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Na hora do almoço, todo o batalhão se reuniu no restaurante da empresa e, como de costume, compartilhando a comida entre si. E, para a surpresa geral, Maria e Bento se aproximaram também, causando alegria nas demais mulheres que, gentilmente, abriram espaços para os dois amigos sentarem.

— Olha que milagres acontecem! Enfim, a Maria se prestou a nos conceder sua companhia para o almoço — Magnólia comentou com a colher de comida quase na boca.

— É por que hoje tem um motivo especial, não é? — Paulina deu um sorrisinho.

— Ah! Que isso, meninas! Eu sempre almoçaria com vocês, mas é que o tempo e as atividades são sempre frenéticas. — Maria arrumou o óculos na face e sorriu.

— Humm! A gente finge que que acredita — Aretha falou, cutucando Paulina ao lado. — E, você, Bento gostou daqui? Vai ficar trabalhando a quanto tempo?

Bento estava calado até então e Liz ao lado dele também não dizia uma palavra, porém, após ser interrogado respondeu:

— É um bom lugar. Diferente da empresa que eu trabalho, mas conta como uma nova experiência.

— Você podia matar minha curiosidade e contar do porquê está aqui? — Magnólia perguntou com os olhos brilhando de expectativa.

— Desculpa, mas não posso. O trabalho requer certa privacidade. — Ele bebeu um copo de água em seguida.

— Vocês, homens, sempre com esses segredos. — Aretha revirou os olhos. — Racinha difícil!

Bento deu um sorriso e falou:

— Tem que ser difícil e dura mesmo para poder suportar o peso da responsabilidade que Deus colocou em nossas costas.

Todas as mulheres olharam para ele e Marta até bateu palmas.

— É isso mesmo, Bento. Não ligue para o preconceito da Aretha com os homens. Se bem que a gente já conversou sobre isso, não é? — Marta dirigiu o olhar a ruiva de óculos.

— Não tenho preconceito com homens. Só acho que a gente, mulher, é bem capaz de fazer tudo e mais um pouco!

— É, para depois está sofrendo com um peso de uma carga que não é sua. — Bento replicou. — Poder fazer não significa que deve e nem que é sábio. Como já disse o apóstolo Paulo: Tudo me é lícito, mas nem tudo me convém!

Aretha bufou! E nesta hora o coração de Liz se aqueceu por inteiro. Ela havia passado parte da manhã trabalhando com o Bento, sem muitas conversas paralelas, mas sabia nas atitudes dele que era um homem com qualidades difíceis de achar.

— Pois é! Eu aceito minha função de mulher e só quero ela. Não preciso da responsabilidade de outro, não. — Paulina participou da conversa. — Quando estava no mundão e tinha esses mesmos pensamentos acabei me envolvendo com um homem aí, simplesmente, porque achava que podia tudo. Veja só, agora sou sozinha e com um filho para criar, sendo pai e mãe. Com muito custo, tive meu orgulho quebrado.

— O bom é que Deus sempre nos ensina — Marta falou e tocou na mão de Paulina.

— Vocês sempre com esses papos de que mulher tem uma função ou um dever. Por que não podemos usar tudo aquilo que somos para fazermos o que quisermos?

— A gente pode fazer tudo o que estar ao nosso alcance, Aretha, mas isso será muito mais benéfico se fizermos dentro daquilo que Deus nos deu. Do que adentrando áreas que ele não nos chamou. Podemos ser excelentes e abençoar o mundo, sendo a melhor mulher e cumprindo da melhor forma nossa função — Maria respondeu com sabedoria.

— O mundo é mentiroso, Aretha. Ele tem destruído mulheres as tirando do modelo que Deus nos deu, dizendo que esse molde não é bom e a colocando em um que não é verdadeiro, e muitas têm sido destruídas nesse caminho de auto insuficiência. — Magnólia largou até sua colher para falar. — Você precisa confiar que o que Deus planejou é o melhor.

Aretha era cabeça dura demais para admitir aquilo. Mas resolveu não falar mais nada, por enquanto. Então todo mundo acabou voltando só para a comida, até que Maria resolveu compartilhar algo sobre a condição da Béni para as meninas que ficaram incrédulas quando ouviram a condição econômica. Não entrou em detalhes, mas foi o suficiente para todas entenderem a situação.

— O que acontecerá com todas nós, então? — Magnólia tinha uma expressão espantada.

— Eu não sei. — Maria deu de ombros. — Mas precisamos fazer alguma coisa para ajudar seu Miguel. Por isso contei a vocês. Eu sei que gostam daqui e estão dispostas a ajudar.

— É claro, minha querida. — Marta sorriu com condescendência. — Mas não há nada a ser feito?

— A única opção seria fazermos uma coleção com tecidos mais baratos e vendermos para o mercado popular. Assim poderíamos recuperar o dinheiro, mas os acionistas da Béni se negam terminantemente. — Maria murchou. — Eles querem tirar leite de pedra.

— Seria muito complicado, de verdade. A marca da Béni sempre foi para roupas caras e corte fino. Ver o nome exposto em qualquer loja do mercadão não seria nada bom para a empresa, talvez nunca mais recuperaríamos o prestígio. — Aretha, de certa forma, apoiou os acionistas, fazendo Maria compreender mesmo o sério problema do porque não "manchar" a marca.

— Meu Deus! E o que poderíamos fazer agora?

Um silêncio repousou sobre todos como um manto por uns minutos, até que Liz falou:

— Se uma outra empresa pudesse fazer isso e dar o dinheiro do lucro para a Béni seria mais fácil.

Todo mundo olhou para a menina e ficou sem entender o que de fato ela queria dizer.

— Não tem condições porque...

— É uma ideia brilhante! — Bento interrompeu a fala de Maria. — Uma nova empresa poderia ser criada pela Béni. Assim, no nome dessa nova empresa se faria a coleção popular, venderia para os mercados e o dinheiro que arrecadasse seria devolvido para o caixa da Béni.

— Isso! E a Béni ainda poderia faturar com dois viés de moda. Um mais caro e outro mais barato! — Paulina concluiu o pensamento e uma esperança pareceu brotar no coração de todo mundo ali.

— Precisamos contar isso para o Sr. Miguel! — Maria disse com empolgação.

***
Gente, que semanas intensas que eu tive, por isso sumi. Esse é um capítulo e ainda nesta semana vem o outro.

Tudo Outra VezOnde histórias criam vida. Descubra agora