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Por volta das 10h numa manhã de sábado ensolarado, na fazenda da família Cavalcanti, começou a chegar carros com pessoas da empresa Béni. Toda a fazenda estava pronta para o evento, de pequeno porte, mas que seria um grande passo para Miguel ao expor sua irmã e também para Linda, se revelando ao mundo como uma artista.

Dos carros saíram, Aretha, Paulina e Paulinho, seu filho; Magnólia, Ramon; Anthony e seu pai Francisco; Liz e Bento; e alguns outros que foram convidados. Todos ficaram encantados e admirados pelo chefe ter os chamados para aquela comemoração tão inusitada. Porém, foram com grande satisfação.

Miguel os esperava na frente do celeiro. Lá estava com Linda e os seus avós. Uma mistura de agitação e calmaria percorria pelo seu ser. De certo modo, aquilo marcava um novo tempo em sua vida. Os visitantes se aproximaram e os olhares curiosos sobre Linda não podiam ser escondidos. Miguel levantou a mão e disse:

— Olá, pessoal, é um prazer ter vocês aqui. E, com toda a certeza, deve ser uma novidade e motivo de curiosidade essa convocação. Mas é mais um convite. — Ele sorriu. — Eu queria que nós celebrassemos a vitória da Béni e da Trésor, pois muitos de vocês trabalharam duro para isso...

Enquanto ele dizia isso, a face de cada um que tinha lutado para que aquela vitória acontecesse mostrava certa emoção. Alguns os olhos marejaram, outros sorriram e outros refletiam sobre suas ações.

— As lutas são difíceis, mas quando vencidas têm uma recompensa que não pode nos ser tiradas. Palmas para isso!

Todos ali bateram palmas e celebraram aquele momento. O gosto da vitória podia ser saboreado por cada um deles que vivenciaram aquela experiência ímpar.

— Eu os convoquei também para apresentá-los a minha irmã. — Ele trouxe Linda para seus braços e, com olhos gentis, os convidados a contemplaram. — Uma pessoa muito importante me ensinou que esconder suas lutas traz feridas maiores, mas expor suas limitações, ainda que não se encaixe no padrão do mundo, pode fazer tantos outros abrirem os olhos. Nos tornar mais amáveis e sensíveis.

Os convidados ouviam Miguel e sabiam no íntimo que ele se referia a Maria. Ela havia mesmo ensinado a todos eles que o valor de uma pessoa não estava na aparência. Afinal, boa parte da conquista deles com a empresa tinha sido do trabalho aplicado dela, sua perseverança e auxílio. Uma pessoa verdadeiramente íntegra podia fazer muita diferença.

— Eu agradeço porque fui ensinado a olhar lados que não via. E acredito que ensinou a todos nós. — Todos assentiram, algumas meninas do batalhão até lagrimaram. —  Por isso, eu apresento a vocês minha irmã, Linda Cavalcanti, e seu enorme talento artístico. — Então ele abriu a porta do celeiro e todas as telas estavam organizadas de modo a encherem os olhos de qualquer um, sendo tomados por aquela beleza artística.

— Uau! — O coro das vozes foi imediato.

As pessoas começaram a entrar no local e os flashes de fotos e conversas foram grandes. Linda foi muito elogiada e não cabia no peito da menina tamanha felicidade. Miguel fora parabenizado por tudo aquilo e seu coração só não exultava de maior felicidade porque desejava ter Maria ao seu lado. Como ansiava vê-la mais uma vez!

— Magnólia — ele chamou a jovem, enquanto essa andava com Ramon para dentro do celeiro. Ela se virou para ele —, onde está Marta? Esses dias não a tenho visto.

— Ah! Ela foi para nossa fazenda em Paraibuna. Pediu uns dias para seu Juan e ele concedeu. Parece ter recebido uma visita de fora que precisava de ajuda, algo assim — ela explicou. — Mas essa semana vai estar de volta.

— Tá certo. Obrigado! — Ele ponderou um pouco que podia ser um familiar, assim voltou sua atenção as demais pessoas.

***

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