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— Maria? — Marta, que se encontrava na área de recepção, viu a jovem passar as pressas e se preocupou. Decidiu seguir em seu encalço.

Maria chegou ao pequeno refeitório. Naquela hora da manhã não tinha quase ninguém. Ela se sentou num dos sofá que havia e afundou o rosto entre suas mãos.

— O que aconteceu, criança? — Marta questionou, chegando um pouco depois.

Maria levantou o rosto que estava vermelho por algumas lágrimas, e não conseguiu responder de imediato.

— Oh, minha filha! — disse Marta, aproximando-se dela e a acolhendo em seus braços.

— É muito ruim ser vítima de injustiça — Maria pronunciou com um fio de voz.

— O que houve? — perguntou a mulher.

Maria lhe contou como havia trabalhado nos últimos dias e o que haviam feito com todo o seu esforço, dando por ele honra a outra.

— Isso é realmente algo terrível: Outros levarem crédito por causa de algo que nós fizemos  — disse Marta. — Cristo fez isso por nós, não foi?

A menina levantou a cabeça e não entendeu o que Marta queria lhe falar.

— Veja bem, nós recebemos justiça por causa do feito dEle. Ele recebeu a condenação por causa dos nossos erros. Não me parece uma troca muito justa, pela perspectiva humana. Você acha que é?

Maria limpou os olhos e balançou a cabeça em negação.

— Mas Cristo continuou e completou sua missão, pois Ele estava olhando para a honra que o próprio Deus o daria. Hebreus 12:2 diz: Olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus.

— Poxa! Nunca havia pensando por esse lado. — Maria arrumou sua postura e ajeitou os óculos no rosto.

— Filha, por isso a bíblia nos manda fazer as coisas como para o Senhor e não para os homens. "Sabendo que recebereis do Senhor o galardão da herança, porque a Cristo, o Senhor, servis." Cl 3.24. — Marta tirou alguns fios de cabelo da face da menina. — Porque o Senhor vê e recompensa com justiça. Não é fácil abrir mão da nossa "justiça", mas entregue a Deus e faça o seu serviço para Ele. Ele viu. Ele sabe. E isso deve nos bastar.

Maria assentiu, sentindo refrigério em sua alma por conta daquelas palavras.

— Obrigada pelo conselho, Marta. Foi realmente um bálsamo.

— Disponha, querida! Agora lave seu rosto e vá continuar seus afazeres do dia.

Ela assentiu, sentindo os ânimos renovados.

*

Na sala de reunião, todos os assuntos sobre negócios estavam resolvidos. Então, Antônio declarou:

— É uma grande satisfação ver todos vocês aqui. Eu me lembro quando comecei esta empresa. Tudo era apenas uma sonho. Mas com a ajuda de Rogério Diaz, consegui tirar do papel e torná-lo concreto. — Ele olhou para os dois filhos do seu falecido amigo e sorriu. — E tenho certeza que ele ficaria muito alegre com tudo que construímos com tanto esforço e dedicação.

Marina se emocionou ao lembrar de seu pai. Ela limpou algumas lágrimas que se acumularam no canto dos olhos.

— Mas agora também já é tempo de nós descansarmos — ele segurou a mão da esposa ao lado. — Neste dia assinaremos os papéis para passarmos oficialmente a presidência da empresa ao meu filho, Miguel. Ele passou um mês em experiência e pudemos avaliar, como mostra os relatórios aqui, que tudo permanece seguro como o entreguei.

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