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(Música para o desfile na mídia acima)

2 meses depois...

Cada canto da empresa estava em extrema correria. Modelos para um lado; costureiras, com alfinetes na boca, dando ajuste para o outro; os decoradores corriam com vasos, luminárias e tudo mais. Era finalmente o dia da apresentação da mais nova coleção de roupas da Béni! Um grandioso desfile foi preparado. Os convites para outros empresários, donos de lojas multinacionais, e todos os tipos de figurão da moda estariam presentes. O desfile com tema "Renascimento" estava na mais alta divulgação por todas as redes sociais e midiáticas. Era um desfile esperado com grandes expectativas.

Miguel estava na sua sala atendendo uma ligação atrás da outra, sua boca já começava a doer de tanto falar, se sentia exausto e com pouca coragem para ir ao evento, mas é claro que não ir estava fora de possibilidade. Assim que terminou mais uma ligação arfou na cadeira e, antes que pudesse fechar os olhos para descansar as pálpebras, a voz estridente de Marina rasgou em seus ouvidos.

— Miguel, nós temos que ir ao local para vermos os últimos detalhes do desfile. Sabe que, como sempre, eles acabam deixando alguns detalhes pendentes. — Ela expeliu o ar e sorriu em seguida.

Ele a olhou e quis desistir. Ficar ouvindo as falácias de Marina por um longo caminho não lhe era nenhum pouco convidativo. Mas, naquele momento, sabia que ela tinha razão e realmente precisava averiguar os últimos detalhes.

— Certo. Dentro de 10 minutos saímos — ele disse.

— Excelente! Eu só vou pegar minha bolsa. — Marina sorriu satisfeita e saiu da sala.

Antes dela fechar a porta totalmente, Maria apareceu diante de Miguel arrumando os óculos e com um sorriso um tanto tímido. Ele riu de volta e dessa vez com sinceridade. Sua assistente tinha uma leveza que acabava o acalmando em alguns momentos.

— Sr. Miguel, desejo que o Senhor Deus abençoe o desfile desta noite. Tenho orado por isso. — Ela fez o movimento de ajeitar o óculos, que já estava perfeitamente colocado.

Miguel experimentou grande conforto com aquelas simples palavras, mas que lhe remetia a Cristo mesmo num dia turbulento. Como era bom ter alguém que compartilhava a mesma fé.

— Obrigado, Maria. Também tenho orado e... — Ele deixou a palavra solta no ar, se escorou no encosto da cadeira e olhou para o lado, algo parecia o incomodar.

Maria esperava pacientemente para saber o que seu chefe queria revelar. Ela sentia há tempos que algumas coisas o deixava desconfortável, mas nunca conseguiu descobrir o que era.

— E acho que...

— Cheguei! Podemos partir!

Marina interrompeu a fala dele e seu rompante dentro da sala fez Maria dar um pequeno pulo, colocando a mão no coração e, claro, estragando a conversa entre os dois. A pequena careta de Miguel foi vista por sua assistente, que cobriu a boca com as mãos para rir.

— Então, vamos — ele levantou e alinhou o terno no corpo.

Aquele movimento tão simplório, de arrumar a própria roupa, passava para Maria um ar de determinação e responsabilidade, levando-a a admirar ainda mais o seu chefe, de um jeito que ela não conseguia explicar, mas aquele sentimento estava sendo criado ali.

— Maria, acredito que você pode... — Miguel estava falando quando, de repente, olhou bem para sua funcionária e declarou: — Eu quero que você venha com a gente.

Marina quase teve um treco naquela mesma hora. Não! Não admitiria aquela feia com ela e Miguel no mesmo carro. Marina sempre lutava para ficar a sós com seu grande amor, e aquela oportunidade de estar junto dele a caminho do evento, não iria ser estragada por causa daquela assistente horrenda.

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