LIV

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Ajudei minha irmã a pôr Alex para dormir, foi difícil convencer a pequena de que quando ela acordasse amanhã Nathaniel ainda estaria aqui, mas finalmente ela aceitou e se rendeu ao sono. Logo Marcy também havia dormido junto com a filha e eu saí do quarto de fininho para não incomodá-las, eu também já estava morrendo de sono quando cheguei na sala e não vi mais ninguém, os amigos dos meus pais já haviam ido embora e  a sala já estava arrumada, mas vazia. Ouvi um burburinho na varanda e fui até lá, encontrei Nathaniel e meu pai sentados nos degraus, com a garrafa de Whisky entre eles, conversavam entretidos sobre coisas chatas que eu não fazia a menor questão de saber o que era.

- Oi amor. - Nathaniel sorriu ao me ver.

- Vem pra cá filha. - Meu pai estendeu a mão para mim.

- Na verdade eu to morrendo de sono gente. - Sorri pra eles. - Eu já vou me deitar.

- Mas já? - Nathaniel fez uma carinha triste.

- Mas você não precisa ir, fica aí conversando, depois você vai. - Caminhei até ele e dei um beijo em sua cabeça.

- Até amanhã filha. - Meu pai me deu um beijo na testa.

Andei sonolenta até o quarto de meus pais, mas minha mãe já dormia, então segui para o quarto onde dormiria com o Nath e me joguei na cama. Estava cansada da viagem, o dia foi muito longo, imaginei que Nathaniel também estaria, afinal, passou horas com Alex em suas costas, mas acho que a conversa com meu pai era mais importante. O medo dele de conhecer minha família finalmente tinha ido embora e não era justo eu tirá-lo de lá.

Na manhã seguinte quando acordei, Nathaniel dormia calmamente ao meu lado, coberto até o queixo pelo lençol, fiquei com pena de acordá-lo, pois não vi a hora que ele foi se deitar, então me mexi lentamente até conseguir sair da cama. Tomei um banho quente e vesti uma roupa que Marcy me emprestou, também deixei uma roupa que ela deixou para Nathaniel, que era do seu marido, infelizmente Victor não pôde estar conosco por questões de trabalho.

A cozinha já cheirava a Waffles, donnuts e café com creme e canela. Alex já estava com o rosto todo melado de cobertura de biscoitos, os tradicionais biscoitos de Natal da mamãe, tenho pra mim que esses biscoitos e um bom copo de leite são o caminho para a paz mundial.

- Bom dia. - Me sentei na bancada ao lado de Alex.

- Bom dia. - Marcy e minha mãe responderam juntas.

- Bom dia titia. - Alex me deu um beijinho.

- Quer café filha?

- Agora não mãe, mas um copo de leite com biscoitos eu aceito. - Minha mãe sorriu e colocou um prato com biscoitos na minha frente.

- Nathaniel ainda está dormindo? - Marcy me deu o copo de leite.

- Ta sim. - Dei uma mordida no biscoito e senti o gosto de gengibre e baunilha.

- Quando seu pai foi se deitar já eram três da madrugada. - Minha mãe me informou. - Acredito que essa deve ter sido a hora que Nathaniel foi dormir também.

- Eu não vi a hora que ele foi dormir, estava muito cansada.

- O que será que eles ficaram conversando até tão tarde? - Marcy levantou uma questão bem interessante.

- Eu não faço ideia, mas hoje de manhã a garrafa de Whisky estava vazia aqui no balcão. - Minha mãe negou com a cabeça.

- Eles tomaram a garrafa de Whisky inteira? - Nathaniel deveria estar com uma ressaca daquelas.

- Pois é. - A cara da nossa mãe não era nada boa, com certeza papai estava em apuros.

- Titio Nathiel! - Alex gritou animada e todas olhamos para a entrada da cozinha.

- Bom dia. - Nathaniel cambaleava é segurava a testa com uma mão.

- Está de ressaca? - Olhei feio para ele, que apenas assentiu. - Senta aí.

Ele se sentou todo cabisbaixo na mesa da sala de jantar, preparei um café bem forte e enchi uma xícara para ele beber.

- Tem canela? - Me perguntou.

- Tem sim filho. - Minha mãe polvilhou canela no café dele.

- Bebe e depois vai tomar um banho de cabeça. - Coloquei meu prato com o que tinha sobrado dos biscoitos para ele comer.

Prontamente Alex saiu de sua cadeirinha e seguiu para perto dele, puxou uma das cadeiras da mesa e se sentou. Pediu para que a mãe levasse seu leite e seus biscoitos por que ela queria comer perto do tio, Nathaniel riu e roubou um biscoito do pratinho dela, mas, ao invés de morder a mão dele como ela faz com todos nós, Alex sorriu e deu um gole em seu leite. Depois de seu pequeno lanche de manhã cedo, Nathaniel foi tomar banho e nós seguimos terminando de preparar o real café da manhã.

Quando subi ao quarto para vê-lo novamente, Nath já dormia profundamente e como ainda faltavam algumas horas para o café da manhã, o deixei lá. Eu, minha irmã e minha mãe sempre tivemos o costume de acordar bem cedinho na manhã do dia vinte e cinco e preparar um café da manhã legal, ainda eram seis da manhã e nós serviriamos às oito.

Meu pai só desceu às oito em ponto, com os olhos pequenininhos e uma aparência nada boa. Minha mãe lhe serviu uma xícara enorme de café e eu fui buscar Nathaniel para tomar café, ele sorriu quando beijei seus olhos para lhe acordar e me deu um beijo.

- Ta melhor? - Beijei seu nariz.

- Tô sim.

- Por quê bebeu tanto? Você nem bebe Whisky?

- Eu queria conquistar seu pai. - Ele fez beicinho.

- E deu certo?

- Deu sim. - Ele sorriu. - Ele conversou comigo como se fôssemos amigos.

- Bem, então valeu a pena. - Lhe dei um selinho.

- Ainda bem. - Eu saí de cima dele e me levantei.  - Vamos tomar café, tem Waffles.

- Waffles. - Ele se levantou e abraçou minha cintura. - Muito bom não estar nervoso. - Deu um beijo no meu pescoço.

- Muito bom não ter que aguentar você nervoso.

- Chata.

Descemos para tomar café da manhã e pela primeira vez em quase um ano eu tomei café com meus pais novamente. Naquela manhã eu saí de lá muito feliz e revigorada, estar com a família é sempre o remédio para todos os males do mundo, embora eu não quisesse morar novamente com meus pais, estar bem com eles e poder visitá-los sempre que quiser. Sempre sinto uma pontadinha de tristeza quando tenho que ir embora depois de visitá-los, mas chega uma hora que todos os filhos precisam sair de casa, que, embora exista muito amor no lar, a casa vai ficando pequena e a pressão um pouco grande. Sequei algumas lágrimas que insistiram em descer e abri um sorriso, tenho uma família feliz, com saúde e todos me amam, não tenho absolutamente nada do que reclamar.

Back to me - Nathaniel Onde histórias criam vida. Descubra agora