Dois dias depois...
Maria estava desesperada, correndo pelas ruas. Ela havia perdido a hora, pelo excesso de cansaço dos últimos dias, e a reunião do conselho começaria em 40 minutos. Entrou às pressas pelas portas da recepção e correu para chegar no andar de seu local de trabalho. Ela entrou no elevador e respirou fundo, respirou, respirou mais, tentado normalizar seus batimentos cardíacos. Até que a porta do elevador se abriu e ela saiu acelerando os passos, porém, deu de frente com um homem alto e forte. Maria caiu ao chão, jogando as pastas que carregava em mãos, para todos os lados e também uma pasta preta com alça foi junto. O homem olhou para ela, com desprezo, e declarou.
— Não olha por onde anda, criatura?!
Maria tirou os cabelos do rosto e ajeitou os óculos que haviam se entortado.
— De- De- Desculpa, senhor. Eu não o vi — ela disse, recolhendo a maleta preta dele e o devolvendo.
— É, eu percebi — declarou, tomando sua maleta das mãos dela com ignorância. — E quem é você, criatura horripilante? — Ele voltou-se a ela com olhar de escárnio.
— Sou Maria Campos, senhor. A nova assistente da presidência. — Ela se apresentou, enquanto recolhia as pastas da reunião que estavam espalhadas pelo chão. Maria deu glórias por ter prendido os papéis, assim sendo, era um serviço a menos.
— Assistente? — Ele arqueou a sobrancelha. — Marina falou que a amiga dela, Paola, havia sido contratada como secretária da presidência. Por que Miguel precisa de duas?
Maria engoliu em seco e não tinha nenhuma palavra para respondê-lo.
— Hoje na reunião eu vou prestar conta disso — ele proferiu, virou-se de costas e partiu.
— Meu Deus do céu! — Paulina exclamou, depois que o homem saiu, e procurou ajudar Maria. Assim como Magnólia e Aretha que haviam assistido aquela triste cena a distância.
— Ele disse algo ofensivo a você? — Aretha perguntou, colocando as últimas pastas nos braços de Maria.
— Não, não. — Maria se levantou e balançou a cabeça. — Mas, quem é esse homem?
— É o Raul Diaz, irmão da Marina — respondeu Magnólia, trazendo um copo de água para Maria que estava afoita.
Maria, ao ouvir aquelas palavras, fechou os olhos. Ela estava perdida! Marina não a suportava e o Sr. Raul — a partir de agora — era certo que não também.
— Obrigada por tudo, meninas — ela disse, tentando tirar os fios embolados da rosto. — Mas eu preciso me apressar e arrumar as pastas para a reunião.
— Você ainda tem uns bons minutos. Eu vi a Paola organizando as coisas na sala. Então espera um pouco e quando ela sair você entra — Paulina informou, querendo que Maria tivesse um minuto de pausa.
As outras assentiram com a ideia de Paulina, e Maria acabou se convencendo. Além do mais, não gostaria de encontrar outra pessoa para azedar seu dia. O que tinha quase certeza que Paola faria. Após se despedir, seguiu para sua saleta e verificou a organização dos relatórios. Estava tudo em ordem (ela ergueu as mãos para o céu dando glória!). Sentou na cadeira por uns instantes até que ouviu o celular tocar.
— Alô? — ela atendeu.
— Maria, você chegou bem? Menina não pode sair correndo daquele jeito. — Era a mãe dela, lhe passando um bom sermão pelo seu desespero na hora da saída.
— Estou bem, mamãe. Eu só estava muito atrasada e precisava entregar urgentemente os relatórios.
— E você já os entregou? — indagou a mãe, do outro lado da linha.
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Tudo Outra Vez
SpiritualDizem que a verdadeira beleza vem da alma, mas para Maria a falta dessa características no lado exterior lhe prejudicava aos montes. Ela queria um emprego, contudo, sua aparência não cooperava. Feia! Desengonçada! Aberração! Eram esses e muito mais...