— Maria, venha aqui! — Miguel não perdeu tempo em chamar sua assistente para auxiliar naquela situação.
Ele apoiou a cabeça da modelo sobre uma almofada que Maria pegou no caminho. Joyce ainda se fingia de desmaiada para ver o que o presidente faria a seu favor. Miguel aferiu o pulso, checou a respiração da jovem, e se levantou, cruzou os braços, estreitou os olhos para a menina no chão e Maria não entendeu aquela postura nada misericordiosa do patrão.
— Não deveríamos chamar um médico? — Maria sugeriu pensando que algo muito sério teria acontecido.
— Deveríamos, não é? Eles poderiam usar quem sabe um desfibrilador e com um choque bem forte fazê-la voltar. — Ele tirou o celular do bolso. — Vou fazer isso agora mesmo.
Joyce quase teve um treco de verdade ao ouvir aquilo de choque.
— Usar um desfibrilador? Seu Miguel, o senhor está raciocinando bem? — Maria não entendia mesmo aquela atitude.
— Ah, eu estou sim!
Como se fosse um milagre, ao menos era para parecer, Joyce começou a se mexer para mostrar que o desmaio tinha passado. Ela abriu os olhos e observou os dois olhando para ela, Miguel tinha uma expressão nada favorável e Maria fazia uma careta como se o mundo estivesse prestes a acabar.
— Você está bem, moça? — Maria logo se abaixou e perguntou assim que a jovem tentou se sentar.
— Sim, eu estou bem. Só foi um mal-estar. — Joyce passou a mão pelo rosto e apertou os lábios.
— Gostaria de um pouco de água? — Maria perguntou com gentileza, notando de perto o quanto a jovem era bonita. E mais uma vez, teve seu coração apertado por saber que ela esteve nos braços de seu chefe. Como ele poderia não notar aquela beleza, não é mesmo?
Joyce assentiu com a cabeça e entrelaçou os dedos. Maria saiu de perto dos dois para buscar o refresco.
— Muito obrigada por ter me acudido, Miguel! Nunca vou esquecer sua ajuda. Você é muito cavalheiro. — Joyce disparou novamente com uma fala suave.
— Não poderia deixar que quebrasse a cabeça — ele disse sem emoção.
Naquela hora, as meninas do batalhão entraram na tenda e vendo aquela situação perguntaram o que havia acontecido, tendo sido explicado o que ocorreu até aquele momento por Miguel, de modo bem resumido.
— A modelo que você contratou, Marta, deve ser levada para casa — Miguel declarou.
— É claro que sim. Vamos chamar um Uber para levá-la — respondeu a costureira com pressa. Magnólia não demorou em chamar o transporte e Maria logo se aproximou com a água da modelo.
Após umas meia hora, Joyce, com muitas regalias por parte das mulheres, foi colocada no veículo. Ela ainda olhou para Miguel da janela do carro, mas o homem tinha seu olhar atento a assistente ao lado dele, que estava de certa forma com a cabeça baixa e pensativa. Então percebeu que ele não se importava mesmo com ela. Soltou o ar e o carro deu partida.
— Eu estou com fome, vamos logo comer? — Magnólia chamou o pessoal, que sinceramente compartilhavam daquela mesma necessidade.
— Desculpa, mas não vou poder acompanhar vocês — Maria proferiu e isso despertou a atenção dos demais, principalmente, de Miguel que não entendeu aquela súbita mudança.
— Você vai para onde, Maria? Não iríamos comer todos juntos? — Aretha franziu o cenho.
— Eu me lembrei que precisava resolver algo e chamei o Uber. Mais tarde encontro vocês na Béni. Por favor, comam à vontade. — Ela deu um sorriso que não chegou aos olhos.
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Tudo Outra Vez
SpiritualDizem que a verdadeira beleza vem da alma, mas para Maria a falta dessa características no lado exterior lhe prejudicava aos montes. Ela queria um emprego, contudo, sua aparência não cooperava. Feia! Desengonçada! Aberração! Eram esses e muito mais...