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Maria se via, de certo modo, encantada com todo aquele vai e vem de pessoas. Era um lugar bastante agitado e, pela sua decoração, também muito sofisticado. A empresa Béni era conhecida pelas suas peças que combinavam elegância e conforto através de tecidos leves e coleções exuberantes. Enquanto admirava os aspectos da empresa, uma voz aguda foi ouvida bem perto dela.

- Miguel, enfim você chegou! - Maria virou para ver quem era aquela que já tinha acabado de dar uma reprimida em seu mais novo e (único que já teve na vida) chefe.

- Eu tive um contratempo, Marina - Miguel respondeu, mas não dispôs muito de sua atenção para a mulher, pois logo depois virou-se para Maria e disse: - Vou pedir para que alguém lhe leve ao recursos humanos para ver a documentação de sua contratação.

- O quê?! - a voz aguda da mulher subiu uma oitava.

Miguel bufou. O chefe de Maria parecia mesmo está um tiko estressado.

- Qual o problema dessa vez, Marina? - ele perguntou.

- Precisamos conversar - ela respondeu e ao mirar Maria completou: - a sós.

- Você fica aqui e depois conversamos para acertar as coisas. Tudo bem? - ele declarou e Maria apenas assentiu.

Eles partiram e entraram na sala da presidência. Era um lugar muito bonito. Possuía uma grande mesa ao centro e atrás uma parede de vidro, podendo se contemplar a qualquer instante o cenário moderno da cidade, até dava para num fim de tarde se sentar e assistir o pôr do sol, enquanto se tomasse um cházinho. Tinha também um sofá a direita, duas cadeiras a frente da mesa, alguns armários e uma pintura acinzentada com branco, dando um ar mais metalizado ao espaço.

- Miguel, o que você pensa que está fazendo? - Marina foi rápida em perguntar.

- Sobre o quê? - Ele arqueou a sobrancelha e sentou-se na cadeira atrás da mesa.

- Como vai contratar aquela menina? Perdeu o juízo durante a noite?

- Não estou entendendo. - Ele descansou as costas no encosto da cadeira e suspirou. - Ela é um ser humano normal, como todos nós, e ainda possui uma boa formação. Além do quê, eu preciso urgentemente de uma boa secretária.

- Mas eu disse que tinha uma amiga pra te indicar! - Marina se sentou a frente dele. - Ela é uma mulher também com estudo e...

Miguel contraiu o cenho, querendo saber o que viria depois.

- E bonita!

Ele bufou.

- E o que você acha que seus pais vão achar dessa decisão de contratar uma pessoa com essa aparência? - Ela semicerrou os olhos e cruzou os braços.

Marina sabia como era os pais de Miguel e os usava muitas vezes a seu favor para conseguir algo com o filho. Peçonhenta!

- Meus pais sabem que não ligo para essas coisas. E eu não devo jugar as pessoas pela aparência, Marina. É errado.

- Você pode ter esse pensamento, mas não é assim com os outros. E elas irão julgá-lo por causa disso - Marina retrucou, sabendo que não seria fácil convencê-lo.

- E desde quando ligo para o que as pessoas pensam. A mente humana é uma fábrica de maldade. - Ele cruzou os braços no peito. Já estava ficando cansado daquela conversa.

- Tudo bem! Mas se perdemos cliente por sua culpa, saiba que todos nós seremos prejudicados. E quero ver o seu sentimento de bom samaritano quando, por uma falta de juízo, as outras famílias perderem seu emprego por não haver mais entradas de pedido.

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