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Dois meses depois

Era o aniversário de Bento.

Maria amanheceu aquele dia com expectativa, seu melhor amigo faria mais um ano de vida e ela queria comemorar como em todos os anos. Mas tinha uma certeza: a comemoração não seria igual a de todos os anos. Basicamente eles saiam para passear e a noite se reuniam com a família para cantar os parabéns. Porém, naquele dia faria algo diferente. Então apressou em se arrumar para o trabalho, esse que agora se dividia em dois. Há um mês a Trésor, a empresa auxiliadora da Béni, foi criada e o andamento da coleção estava a mil por hora. Marta se desdobrava junto com Magnólia nas costuras; Paulina e Aretha estavam firmes na organização do Marketing da nova empresa de moda do mercado; Liz e Bento junto dela com as burocracias; e Miguel lidava com a Béni e todos os entraves que estavam tendo por naquela temporada não haver uma coleção nova, mas no fim tudo daria certo, tinha certeza. Principalmente agora que uma nova pista foi dada sobre a pessoa que estaria infiltrada na Béni por Raul. O fim daquela tribulação logo chegaria.

— Você sabia que as primeiras peças da Trésor já estão entrando em prova? — Paulina recebeu Maria na entrada da empresa.

— É mesmo? Mas tão rápido assim? — Maria perguntou meio incrédula.

— É sim. Esses dias eu fui lá para casa da Marta ajudar, acho que já posso me considerar meio costureira. — Paulina riu e olhou de um lado para o outro no cômodo como se estivesse procurando alguém.

— O que foi? — Maria quis saber o motivo da atitude da colega.

— Ah! Hoje eu trouxe o Paulinho para o trabalho. Eu sei que nem posso fazer isso, mas sinceramente não tinha com quem ele ficar em casa. — Ela suspirou.— Minha irmã precisou viajar para cuidar da minha mãe. Enfim, minha vida está meio que um caos.

Maria deu um sorriso condescendente. Ao longe conseguiu avistar os cabelos encaracolados de Paulinho que se escondia por algumas mesas.

— Acho que o encontrei — disse apontando para a mesa perto de Paola.

— Esse menino! — Paulina bufou.

— Ele é só uma criança. E parece ser bem feliz. — Paulina riu agradecida.

— Eu procuro fazer de tudo para que não sinta falta do pai, porém, acho que não consigo isso o tempo todo. — Paulina murchou os ombros observando o filho indo para a sua mesa de trabalho novamente, o menino parecia um rato.

— Desculpe se estiver sendo inconveniente, mas o que aconteceu com o pai do Paulinho? — Maria indagou.

— Ele foi um jovem da faculdade. Eu achava que ele me amava, mas é aquela típica história do menino garanhão que a gente acha que vai conseguir transformar. Na época, eu alimentava expectativa de que seria uma mulher especial na vida do homem que eu me relacionasse, mas não foi isso que aconteceu — a voz de Paulina ficou um pouco carregada no momento.

Maria nem conseguiu dizer nada, pois aquela história lhe fazia lembrar de uma que aconteceu no passado...

— Mas depois que ele conseguiu me ter fui largada e na minha primeira vez engravidei — Paulina interrompeu os pensamentos de Maria continuando a narração sobre seu passado errado. — Ele não quis assumir o filho, dizendo que era novo demais. Ele disse que nem sabia se o filho era dele mesmo, apesar de saber que foi o primeiro em minha vida. Eu fui tola demais.

— Esses homens que só sabem brincar com os sentimentos das mulheres são horríveis e mereciam uma punição! — Maria alterou o tom mais do que gostaria. Porém, Paulina meio que compartilhava do mesmo pensamento.

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