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O dia do desfile finalmente chegou.
Aquelas semanas anteriores foram de correria tanto na Béni quanto na Trésor. Maria se encontrou com Bento para conversar algumas vezes, era bom saber que ele ainda podia ser um amigo, o relacionamento dele com Liz não o impedia de ouvi-la vez ou outra. Ela podia se lembrar de como conseguiu chorar no ombro do amigo naquela dia em que sua mente a havia atacado de maneira tão cruel. Ela não conseguiu explicar o que realmente sentia, mas só de receber um abraço do amigo querido sentiu um acalentar no coração.

Os demais dias se passaram com ela falando pouco com o chefe, sempre que podia fugia dele. Era a melhor maneira de proteger seu coração, segundo ela. Mas naquele noite do desfile, que não seria tão pomposo quanto se fosse um da Béni, a fez pensar um pouco melhor sobre si mesma, ao menos deveria, não é? Não queria passar vexame.

Depois de passar o dia trabalhando, chegou em casa somente para se arrumar para ir ao desfile que aconteceria numa pequena galeria no centro. As meninas do batalhão fizeram tudo com o maior detalhe. Ela esperava não envergonhar ninguém. Afinal, ela era a responsável pela empresa junto com Bento, e os dois seriam a cara apresentável diante de todos. Na frente do espelho olhava para sua roupas, cabelo e tudo mais e soltou um ar de frustração. Sua mãe entrou no quarto e observou a tristeza da filha e disse:

— O que foi, Maria? — Dona Bete sentou na beira da cama.

— Esta noite é o desfile da Trésor e eu queria me arrumar, mas eu acho que não dá pra fazer nada. — Ela tocou no cabelo amaranhado e soltou em seguida.

A mãe pensou um pouco e acabou saindo. Maria seguiu para o banho e quando saiu do banheiro se deparou com uma mulher, de cabelo loiro armado, que carregava uma mala. A senhora tinha um maquiagem forte e colorida, uma roupa de cetim com estampas de flores e bolinhas.

— Minha filha, essa é a Ray. Ela se mudou aqui para o bairro na semana passada. Ela é cabeleireira e depois de eu ajudá-la com algumas comidas, ela ofereceu os serviços dela — proferiu a mãe empolgada. — Tenho certeza que ela pode ajudar você.

Maria estreitou o cenho e pensou se aceitaria ou não aquela proposta. Mas entendeu que não teria outra opção e se ela era cabeleireira saberia o que fazer.

— Tudo bem — concordou e as duas mulheres sorriram empolgadas.

— Menina, eu vou fazer de você uma rainha! Venha cá!— Ray tinha uma voz fanhosa, mas parecia ser gente boa.

Ela sentou Maria no meio do quarto e começou seu trabalho no cabelo, na maquiagem e por fim a vestiu. Depois de uma hora, Maria estava pronta para o desfile da Trésor, assim ela pegou um Uber e seguiu para a galeria.

***
O espaço do evento foi concedido a Miguel, pois um dos cuidadores de artes do espaço era amigo do empresário. O local por si mesmo já possuía beleza pelas próprias obras de artes, sendo organizados um dos corredores com cadeiras para apreciação das roupas. Era um evento simples, mas elegante ao mesmo tempo. Alguns carros já paravam no local e em pouco tempo se iniciaria.

Maria saiu do carro e se dirigiu ao evento. Aretha estava na entrada recepcionando os convidados e não reconheceu Maria até que a mesma se apresentou.

— Oi, Aretha, tudo bem? — Maria tinha um sorriso no rosto.

— Tudo bem, sim — Aretha virou-se e finalmente a olhou, abrindo a boca e arregalando o olhar assim que viu a assistente do presidente. — Maria, é você?

— Sim! — ela respondeu sorridente, pensando que sua aparência devia estar mesmo melhor já que nem havia sido reconhecida.

Aretha pigarreou um pouco e depois de limpar os olhos, deu um sorriso seco.

Tudo Outra VezOnde histórias criam vida. Descubra agora