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Maria engoliu em seco ao ver a cena que se desenrolava diante de seus olhos: um homem e uma mulher se beijando no sofá da sala da presidência.

— Mas o que é que está acontecendo aqui? — Maria deu um pulo ao ouvir um timbre grave atrás de si.

O casal de libertinos se separaram imediatamente ao som da voz alterada que ecoou dentro do ambiente.

"Isso não vai prestar", Maria pensou consigo mesma.

— Anthony, o que você pensa que está fazendo? — Miguel saiu de detrás de Maria. — Quem te deu a liberdade pra fazer isso dentro da minha sala?!

Anthony, o tal amigo de infância de Miguel e a mulher morena bonitona, se  arrumaram para tentar voltar a uma compostura.

— Eu vi que a porta estava aberta e é única sala localizada num lugar mais reservado — explicou Anthony, enquanto arrumava a gravata com um sorrisinho malicioso no rosto, olhando para a mulher que estava agarrando.

Miguel pegou a almofada e jogou nele, procurando com aquela ação não cumprir com o seu desejo original: socar a cara do amigo. Porém, antes de seguir com a conversa com o homem, dirigiu sua atenção a figura feminina ao lado daquela libertino.

— E você, quem é? — Miguel perguntou.

— Eu sou a modelo contratada para a nova campanha da empresa — respondeu a jovem mulher de cabelos cacheados e castanhos.

— Ahhh! — Miguel bateu palmas com sarcasmo. — E ao invés de está trabalhando, está aqui se agarrando! Que grande profissional você é. Parabéns mesmo! — Ele bateu mais palma, e a menina abaixou a cabeça e murchou os ombros. — O que sua agência vai fazer quando sua conduta profissional for repassada para eles?

— Por favor, Sr. Miguel, não diga nada! Eu ainda estou no início da carreira e algo assim poderia arruinar tudo de vez. — A modelo cruzou as mão em forma de súplica e pediu encarecidamente por uma chance de se redimir. Estava prestes a se ajoelhar.

— Se estivesse mesmo preocupada com sua carreira, não faria coisas tão irresponsáveis como essa — ele assegurou. — E vou logo te alertando que a imoralidade só vai botar a perder tudo que tentar conquistar. E principalmente com um desses aí. — Miguel mirou para Anthony e a menina acompanhou o olhar dele.

— Seu Miguel, me dê somente mais uma chance, por favor. — Ela apelou novamente. — Eu prometo que não vou mais fazer uma coisa dessa.

Miguel colocou as mãos na cintura e soltou o ar pesado de seus pulmões. De repente, meio que involuntário, olhou para Maria, que permanecia na mesma posição: parada, com as mãos cruzadas em frente ao corpo. Talvez buscasse no olhar dela alguma orientação. Ele conseguiu capitar naquele olhar, debaixo daqueles grandes óculos, um brilho de compaixão e acabou se decidindo.

— Todos tem o direito a uma segunda chance. — Ele ergueu o dedo indicador. — Você tem só mais uma!

— Prometo que não vou decepcionar. — A modelo sorriu e saiu da sala, seguindo rumo ao seu devido local de trabalho.

Anthony que permaneceu quieto até a menina ir embora. Ao vê-la partir, disse:

— Não se preocupe isso não vai se repetir. Eu nem gostei tanto assim dela.

Miguel arregalou os olhos injuriado com a fala de seu — agora já tinha suas dúvidas — amigo. Quando tinha se tornando um cafajeste daquela qualidade? Miguel sempre soube do lado mulherengo de Anthony e também sempre procurava aconselhá-lo de uma forma que o rapaz inconsequente pudesse mudar seu rumo na vida, mas parecia que a cada dia ele ficava pior. E  ele não queria expor mais aquela triste situação na frente de sua nova funcionária. Então, virou-se para a assistente ainda atrás de si e disse:

Tudo Outra VezOnde histórias criam vida. Descubra agora