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2 meses depois...

Miguel se sentou na sua cadeira enquanto lia os relatórios daquele mês. Era muito grato a Deus por tudo ter dado certo. Béni havia lançado uma nova coleção, os compradores voltaram e a empresa caminhava com pernas fortes. Trésor também estava segura. Marta havia feito uma nova coleção de roupas e mal saira das passarelas já foram compradas.

Sua família vivia uma nova página. Antônio e Laura agora eram presentes e faziam questão de incentivar a filha nas artes, resolveram então fazer uma viajem pela Europa para que Linda conhecesse as obras dos pintores do passado. Era surpreendente como todas as orações pareciam ter sido respondidas até o momento, exceto uma.

Miguel reclinou a cabeça no encosto da cadeira e pensou novamente em Maria. Como ela estaria? Onde estaria? Há meses não dava notícias. Sua família não dizia nada, apenas que estava bem. Com todo aquele tempo, se poderia pensar que o amor dentro dele tivesse morrido ou mesmo regredido, mas nenhum mísero centímetro diminuiu. Na verdade, ele a cada dia parecia amá-la mais através das reflexões sobre seu caráter e ações. O coração apertava e os sentimentos se tornavam mais palpáveis. Até quando Deus o faria viver daquela forma? Tinha esperança de um dia vê-la?

— Olá!

Seus pensamentos foram interrompidos com a voz de Bento, que entrava na sala. Miguel o recebeu e ele se sentou a frente da mesa.

— Como vai, Bento?

— Estou indo bem. A correria da empresa e do casamento estão quase me consumindo, mas eu não trocaria isso por nada — Bento riu.

— Liz deve está empolgada também — Miguel disse com um sorriso de canto.

— Eu vim trazer isso aqui pra você. — Bento tirou do bolso do terno um convite grande e as palavras escritas eram uma pergunta.

— Padrinho? — Miguel arregalou os olhos.

Era bem certo que Bento e ele no decorrer do trabalho das duas empresas tiveram mais convivência e assim novas conversas. Os dois iniciaram uma boa amizade.  Além do mais, Bento era o único que, de certa forma, ainda trazia alguma notícia de Maria.

— Sim. Você tem sido um bom chefe e amigo. A Maria me largou, mas deixou alguém no lugar dela — Bento sorriu e Miguel deu um sorriso fraco.

— Ela vai estar no casamento? — Miguel indagou sério.

— Não sei. Mas eu deixei o convite na casa dos pais dela. Não acho que Maria deixaria de ir. Fomos amigos por anos e anos. Não quero acreditar que ela perderia — Bento disse, mas não tinha como afirmar a presença da amiga.

Miguel assentiu e olhou novamente para aquele convite. Nem acreditava que um dia participaria daquele evento da vida de Bento. Até um tempo atrás, ambos não se conheciam e podia reconhecer que tivera receio dele no início. Mas tudo aquilo havia ficado para trás e recebeu um bom amigo cristão.

— E o que faria se a visse novamente? — Bento indagou, com olhos fitos no homem a sua frente.

Miguel não disse nada por um tempo. O que faria? Essa era uma boa pergunta. Não tinha uma resposta tão específica.

— Falaria com ela, perguntaria se estava bem — Miguel deixou o convite na mesa e olhou para o lado.— Nessas horas não há muito o que se fazer.

Um silêncio pairou na sala. Bento nada disse, não queria se meter na relação da amiga com o chefe. Miguel era reservado demais para expor seus sentimentos tão abertamente. Mas pensou que talvez pedisse desculpa por revelar seu amor daquela forma e só queria que ela ficasse bem.

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