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Maria sentiu como se sua alma tivesse saído do corpo com aquela notícia. Pelas barbas do profeta! Como seu pai estava indo para o hospital? Ele se encontrava tão bem quando ela saiu de casa. O canto dos seus olhos se encheram de lágrimas, e ainda bem que o horário do trabalho estava quase no fim, então ela falou:

— Sr. Miguel, eu preciso mesmo sair agora. — Sua voz exalava o desespero, e o chefe acabou se preocupando.

— Aconteceu alguma coisa? — ele perguntou, vendo claramente a perturbação no rosto da sua assistente.

— Meu pai... Meu pai... — ela começou a falar e a caminhar ao mesmo para sua sala, sendo que Miguel seguiu no seu encalço.

— Maria? Maria? — ele indagava atrás dela.

— Sr. Miguel — ela se virou para ele com os olhos vermelhos —, meu pai foi para o hospital e eu ainda não sei direito o que aconteceu. Somente que minha família precisa de mim agora — sua fala foi arrastada e embargada.

— É claro! Vamos, eu te levo! — ele disse rápido, e Maria achou que não entendeu muito bem.

— Eu vou pegar um Uber, Sr. Miguel!

— Não, vai demorar até ele chegar aqui. Eu levo você até lá. Pegue suas coisas, eu só vou buscar minha carteira — Miguel ordenou e não deu chance de Maria dizer ao contrário. Ela então obedeceu sem questionar mais.

Os dois foram cortando caminho pela recepção da empresa e, antes de poderem chegar ao elevador, encontraram Marina, que assim que viu Miguel, falou:

— Miguel, eu queria mesmo falar com você — ela declarou, ignorando totalmente a presença de Maria ao lado do presidente. — Queria que você me acompanhasse numa compra, é para a empresa.

— Eu não posso, Marina. Você sabe o que é necessário, não precisa de minha ajuda. — Ele não parou para lhe dar atenção, apenas respondeu andando e ela se esforçava para acompanhá-lo.

— Mas por quê? Essa empresa é sua, sabia? Deveria querer saber de tudo que acontece aqui.

— Tenho motivos para desconfiar de sua honestidade para com a Béni? — Ele franziu o cenho para ela enquanto parava em frente do elevador, apertando apressadamente o botão.

— Não mesmo! — Marina exclamou elevando a voz umas duas oitavas. — Mas eu pensei que seria bom ter você lá. A gente podia até comer alguma coisa naquele Café que você gosta muito. Se lembra quando nós...

— Desculpa, eu tenho que ir. Vamos, Maria. — Ele conduziu a sua assistente para o elevador, e Marina ficou totalmente perturbada por aquela atitude tão indiferente com ela e com a "feia" uma certa gentileza.

O que estava acontecendo ali?

— Miguel, onde você vai? — a diretora de marketing indagou irritada e, sem ela se dar conta, a porta do elevador se fechou, fazendo-a ferver de raiva, deixando seu rosto vermelho pelo calor da ira que a invadia.

Ódio! Era um ódio mortal por aquela Maria! Sempre aquela mulher se intrometendo no seu caminho! Estava ficando cansada daquilo!

*

Durante o caminho Maria não falou nada, e Miguel percebeu a extrema aflição de sua assistente no tanto que ela esfregava uma mão na outra. Ele se condoeu mais por saber que não podia fazer muita coisa, apenas continuou dirigindo o máximo que pôde. Ele parou na frente de um portão de ferro, ela agradeceu rápido e saiu do carro apressada. Miguel simplesmente não conseguiria ir embora em paz sem antes saber o que realmente havia acontecido e no que ele poderia ajudar. Então, saiu também do veículo e foi atrás dela, a encontrando procurando a chave da casa na bolsa, pois, por algum motivo que não entendia, aquela porta estava trancada, já que Joaquim não tinha ido para a emergência, e ela se condenou por não ter perguntado qual era o hospital a fim de ir direto para lá.

Tudo Outra VezOnde histórias criam vida. Descubra agora