fazer uma grande inauguração com direito a fita vermelha e mais um monte de coisas desnecessárias, foi difícil convencê-la de que eu não era importante ou famosa o suficiente para ter direito a fita vermelha na abertura do meu lugar de trabalho.

Passei a manhã toda na rua, comprando os sofás e cadeiras para minha sala de espera, mal tive tempo de comer. Liguei para Nathaniel, que estava na minha casa e pedi que comprasse algo para almoçarmos, pedi a Deus que ele não inventada de cozinhar nada, o que ele havia aprendido a fazer bem era macarrão com salsicha e ele estava um tanto orgulhoso demais, por isso fazia toda semana. Admito que andar por aí sem meu carro me atrasava um pouco, precisei andar por muitas lojas para encontrar as coisas em um preço que eu queria, mas finalmente achei. Depois de tudo encomendado e pago, finalmente pude pegar o ônibus e voltar para casa, meus joelhos e o solado dos meus pés doíam, eu estava morrendo de fome.

Cheguei em casa toda descabelada e cansada, estava morrendo de sede e de fome, o sol havia derretido meus miolos. Assim que entrei senti o cheiro ótimo da comida, parecia ser carne ao molho madeira e isso me parecia ótimo, quando vi a sala com a mesa arrumada bem no meio, uma garrafa de vinho no centro, estranhei um pouco, mas lembrei que quando namoramos antes, Nathaniel me fazia algumas surpresas assim.

- Amor! - Ele se assustou quando saiu da cozinha e me viu.

- O que é tudo isso meu bem? - Ele segurava uma travessa de arroz com brócolis.

- Não posso te surpreender? - Ele passou por mim e me deu um selinho.

- Pode esperar eu tomar um banho? - Fiz cara de cansada.

- Claro que posso. - Ele sorriu e voltou pra cozinha.

Dispersei da minha mente o fato de que notei Nathaniel um pouco nervoso, apenas segui direto para o banheiro, embora estivesse com muita fome, eu precisava urgentemente de um banho. Do banheiro pude ouvir ele ligar o som em uma música calma e muito bonita que eu ainda não tinha ouvido, mas me fazia querer ouvi-la repetidas vezes.


- Voltou. - Ele sorriu e puxou a cadeira para que eu sentasse.

- A comida tá com um cheiro ótimo.

Back to me - Nathaniel Onde histórias criam vida. Descubra agora