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Miguel voltou para seu escritório com a cabeça doendo. Ele sentou na cadeira e se virou para a grande janela de vidro que ficava atrás de sua mesa.  Enquanto contemplava aquela paisagem urbana, sua mente lhe trazia à tona novamente a conversa com Marina. Ele sentiu profundamente aquelas palavras ditas com dor. Soltou o ar com força e sabia que precisaria de muito mais sabedoria para lidar com aquela questão dali pra frente. Era bem certo que sempre soube dos sentimentos de Marina, mas enquanto eles estavam em silêncio tudo se fazia mais fácil, porém, agora que havia sido exposto a situação poderia complicar. Ele pedia a Deus que isso não tomasse proporções maiores.

Ele voltou a realidade quando a porta de sua sala foi aberta, entrando Bento e Liz com dois copos de café gelado. Ambos estavam trabalhando juntos desde o dia em que Miguel mandou chamá-la. Por um momento, na troca de olhares e sorrisos, Miguel pensou que pudesse está acontecendo algo, mas balançou a cabeça querendo afastar aqueles pensamentos. Eles avistaram o presidente e perguntaram se ele aceitava um pouco de café, o que foi negado com um balançar de cabeça. Miguel se levantou e perguntou por Maria, Liz respondeu:

— Depois da reunião, Magnólia, a levou até o ateliê de Juan junto com Marta. Já que ele está de viagem durante esta semana. Assim veriam os croquis da Marta.

— Entendi. — Miguel resolveu então ir até o ateliê e aproveitar para ver como ficaria aquela nova coleção. — Eu vou até lá e mais tarde nos reuniremos para ver a papelada para a nova empresa.

— Já temos um bom caminho traçado — Bento declarou.

Miguel assentiu e saiu da sala, recebendo uma ligação logo em seguida de seu Francisco sobre o estado de Antony. Ele, enfim, havia acordado! Miguel expeliu o ar dos pulmões pelo alívio daquela notícia. Por uns dias, ponderou realmente sobre a possibilidade de perder o amigo de adolescência, ele orava todos os dias para que o rapaz conseguisse manter a sanidade. Após prometer ao pai de Antony que passaria no hospital assim que saísse do trabalho, seguiu seu caminho rumo ao ateliê, encontrando Paola que desejava falar, mas ele não queria ouvir.

— Miguel, que bom que te encontrei — disse a loira aguada com aquela voz enjoativa. — Eu queria conversar com você sobre algumas das minhas funções. Sinceramente tenho pensado que não estou sendo valorizada como deveria.

Miguel passou a mão entre os cabelos, pensando se tinha jogado pedra na cruz para receber mais aquilo durante o dia.

— Você sabe que eu fiz meus três períodos de administração e essa função não me cabe. Eu aceitei naquele tempo porque você estava estressado e eu não queria discutir, mas eu preciso falar que quero um aumento.

Miguel arregalou os olhos assombrado pela ousadia de Paola. Um aumento? Era brincadeira!

— E posso saber o motivo pelo qual você merece um aumento? — Ele crispou os olhos e cruzou os braços sobre o peito, olhando-a firmemente. — Porque, pelo que eu sei, aumento se dá para alguém que mudou de cargo, pegou novas funções ou até mesmo ganhou uma promoção e, se me recordo bem, você não ganhou nada disso.

Paola deu um sorrisinho barato.

— Eu sei, eu sei, Miguel. Mas o que estou querendo dizer é exatamente isso: que você está desperdiçando meu talento naquela secretaria enquanto eu podia está fazendo coisas mais importantes.

— Que coisas mais importantes? — Ele franziu o cenho.

— Cuidando da sua agenda; te acompanhando nos eventos e reuniões; e tantas outras coisas, não é? — Ela tocou nos cabelos e sorriu. — Você precisa de uma mulher bem arrumada do seu lado sempre.

Miguel estreitou os olhos e analisou se tinha outras intenções na fala de Paola. Ela estava ficando louca?

— Maria é uma boa assistente e supre bem as minhas necessidades como presidente. — Ele deu um sorriso e quis voltar a andar, porém ela o impediu.

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