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O relógio batia às 19h em ponto quando Maria chegou em casa. Aquele primeiro dia de trabalho fora tenso. Nunca pensou que ganharia boas possíveis amizades, como as meninas do batalhão, e também inimigas como Paola e Marina, sendo tudo isso num único dia. Ainda podia se lembrar do desejo violento da mulher falando para o seu chefe os vários motivos pelos quais ela não deveria trabalhar lá, contudo, se sentiu agradecida quando ouviu a defesa do Sr. Miguel ao seu favor. Ela falou com Deus brevemente:

"Misericórdia, Deus! Como tu aguenta esse povo na terra? Ainda bem que não sou o Senhor senão já teria estalado os dedos e aniquilados nós tudo!".

Ao fim de tudo isso estava cansada,  mas com o coração alegre por ter conseguido um emprego.

— Minha filha, enfim você chegou! A janta está quase pronta — Dona Bete declarou, recebendo Maria na entrada e logo lhe depositando um beijinho no rosto. — E como foi seu primeiro dia de trabalho?

— Bem agitado — Maria respondeu, enquanto deixava a sua bolsa no cabide perto da porta. E seguiu para ajudar a mãe, arrumando a mesa. — Mas eu creio que será um local de grandes aprendizados.

— A minha melhor amiga arranjou um emprego e nem me contou nada. — De repente, Maria ouviu de Bento, seu grande amigo desde o ensino médio.

Bento tinha 24 anos e morava numa rua depois da casa de Maria. Os dois se conheceram na cantina da escola. Eles eram crentes e deslocados. Começaram a se falar quando ela tava comprando lanche, ele chegou para comprar o seu e acabaram escolhendo a mesma coisa, então Bento acabou puxando assunto. Desde lá viram que tinham um monte de coisa em comum. Por exemplo, gostavam muito de super heróis, preferido de Maria era o Homem-Aranha;  Amavam (ainda amam) ir em parques de diversões, adoram jujubas e participam da mesma igreja. 

— E o que você faz aqui? — Maria estreitou o olhar pra ele.

— Você sabe que eu não despenso a lasanha de sua mãe. — Ele se juntou a ela e terminou de colocar os copos na mesa.

— E o que estava fazendo? — Maria indagou.

— Ajudando o Joaquim com o exercício de matemática — ele respondeu.

Se tinha uma coisa em que Bento era muito bom: era os números. Sendo isso, um dos objetos de admiração de Maria em relação ao amigo. Após terminarem o pequeno serviço, caminharam para sala. O Sr. Evaristo, pai de Maria, se encontrava atento ao noticiário. A filha lhe pediu a benção e, antes de conversar com o colega, contou ao seu genitor sobre como fora o seu dia. Logo depois, se sentou no sofá ao lado de Bento.

— E então que trabalho é esse? — ele questionou, enquanto brincava com uma bola de gude na mão.

Maria contou tudo que havia acontecido até chegar naquele momento. Bento escutou tudo com atenção e até mesmo se surpreendeu com as descrições de como a amiga fora insultada por uma das diretoras da empresa.

— Parece que a inimizade rola solta por lá, não é? — ele declarou, cruzando os braços.

— Sim! O negócio não é nada fácil. Só os fortes sobrevivem — Maria mostrou o pequeno muque de seu braço, Bento riu. — Mas ainda bem que eu tenho um bom chefe. Ele me defendeu!

— Para ser um homem que oferece um emprego para uma desconhecida e lhe entrega a agenda pessoal ou ele é bom mesmo, ou não gira muito bem do juízo.— Bento zombou e Maria lhe deu um leve empurrão.

— Não fale mal do Sr. Miguel — ela ordenou. — Deus o usou para me abençoar.

— Não direi nem mais uma palavra. — Ele ergueu as duas mãos para cima se redendo.

Tudo Outra VezOnde histórias criam vida. Descubra agora