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O nervosismo diante do chefe ficou aparente imediatamente através de sua rosácea, deixando as maçãs do seu rosto totalmente vermelhas. Ela arrumou os óculos e soltou uma risada sem graça.

— Bom, eu... É, bom... — Por mais que não quisesse ficava tropeçando nas palavras. E achou um momento nada legal para ficar gaga.

Ele arqueou uma sobrancelha, desconfiado.

— Eu me lembro de ter dado a você o relatório e, na reunião pela manhã, quem me parece com ele é a Paola. Você gostaria de me explicar sobre isso?

Maria arregalou os olhos. A sua mente procurava também responder aquela pergunta, mas nenhuma resposta que prestasse vinha à sua mente.

"Oh, meu Deus, porque o Senhor permite que eu sempre entre numa fria. Tenha dó de sua filha!". Ela replicou a Deus internamente.

— Sr. Miguel, eu... Eu fiz, mas...

— Miguel, onde você está? — a voz estridente de Marina ressoou pela sala da presidência.

Maria, ao ouvi-la, recolheu toda sua minúscula coragem de contar tudo que havia realmente acontecido.

— Ah, você está aí! — Marina colocou parte da corpo dentro da saleta que Maria trabalhava.

Miguel observou como sua assistente mordeu os lábios depois que viu Marina. Constatou então que alguma coisa havia acontecido e ele tiraria aquela história a limpo.

— Estou conversando com Maria. O que você deseja? — Ele virou-se para a mulher que mais parecia um carrapato no seu pé.

— Estão requerendo sua presença lá fora. Você não vem?

Ele assentiu com a cabeça. Sabia que não podia se afastar de todo o pessoal.

— Eu vou sim. — Fitou Maria novamente e declarou: — Conversaremos depois.

E partiu junto da mulher. Maria soltou um ar pesado que fez o cabelo do seu rosto voar pra cima.

Após todas as festividades e os funcionários voltarem as suas funções depois do almoço, Miguel chamou Paola para ir até a sua sala. A loira entrou com toda sua pose esnobe, crente de que receberia uma parabenização, por seu exímio trabalho com os relatórios.

— Oi, Mi... Sr. Miguel — ela disse sentando a frente dele. — Mandou me chamar?

— Sim, eu chamei. — Ele colocou o dedo polegar no queixo e mirou Paola, com atenção. Ela analisava as unhas, checando a sua aparência e aquela vaidade demais deixava-o enjoado, mas continuou: — Eu fiquei impressionado com o trabalho que você fez pela manhã.

— Ah, Miguel, aquilo não foi grande coisa. — Abanou a mão no ar.

— Mas sabe o que eu acho muito interessante? — Ele sorriu com graça.

— O que seria? — Ela colocou uma mecha de cabelo pra trás e apoiou o queixo em cima da mão aberta.

— Que este serviço eu tenha designado a Maria — Paola arregalou os olhos e engoliu em seco, tomando uma postura rígida. —  Como foi parar nas suas mãos?

— Ah, eu... — ela começou a gaguejar.  — Sabe como essas coisas, né? 

Miguel veio um pouco mais para frente e semicerrou os olhos.

— Não precisa me explicar, Paola.

A loira soltou o ar, achando que tinha sido convincente o suficiente. Ela era demais!

— Eu gostei tanto do seu serviço que resolvi lhe dar um diretamente agora.

De repente, ela teve um ataque de tosse e os seus olhos não podiam parar de piscar. O quê? Os nervos dela começaram a se agitar. Sim, ela podia quase infartar.

Tudo Outra VezOnde histórias criam vida. Descubra agora