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Maria já preparava mentalmente as palavras de gratidão pela oportunidade que o Sr. Miguel lhe havia oferecido e compreendia perfeitamente bem que seria necessário para a empresa alguém com a aparência mais cuidada e também desejaria as bençãos de Deus sobre ele. Seria assim, sem grandes rodeios, e iria embora.

— O Baltazar, diretor dos recursos humanos, analisou o perfil de vocês e chegamos a uma conclusão  — pronunciou Miguel, com um olhar atento as duas mulheres a sua frente. — Ambas serão contratadas.

— O QUÊ?! — as vozes das mulheres elegantes se alteraram dentro da sala.

Maria arregalou os olhos e pareceu, por uns instantes, que o ar lhe faltara nos pulmões.

— AH, MEU DEUS! — Ela assustou a todos dentro da ambiente, com o seu grito espalhafatoso e até por seus pulinhos e batidas de palmas.

Miguel, apesar de ter sido pego de surpresa, acabou rindo do jeito espontâneo da menina.

— Obrigada, Sr. Miguel! Prometo que vou fazer o melhor serviço possível — Maria proferiu emocionada. — Eu agradeço muito pela oportunidade que está me dando.

Maria declarava, olhando atentamente para o chefe, agindo de modo como se houvesse apenas os dois ali dentro.

Ele assentiu com um sorriso.

— Mas, como assim contratar as duas? — Marina interrompeu o momento gratidão de Maria, com sua entonação aguda e agoniante. — Não pode ter duas secretárias!

— Não terei. — ele respondeu, calmamente. — Paola será minha secretária e Maria minha assistente.

— Como? — Marina indagou mais uma vez, sentindo-se afrontada. — Mas você não me disse nada.

— Vocês podem seguir até o fim do corredor e entregarem suas documentações para o Baltazar — Miguel ordenou, e as duas saíram em seguida.

Quando ficaram sozinhos novamente, Marina exclamou:

— Miguel! — A sua insatisfação era evidente, julgando pela intensidade e duração do som emitido pela voz.

— Marina, não preciso de sua opinião para tomar as minhas decisões. — Ele se levantou, apoiou as mãos na mesa e a fitou com atenção. — Não se preocupe, a empresa estará muito bem vista com sua amiga para atender os clientes, contudo, eu desejo alguém que me sirva em outras áreas e a formação de Maria compensará isso.

— Mas, a empresa não pode pagar uma funcionária a mais por um capricho seu.

— Eu dei a minha palavra àquela menina e não vou voltar atrás. — Ele se aproximou e declarou firmemente: — E quanto ao salário dela, eu me encarrego disso. Nem que eu mesmo tire do meu e pague. Pronto!

Marina bufou estarrecida com as atitudes de Miguel.

— Por que contratar essa menina é tão importante? — ela indagou, cruzando os braços como menina birrenta.

— Porque eu dei a minha palavra. E um homem sempre honra com a sua palavra! Com licença.

Miguel pegou alguns papéis e saiu de sua sala. Ele poderia ter mandado Marina sair, mas queria respirar um ar diferente daquele que estava alojado lá dentro.

Marina, ao vê-lo partir, bateu o pé no chão. Ela estava chateada porque mais uma vez não havia conseguido guiar aquele homem de acordo com a sua vontade. Oh, raiva!

*

— Olá, senhori... Ai! — Um homem de cabelo castanho e olhos claros chegou para atender as duas novas funcionárias da empresa Béni,  contudo, ao ver Maria, quase teve um pequeno ataque. — Senhoritas! — Ele recobrou os ânimos.

Tudo Outra VezOnde histórias criam vida. Descubra agora